segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um editorial





Um editorial

Marcos Bayer

O Diário Catarinense, jornal do Grupo de Comunicação RBS, num surto de espírito privado e atento aos ensinamentos do católico John Fitzgerald Kennedy convida seus leitores a participarem da elaboração de seu editorial de final de ano.
Baseado na pergunta do presidente norte americano, “Não pergunte o que a América pode fazer por você, mas o que você pode fazer pela América”, a intenção de ambos, a pergunta e o editorial, é diluir a responsabilidade pela construção de uma nação.
Então eu digo, como grupo de comunicação, é preciso dar oportunidades aos novos talentos que surgem na política, nos esportes, nas artes e no jornalismo.
Como pode ter em seu principal colunista político, um empregado de tribunal público, cujo ingresso ocorreu em troca da liberdade de expressão, em 1979?
Como podem dar voz, imagem e razão aos novos ventríloquos políticos, cuja ação e opinião são invariavelmente mentirosas?
Como podem aceitar auxílio financeiro do governo em curso para shows de artistas internacionais e de desfiles de moda?
Como podem noticiar a inverdade de que a viagem à banca internacional em New York resultará em efetiva economia?
Como podem veicular um programa de obras de R$ 7 bilhões de reais que ainda não aconteceu?
Como podem aceitar participar da verba anual de publicidade no valor de R$ 109 milhões, enquanto hospitais e escolas vivem na sucata?
Como podem estampar nas colunas sociais, risonhos e de copo nas mãos, parentes dos principais anunciantes? O que eles têm a dizer para a comunidade que lhes compra seus produtos?
Por que o jornal não publica opiniões dos que fazem parte da comunidade em que ele circula?
Por que o jornal não denúncia a parte podre do poder?
A isenção tributária, garantida constitucionalmente, já não é o suficiente?
Uma empresa de comunicação é também responsável na construção de idiotas com função social ou de pessoas capazes que organizarão, politicamente, a cidade, o estado e o país onde vivem...
Se não souberem como fazer, deem menos espaços aos ladrões, aos cínicos e aos hipócritas de plantão. Já é um bom começo...

domingo, 30 de dezembro de 2012

sábado, 22 de dezembro de 2012

A China tropical





A China tropical

Marcos Bayer

A belíssima jogada da Assembleia Legislativa, num prazo relâmpago, dilatando o valor do auxílio moradia para seus deputados e outras classes do serviço público, expõe uma face da grande mentira nacional: a isonomia entre os que trabalham na administração pública.
Primeiro, professores, médicos e policiais não podem valer menos do que deputados, promotores, juízes e equivalentes.
Segundo, afora as diferenças gritantes entre classes, os negócios paralelos são feitos pelos mais bem remunerados. Na cúpula dos poderes são decididas ou autorizadas as falcatruas. Seja na construção ou reforma de suas sedes, na aquisição de mobiliário e ou materiais, nas obras públicas em geral e no abastecimento interno dos diferentes órgãos. É muita coisa para o MP cuidar e quando ele se beneficia deste tipo de regalia, a auxílio moradia, ele se iguala aos outros. Ora, o auxílio moradia, quando muito, deveria ser requerido nos casos de transferência de domicilio em razão de compromisso funcional. Aplicar-se-ia aos juízes até que fixassem residência, aos promotores e aos delegados. Uma remuneração temporária, 90 dias, enquanto o interessado encontra nova residência.
E se o professor, médico, bombeiro ou policial for transferido de cidade, como é que fica? Nada de auxílio?
Existe suporte moral no argumento de quem ganha mais de 40 salários mínimos e ainda precisa de auxílio moradia?
A nota da Associação Comercial e Industrial de Chapecó falando de dois Estados no Brasil, um que se auto alimenta e outro que trabalha para aquele. E, a manifestação da Associação Catarinense de Medicina, pedindo intervenção em Santa Catarina, mostra a que ponto nós chegamos.
O serviço público brasileiro, mesmo com o concurso de ingresso, caminha para um mandarinato. Os baixos salários são resolvidos pela tercerização. Os mais altos pelo concurso. Depois, um pool de regalias.
E, ainda assim, vivemos uma sucessão de fraudes. Diariamente os jornais mostram, em rede nacional, como elas acontecem. Os que ocupam cargos comissionados calam, consentem e se prostituem quando necessário à manutenção da posição ocupada.  No ensaio “The diseases of the Organization” onde o caráter é comparado a uma gota d’água que suporta sua integridade por uma força chamada tensão superficial que se rompe quando a pressão atinge determinada gradação, facilmente se observa o argumento.
Recentemente vimos o golpe da Autopista Litoral Sul, subsidiaria de um grupo espanhol, que faturou na cobrança do pedágio por mais de quatro anos e não construiu a alça viária na grande Florianópolis. Vimos também as denúncias do deputado Jailson Lima sobre o Tribunal de Contas, seu novo prédio, seus cursos, seus móveis e seus aditivos.
E assim são formadas novas gerações, uma parte na seriedade dos concursos e outra na “marmelada” já instalada.
A melhora virá pela fixação de uma diferença máxima entre o menor salário e o maior.
Dez vezes por exemplo. Se o Estado pagar R$ 25 mil para uma classe, deverá pagar R$ 2,5 mil na mesma estrutura, para a outra classe. Se não couber no Orçamento, então tem que baixar os salários de cima.
Isto aconteceria pela via legislativa, quando nossos parlamentares votassem pelos servidores em geral e não pelos do círculo fechado.
Até lá, ainda veremos auxílio moradia, auxílio hotel, auxílio motel e auxílio Carnaval.
A China demorou séculos, mas está conseguindo sair do mandarinato para uma organização mais flexível.
Antes morriam sem esperanças. Agora morrem acreditando no mercado...






quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

The concrete Christ






The concrete Christ
Marcos Bayer

Na epopeia humana baseada sobre a água, o trigo e o sangue; chegamos até aqui por causa de duas simples atitudes: solidariedade e cooperação. Eu caçava para que ela pudesse preparar nossa comida. Minha dor era dissipada pela tua companhia. Tua sede saciada pelo gesto de outrem. Juntos, suportávamos os medos dos animais desconhecidos. Lutávamos contra eles. Todos os venenos eram menos letais quando o grupo ajudava na cura. E assim, passo a passo, palavra por palavra, negócio por negócio, fez- se a Humanidade.

O Cristo, real ou imaginário, de carne e osso, apareceu num determinado momento histórico para realçar a chave da sobrevivência: solidariedade e cooperação.

Foi marco, foi norma, foi ensinamento. E mesmo assim, sucumbiu ao seu entorno.
Traído, crucificado, morto e ressuscitado.

De lá pra cá uma aceleração fantástica na evolução do homem.

Os espetáculos do sol poente e da lua cheia são substituídos por efeitos da cinematografia moderna. A Odysséia de Ulysses é substituída pelos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, em duas noites. 

Desde 1957, quando os russos deram a volta na Terra, numa espaçonave, os ponteiros dos segundos dos relógios adquirem outro valor. O valor que não tinham...  Tudo passa a ser cronometrado...

O belo é confundido com o novo. De certa forma faz sentido. Mas, o belo é permanente. 
Não pode haver espetáculo mais colorido do que a florada amarela dos garapuvus de Florianópolis, em novembro.
Nem as águas do mar da Joaquina e do Campeche, azuis, depois do vento sul. 
Nem a arrevoada de gaivotas da pesca da tainha, em junho.

Tudo isto e muito mais está sendo substituído por novas bocas, batons vermelhos e perlage nas taças. As bocas de outrora já não valem mais, não são carnudas... A perlage das ondas do mar cristalino ainda existe em poucas praias... Raras praias...

Parece dezembro de um sonho dourado, na fotografia estamos felizes...

A sociedade do século XXI vive uma crise de opção fundamental. Ou se reorienta sob os valores da cooperação e da solidariedade e alça novos voos como no Renascimento Italiano ou se materializa na impessoalidade e afunda em águas turvas...

Só um Cristo de concreto para suportar...




sábado, 1 de dezembro de 2012

Sem políticos...




Sem políticos...
Marcos Bayer

O prefeito eleito da capital, César Souza Junior, vinha muito bem enquanto calado...
Aí declarou que na sua administração não haverá políticos. Só técnicos - gente focada - explicou ele.
É compreensível a ojeriza do jovem prefeito pela classe política. A sua classe, aliás.
Primeiro não viveu momentos da grandeza política de Santa Catarina. Talvez pouco se interesse sobre a política mundial. Ao invés da Disneylândia poderia ter ido a Westminster. Só para visitar...
Segundo, ele é fruto de uma escola de animadores de auditório de televisão, onde a desgraça humana era amainada por pernas de prótese ou cadeiras de rodas em frente à sofrida, explorada e enganada população catarinense. Um gesto até compreensível, não fossem os carnets de pagamento da felicidade da casa própria, no melhor estilo Silvio Santos.
A política, na sua cabeça, deve ser uma atividade muito estranha... Quase perdulária.
Depois como secretário de turismo, esporte e cultura, passou a ser um liberador de verbas governamentais para eventos variados... Aí teve outro choque: liberar dinheiro em troca do que?
Pegou um rabo de foguete de seu antecessor, foi obrigado a terminar obras de estruturas duvidosas e entregou ao povo um complexo cultural pra lá de superfaturado. De novo, assustou-se com a política...
Depois, como tem curso superior, pensou: meu partido é o PSD, que foi DEM, que foi PFL, que foi PDS, que foi Arena, que foi UDN...
Agora, vamos apoiar a Dilma do PT. Fomos criados para isto...
Aí, o prefeito pira com a política e tenta se afastar dela e dos políticos.
Seria mais produtivo, correto e saneador, considerando sua juventude, dizer: Vou me cercar de bons políticos e restaurar a política...
Seu primeiro teste, técnico e focado, será a Ponta do Coral.
A escolha entre um Parque da Cidade ou um aterro que será doado aos proprietários para a construção de um hotel. Um presente da prefeitura que valerá R$ 70 milhões em terra nova ou acréscimos de marinha.
Nesta decisão saberemos se a cidade tem um político à sua altura ou apenas o tecnocrata focado nos interesses privados de terceiros...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Apollo Theather in Harlem - NYC

http://youtu.be/Lus8OTnLo7w




OAB - SC 2012




Por que as eleições na OAB são tão importantes? Porque a Ordem representa uma classe, os advogados, na sua grande maioria autônomos. Advogados vivem e são por natureza homens livres. Não são subordinados senão às suas consciências. Advogados lutam pela justiça, pela democracia, pela igualdade entre os homens.
Advogados podem fazer a diferença, como fez Fernando Carioni, então presidente da OAB/SC,
 iniciando movimento contra Paulo Afonso Vieira o governador das letras. Movimento que levou Esperidião Amin a obter o resultado mais estrondoso da história de SC, nas urnas, em 1998 contra o citado governador. Advogados podem fazer a diferença quando juntos criam qualquer movimento político e social.
Advogados farão a diferença nas eleições de 2014 se a classe política estiver unida num polo contra o povo catarinense no outro. Tullo Cavallazzi tem, entre outras, esta brutal responsabilidade.
Mesmo com os advogados que compram petições dos promotores, mesmo com os advogados que fazem acordos contra seus próprios clientes, mesmo com os advogados que pedem vistas aos documentos incriminatórios até que passem as eleições, mesmo assim, são os advogados que gritam diante das injustiças da sociedade humana...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O bicho da seda


O bicho da seda
Marcos Bayer

Quando John Maynard Keynes auxiliou o governador de New York, Franklin Delano Roosevelt, na sua pretensão à Casa Branca, em 1932, ele estava ajudando a salvar o sistema capitalista, a conter o regime comunista na URSS e a criar as bases de um sistema, social democrático, o mais perfeito até hoje na experiência humana, adotado na Europa pós-guerra. Pela via tributária fazem-se as correções entre pobres e ricos, limitam-se as diferenças entre o máximo e o mínimo salário pago pelo poder público e mantém-se o equilíbrio da atividade econômica.
Era a seda do tecido econômico. Suave, leve, lisa e solta...
Aí, claro, veio o bicho. Gente que não sabia produzir no sistema econômico convencional, gente menos apta, gente inescrupulosa.
O Estado, afora exceções, em especial na América Latina, serviu de deposito para todas as incompetências e oportunismos. Os liberais, e não estou falando de partido político, encontraram no Estado a fonte da fortuna.
Negociar com o Estado, seja no fornecimento de água mineral ou de petróleo prospectado é uma dádiva. Invariavelmente o Estado corrompido por seus agentes políticos faz enriquecer terceiros interessados.
Este Estado tão combatido, chamado de inoperante, gorduroso e ineficaz é a vaca sagrada de muita gente. Gente grande e gente pequena...
Vamos assistir em futuro breve, a mais uma garfada contra o Estado.
A empresa HANTEI anunciou durante o período eleitoral, numa audiência pública, conduzida pela FATMA, sua intenção em construir o HOTEL MARINA PONTA DO CORAL.
Como a área existente só tem 15 mil m2 propôs-se a construção de um aterro de mais 35 mil m2, sobre as águas sujas da Beira Mar Norte, anexando uma a outra. Só para saber, 35 mil m2 de terras ali naquela região, valem R$ 70 milhões de reais.
Então, o Estado dará de presente R$ 70 milhões para os donos do Hotel.
Só que agora, através do jornalista Cacau Meneses – DC, tomamos conhecimento de que o interessado no hotel é um grupo estrangeiro, e que desde a campanha eleitoral recente, o governador tinha conhecimento do fato.
Possivelmente a HANTEI apenas faz a intermediação entre os donos da Ponta do Coral (com 15 mil m2 de terras), os promotores da obra do aterro de 35 mil m2 sobre o mar e o licenciamento perante a burocracia estatal.
Ora, ninguém é contra um ou dois hotéis. O que se deve esclarecer é que através do Estado, alguém pretende aterrar mar, doar a um terceiro interessado, viabilizar terra existente e escassa e fazer lucro...
A desculpa de que haverá área pública é vazia. O Estado pode indenizar a área existente pelo preço de mercado e fazer suas praças e outros tantos equipamentos exatamente como prevê a HANTEI. Ou até melhor...
Quanto aos grupos estrangeiros que venham e comprem terrenos onde encontrarem e construam seus hotéis. Que gerem empregos e paguem tributos.
Agora, fazer fortuna sobre o mar sujo não parece correto.
O governador e o próximo prefeito devem aos cidadãos uma explicação.
Ou então, voltamos à velha história do bicho da seda...



sábado, 10 de novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Canção de amor para uma mulher




De Frankfurt até São Paulo demoram 12 horas, meio dia
A lua é cheia - full moon shine
Stars all over the sky

Devo estar sobrevoando Marbella ou Gilbraltar
Tenerife ou Dakar
Pouco importa estou no ar...



Me lembro que tu acreditaste no menino dos olhos verdes
Cheios de magia



No "advogado" que te esperava em Los Angeles...
Ávido, reto, teso, duro
e feliz até "lacrimar"...



Bebi todos os teus líquidos na tua taça negra e macia
Teu sangue atravessou minha garganta
Tua flor cereja eu vi, cheirei e toquei
Em todos os bouganvilleas de Tokyo, Torremolinos, Venice ou Tijucas



Vários plantei contigo na Lagoa da Conceição
Foi aí então que te amei
Escutando "travessia"
Nadando n'água fria
Para sentir teu corpo quente no milharal



Quando meu corpo não tinha mais nenhuma gota para ejacular
Eu dormia no teu ventre
O sono azul sideral
Viajando para um lugar desconhecido, ainda
Mas que eu sabia, existia



Quando acordava, ao meu lado
Teu corpo inerte, majestoso e nú
E tão primitivo quanto o de uma índia, bronzeada e arteira
Correndo na espuma d'água sorvida pela areia das praias dos mares do sul
Sempre faceira



Muito vivi



Sempre aprendi



Tudo experimentei



Também errei, ou acertei. Não sei...



Vivi a intensidade dos vícios, do ato sem maldade, até com frutos, pedaços de mim



Tu és minha referência, não meu limite



Tu és meu porto, meu eterno convite
Para uma festa de amor
Onde só eu sou teu ouvinte...


Outras Opiniões, págs. 35 e 36 - Canção de amor para uma mulher - 2002.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Para a Santa Ceia





Para a Santa Ceia
Marcos Bayer

Aparentemente foi um ótimo resultado para a cidade de Joinville. Udo Dohler é empresário consolidado na cidade, tem representatividade diplomática em relação aos alemães, ainda que honorária e abraça causas comunitárias.
Para Santa Catarina, um péssimo resultado. Luiz Henrique fortalece sua tese de tríplice aliança, com uma pequena modificação: a inclusão do PT.
Colombo, o governador, assistiu a apuração dos votos na casa de Jorge Bornhausen.
A ministra Ideli Salvati está desesperada por um mandato. Preferencialmente senatorial.
Udo Dohler é o novo dizem os comentaristas políticos catarinenses.
Se o novo tem setenta anos, nunca foi político, é apoiado por LHS e disputa a primeira eleição, já vitoriosa, eu me pergunto: o que é o velho?
Assim, meus caros e baratos eleitores, em 2014, parece que teremos o PT da Dilma/Ideli, o PMDB do LHS/Udo/Eduardo Pinho/Paulo Afonso e o PSD de JKB/Colombo/César Souza, todos juntos e uníssonos em busca do poder.
A política agora é isto: business. A democracia é uma festa de adesão.
O Dário Berger dançou porque estava “comendo” além da cota.
LHS queria duas pernas: uma na Capital e outra na Manchester. E aí, também não podia. Era muita coisa dentro do acordão. Este é o sentido da frase de Colombo: “Procurei ser discreto”. Ou seja, cada um fica com sua fatia...
Os marketeiros são os novos atores. Ganham fortunas de aproximadamente R$ 25 milhões num governo vencedor, sendo que 30% podem ser considerados lucro líquido.
Dizem como pentear os cabelos, quando sorrir ou chorar, e qual a cor da camisa dos candidatos. Sempre encontram uma mulher pobre que chora ou um velho que se emociona. Dizem que mostrar a verdade é baixaria. E dizem até quem deve ou não aparecer nos vídeos que vão ao ar. Os candidatos só têm pré - nome: César, Gean, Ângela, Udo, Elizeu ou Napoleão.
Em 2014 vamos ver na TV, no mesmo programa, a Ideli do PT dizer: “A Dilma merece nosso voto”, o LHS do PMDB dirá: “Dilma e Ideli, duas guerreiras fundamentais”, o Colombo, governador do PSD, dirá: “As pessoas em primeiro lugar”, começando pelo LHS, pelo Eduardo Pinho Moreira, pela Ideli e pela Dilma.
O Paulo Bauer do PSDB, senador, deverá estar ao lado do Aécio Neves. Isolado?
O casal Amin ainda não se sabe para onde irá.
O Paulo Maluf está fechado com o Lula e a Dilma.
Será a campanha do povo contra a classe política.
O Jorge Bornhausen assistirá pela TV e pensará: Deu certo, estamos de novo no poder... Municipal, Estadual e Federal...


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Tropicália


A tropicália, a canalha e o fio da navalha...
Marcos Bayer

Nos cinemas do Brasil, a Tropicália, documentário de Marcelo Machado sobre este movimentado estado de espírito que envolveu o país a partir de 1967 com os festivais da canção da TV Record e depois da TV Globo, varando o AI 5 de 13 de dezembro de 1968 e terminando em seguida com o exílio de Caetano Veloso e Gilberto Gil em Londres. Vários fazem parte deste vendaval de criatividade poética, política e musical. Chico Buarque, Tom Zé, Elis Regina, MPB 4, Nara Leão, Quarteto em Cy, Wilson Simonal, Edu Lobo, Gal, Bethania, Marcos e Paulo Sérgio Vale, os Mutantes e muito mais...
Da mesma forma que a música brasileira ampliava, crescia e inovava; na mesma época a política inspirava.
Caetano e Gil aprendiam a falar e a cantar em inglês. O básico para quem queria saber do mundo de então. Rita Lee Jones já sabia. Looking for flying saucers in the Sky. Chico Buarque, em Roma, estudava e preparava seu futuro Calabar.
Crescia a relação e a construção entre a música, a poesia e a política. Havia um clima de conspiração permanente. Quanto mais a ditadura batia, mais o Glauber Rocha berrava. Chico, genialmente, resume a opressão.
Amou daquela vez como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se fosse o único. E atravessou a rua com seu passo tímido. Subiu a construção como se fosse máquina. Ergueu no patamar quatro paredes sólidas. Tijolo com tijolo num desenho mágico. Seus olhos embotados de cimento e lágrima. Sentou pra descansar como se fosse sábado. Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe. Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago. Dançou e gargalhou como se ouvisse música. E tropeçou no céu como se fosse um bêbado. E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E se acabou no chão feito um pacote flácido. Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego...
A Tropicália deixou a semente fértil que gerou Dancing Days e as Frenéticas e foi até Cazuza, o último gênio de uma fase extinta.
Te pego na escola e encho a tua bola com todo o meu amor. Te levo pra festa e texto o teu sexo com ar de professor. Faço promessas malucas, tão curtas quanto um sonho bom. Se eu te escondo a verdade baby, é pra te proteger da solidão. Faz parte do meu show, faz parte do meu show meu amor... Confundo as tuas coxas, com as de outras moças... Te mostro toda a dor, te faço um filho, te dou vida, pra te mostrar quem sou... Vago na lua deserta, das pedras do Arpoador... Digo "alô" ao inimigo, encontro um abrigo no peito do meu traidor...
Faz parte do meu show, faz parte do meu show, meu amor... Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou... Vivo num clip sem nexo. Um pierrô-retrocesso. Meio bossa nova e rock 'n' roll... Faz parte do meu show. Faz parte do meu show, meu amor...
Não por acaso, aos setenta anos, Gil e Caetano assistem grisalhos ao vento alegre do sul com perfume de rosa azul que foram capazes de soprar e respirar.
Na política, um movimento democrático brasileiro – MDB, tão envolvente quanto a Tropicália, tomou corpo e depois o poder. O que sobrou em Santa Catarina foi o Jaison Barreto, verdade seja dita e homenagem seja rendida...
O caso catarinense, uma desgraça. Primeiro a rigidez e honestidade de Pedro Ivo Campos, enquanto a ponte, em construção, sangrava dinheiro público. Depois o Paulo Afonso, as letras e as comissões. Por último, em dose dupla, Luiz Henrique Silveira e a CELESC x Monreal, a CASAN e os lucros divididos na diretoria, o metro de superfície, a ponte Hercílio Luz restaurada, os mágicos do Marrocos e a mamada publicitária.
Tanta pobreza para quem se dizia íntegro, honesto e democrata. Foram, em maior ou menor grau, cópias precárias do Lula. Não do ponto de vista intelectual. Estavam acima. Mas, do ponto de vista moral. Estavam abaixo.
A cena mais caricata deste MDB que virou PMDB por força legal, é o seu tesoureiro estadual, telefonista de hotel, vereador e cozinheiro frequentando o Clube dos Gourmets, dos ex-adversários. Um laranja, uma testa alaranjada que jogava nos dois lados. Ou nos três, se precisasse...
A esquerda catarinense, afora alguns iluminados, sempre foi muito brega e falso-moralista. Marlene Rica é só um exemplo grotesco. No fundo queriam o conforto da burguesia, um dinheirinho no banco e um pouco do charme de Paris. No começo, quando não tinham grana, compravam via Paraguay.
Se a Tropicália deixou tantos frutos, tanta imagem e cor, poesia e dor, a política da esquerda, por outro lado, no mesmo período, salvo as exceções que sabemos quais, foi só enganação, rancor, adesismo e fraude.
A prova cabal é o resultado destas eleições municipais, nas maiores cidades de Santa Catarina. Vamos eleger uma coleção de jovens cujo preparo intelectual está longe daquilo que Gil cantou:
Se oriente rapaz pela constelação do Cruzeiro do Sul... Considere rapaz a possibilidade de ir ao Japão no cargueiro do Lloyd lavando o porão... Determine rapaz onde vai ser seu curso de pós-graduação...
A esquerda catarinense não foi competente para criar uma escola. Por uma simples razão: Nunca teve mestres na política...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O PT, o mercado e o STF...



Por Marcos Bayer


    De repente um brasileiro negro, pobre, excluído - um pedaço do Brasil real - mostra sua força interior, seu caráter, supera dificuldades, estuda, trabalha e é selecionado Juiz de Direito. E de lá segue rumo ao Supremo Tribunal Federal. Joaquim Barbosa, didaticamente, mostra como se construiu uma quadrilha que governou e pretendia governar o Brasil por mais alguns anos. Substituindo outras, talvez...   
    Afora as sentenças que virão e, esperam-se, os respectivos cumprimentos, cabem algumas considerações históricas.   
    O mundo vive do lucro e dele se fez. Empreiteiros estão na História tanto quanto insetos na vida diária, desde o Egito antigo, todos sabemos. Por razões diversas, entre elas a descoberta das máquinas e do vapor como matriz energética, nasce com a chamada Revolução Industrial, uma teoria econômica, brilhantemente exposta, por Adam Smith, em sua Uma investigação nas causas e nas conseqüências da riqueza das nações, em 1776.       Em 1789, na França, Paris é palco do nascimento do Estado moderno, com a divisão dos poderes monárquicos em três esferas, garantindo o inicio de um equilíbrio na vida social.        Karl Marx, em 1848, de forma genial escreve seu O Capital e mostra os riscos da acumulação, da propriedade privada, de uma classe dominante e de uma eterna escravidão operária sempre disfarçada de alegóricas garantias trabalhistas.   
    Em 1917, fez-se na Rússia a Revolução Soviética, primeira experiência fática comunista
entre os homens. Afora as mortes por causas desconhecidas, a supressão das liberdades individuais e as opiniões silenciosas, fez-se lá algum progresso material, especialmente porque distribuído. O Ocidente levou um susto... Havia uma alternativa ao capitalismo puro.
    Em 1929, com a crise da Bolsa de Valores em Wall Street, o inglês John Maynard Keynes apresenta seus estudos à esposa do governador de Nova York, senhora Eleanor. Franklin Delano Roosevelt toma o embrião da Teoria Geral do Emprego, Juro e da Moeda aplica sob a forma do New Deal e tira os EEUU da bancarrota. Vem a segunda guerra mundial, a bomba atômica e grande arrancada industrial norte-americana.
   
    Na divisão do mundo em 1945, quando da fundação da ONU, em São Francisco da Califórnia, criou-se a Cortina de Ferro. Ela começava dentro de Berlin e terminava em
qualquer ponto do planeta.    Em 1949, o Chairman Mao Tsé Tung, toma o poder na China e implanta o comunismo dele.
    Quando Fidel Castro, em 1959, toma o poder na Ilha de Cuba, junto com Che Guevara, passa a ser observado internacionalmente pela ousadia, pela capacidade revolucionária e pela tentativa de implantar um comunismo diferente do soviético. Um comunismo caribenho.
    Foi muito difícil aos Estados Unidos engolir Fidel Castro. Mas, ele tinha duas grandes
referencias: a URSS e a China.
    A Guerra Fria instalada, o mundo bipolar, a corrida para o espaço. Kennedy disse que
em menos de dez anos iria até a Lua. E foi em 1969. Os russos já haviam dado a volta na órbita da Terra, com o Sputnik, em 1957.    Na Europa reconstruída da guerra pelo Plano Marshall, em 1957, em Roma, organiza-se o embrião da Comunidade Econômica Europeia - CEE, formada pela Itália, França, Alemanha e o chamado Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo).    Metade da Europa capitalista. Outra metade comunista. Entre as duas partes, especialmente na Escandinávia (Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia) observa-se a construção de uma social democracia que mistura conceitos de Smith, Marx e Keynes.
    O Reino Unido, a Alemanha, a Áustria e a Suíça interessaram-se pela ideia. Olof Palm
talvez tenha sido o expoente deste novo cenário na humanidade. Mais tarde, a partir de 1986, Portugal, Espanha e Grécia vão à busca do welfare fare state.
    Em 1989, em novembro, em Berlin, cai o muro que divide a nação. A URSS se esfarela. O mercado se aproveita destes fatos de decreta: Agora somos nós. Só nós podemos regular a economia e só nós sabemos produzir com eficiência.
    Money and Liberty é a nova ordem... Vamos falar um pouco de meio ambiente e ecologia porque são temas que rendem bons dividendos e proporcionam bons negócios.
    Neste mesmo ano, aqui no Brasil, 1989, disputam as eleições presidenciais Fernando
Collor e Luís Inácio da Silva.
    Ele disputa mais três eleições. Em 2002, ganha a presidência. Recebe chorando seu primeiro diploma, o de presidente. Cria um sistema de crédito, em conjunto com os bancos, com extrema capilaridade. Residências e automóveis são adquiridos em prazos largos. Cria programas assistenciais na alimentação, na educação e na saúde.    Muda a posição material de inúmeros brasileiros. Toma-se litrão de Coca-Cola como nunca antes neste país. Da mesma forma a viagem de avião, os cruzeiros marítimos e
outros.
    A classe política dominante do PT - Partido dos Trabalhadores, diz o julgamento do Supremo Tribunal Federal na ação penal 470, é constituída de formadores de quadrilhas, lavadores de dinheiro público e compradores de suporte político.
    As ministras do PT, só para registrar, tem o rosto parecido com o orçamento emendado. A Marta, em particular.
    O Lula foi aos jardins da casa do Maluf. Se um ex-presidente visita um procurado pela
Interpol, devem ter algo em comum... Não é ética política...
    O que é muito interessante é que o PT se comportou exatamente como o mercado.

    Quando pode disse: Money and Liberty...

Florada dos garapuvus






Por Marcos Bayer & Sérgio Rubim    

É muito fácil falar do homem, suas vontades, suas necessidades e a escassez.

    Desde o começo sabíamos que não haveria tudo para todos. Tanto do ponto de vista religioso, da Igreja Católica Romana, quando expulsou Adão e Eva do Paraíso, acabando com a aposentadoria vitalícia, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos. Nas outras áreas e civilizações, a noção de fartura/escassez sempre esteve presente. Também, importante salientar que a ideia de fartura e felicidade está associada com a ideia de quantidade material. E entre uma reflexão filosófica e uma percepção budista vivemos para acumular e suprir nossas necessidades. Quando sobra, nossas vontades.    Com o advento da Revolução Industrial imaginou-se a produção total e ilimitada, fornecendo tudo a todos. Com esta possibilidade teórica, surgem Adam Smith, Karl Marx, John Maynard Keynes e outros que aprofundam a discussão entre livre mercado e economia planejada. Entre capitalismo, socialismo e social democracia.
    A direita representou os interesses de quem tinha e queria mais. A esquerda, por sua vez, os interesses de quem não tinha e precisava de mais. No melhor estilo Robin Hood, tirar dos que tinham e dar aos que não tinham, sempre foi tarefa heroica, generosa e romântica.
    A esquerda foi assim, impregnada de heróis generosos e românticos...
    A classe artística, porque menos abastada, em geral, sempre esteve mais na esquerda. Na direita, a classe produtiva. Os donos do capital que pagam salários baixos para os que fazem as coisas. A mais valia.
    Num simples dizer: A esquerda era mais autônoma, produzia sobre o talento pessoal. A direita, organizava os talentos, pagava os custos e produzia de forma coletiva: carros, roupas, manteiga, ventiladores ou telefones.
    Picasso dava as pinceladas geniais de Guernica, uma obra da esquerda.
    O general Franco fez a guerra, uma obra da direita.
    O gênio humano foi a esquerda. A construção humana, a direita...
    
    Nesta aventura maravilhosa, a vida, cada um de nós procura sua vocação. Somos induzidos à segurança aposentadorias irredutíveis.
    No caso brasileiro, com a constituição de 1988, concursos públicos existem para o provimento de cargos e funções, garantindo aos exitosos a tranquilidade da fartura material.
   Outros preferem o risco da atividade privada, suas recompensas e o reconhecimento público da obra realizada.
    Até aí tudo muito justo, certo e aceitável. Existem as regras e as pessoas se posicionam como querem diante delas.
    O que ainda é difícil de aceitar, no caso brasileiro, é esta mistura entre o público e o privado. Onde a classe política faz negócios com o Poder Público sugando o dinheiro de todos para beneficiar alguns.
    Gostaríamos de oferecer o exemplo do novo prédio do Tribunal de Contas, o chamado Palácio de Cristal, como exemplo didático.
    Enquanto prefeitos e administradores públicos subordinados são scanneados na busca de irregularidades ou fraudes, outros são protegidos pela mesma corte de contas.
    Neste exato momento em que se organiza a disputa política em Florianópolis, numa batalha entre Jorge Konder Bornhausen e seu ex-afilhado Dário Berger, nos bons tempos do PFL, temos o TCE como parte.
    César, o representante dos Bornhausen, foi um pequeno mecenas estadual. Liberou dinheiro para vários “atores” culturais e em cima disto fez-se candidato. Gean, representante do Dário, assinou documento que circula dentro do TCE afirmando que o contrato do show do Andrea Bocelli, que não houve, foi cumprido integralmente. Ora, temos então dois mecenas: O que libera a verba pública e o que afirma que a verba foi gasta na forma contratual, mesmo sem o espetáculo.
    Não sabemos se o TCE tomará posição antes da eleição. Não sabemos se o TCE é público ou privado ou se político ou técnico.
    Nós, Sérgio Rubim e eu, ambos jornalistas, ele sacrificado na carreira, eu distante dela porque o salário mal pagaria a vida que pretendi ter, oferecemos a dúvida que nos toca aos membros do Tribunal de Contas. Podem usá-la em congressos, teses, simpósios e outros. Aqui e no exterior.
    Se vendêssemos opinião, poderíamos trabalhar numa estatal dessas, no próprio TCE, ganhar uns R$ 15 ou 20 mil por mês e dar notícias “furadas” ou de acordo com a vontade do patrão. Não é o nosso caso.
    Temos opinião, gostamos da liberdade, trabalhamos pela verdade possível e até sentimos suave prazer quando conseguimos “estourar” alguma maracutaia contra o interesse público.
    No momento em que a primavera explode em flores, em que os garapuvus surgem amarelos nos morros da Ilha, deixamos esta reflexão aos eleitores.
    
    Quem deve governar a cidade?

    Ao final, pergunto: - Canga é isto? Que vengam lós próximos toros, lós paños están rojos...
    E o Canga responde: - Marcos, los toros no ven el color... Lo rojo és para los ojos de los hombres, para que el circo sea mejor...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

from the eye




From the eye

Olhem para o horizonte
Lindo, linear e limítrofe
Inerte
Neutro
Definitivo
Azul


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

sábado, 15 de setembro de 2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

domingo, 2 de setembro de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PUTA VECCHIA







Puta Vecchia
Marcos Bayer


Esta era a expressão usada no Senado de Roma aos senadores que postergavam decisões de interesse público.
O Tribunal de Contas de Santa Catarina foi fundado e presidido por meu tio-avô, João Bayer Filho, advogado e político de Tijucas que passou pela esfera de poder estadual na condição de Secretário de Fazenda e de Justiça. Foi, também, um dos fundadores da Faculdade de Direito deste Estado. Era amante dos pássaros, das orquídeas e dos cavalos. Sua reputação, além de uma aguda inteligência, era honesta. Escrevo em seu nome por procuração genética.
O show do cantor de ópera Andrea Bocelli não aconteceu na cidade de Florianópolis em 2009. Mas, por ele , pelo show que não houve, pagou-se R$ 3 milhões de reais.
A ideia do espetáculo natalino, não havido, é uma eloquência medieval do então governador LHS, do prefeito Dário Berger e de seus auxiliares imediatos. Até aí, tudo bem...
Os recursos foram liberados, depositados em conta específica no Banco do Brasil S/A, repassados para a empresa que detinha a exclusividade da contratação e o show não aconteceu...
Na Justiça Comum, correm processos sobre o caso.
No Tribunal de Contas, depois do voto da auditora Sabrina Nunes Iocken, pedindo a condenação de todos os envolvidos no processo, inclusive o prefeito Dário Berger, manifestando-se pela devolução dos dinheiros públicos e multas diferenciadas aos membros da operação Bocelli, corre processo de número TCE 09/00654848 e que está desatualizado no site do órgão.
O Tribunal de Contas pode comunicar à autoridade judicial competente sobre suas ações e principalmente sobre sua decisão. É o que se lê do Manual de Instruções sobre Tomada de Contas Especial da CGU/2008.
No entanto, mesmo sabendo que a coisa fraudulenta aconteceu em 2009, que já foi analisado pela auditora do TCE, que já foi proferido um voto, ainda assim, em 21 de agosto de 2012, o conselheiro Salomão Ribas Junior, resolveu pedir aos órgãos técnicos da Corte de Contas, algumas explicações.
Entre elas, se todos os que participaram da operação Bocelli são solidariamente responsáveis e se a empresa que recebeu R$ 2.500.000,00 para agenciar o show não havido, poderia marcar nova data.
Não sabemos se as diligências são acautelatórias ou meramente com intuito de postergar a decisão plenária.
Não compreendemos, também, como matéria de relevante conteúdo está sendo tratada pela mídia de forma introspectiva.
Imaginamos que a assessoria de comunicação do TCE tenha envidado todos os esforços para esclarecer aquilo que timidamente pretendemos.
Imaginamos, ainda, como os dinheiros são públicos, precisam de trato cauteloso, visto que eles pertencem à sociedade. Sociedade que é composta por doentes, desempregados, famintos, deseducados e outros que vivem no meio dos mais abastados. Alguns, acobertados.
Um Tribunal de Contas que pretenda respeito ao seu conceito e atuação, não pode participar de uma opereta tão mal conduzida e desastrada quanto a que julga com extremo retardo...
Por fim, porque a História é feita de gestos e omissões, cabe perguntar:
Onde andas Maçonaria?
Não escuto tua voz... Qual tua potência?
De que lado participas neste banquete?

domingo, 19 de agosto de 2012

The grand son










The Grand Son ...

Nisto a língua inglesa foi mais feliz do que nenhuma outra, cunhou grandson, o neto.


Mais intenso do que isto só no latim, ânima, alma que vida dá ao corpo.


O grandson é o neto que chega, aos três anos, mais ou menos, vem rindo, com cara de maroto, garoto sapeca, ligeiro e arteiro.


Ele não receberá o que recebeu o filho. Nem o cuidado excessivo, nem a exigência demasiada, ou a preocupação exagerada...


Ele vem olhando à volta, mirando o horizonte, sabendo que é vida nova, quase consciente do encontro final entre o grand father que parte e ele que inicia...


Sem palavras muitas ou explicações definitivas, ambos sabem, pela alma, da vida que cicla... 

Ele vê um mundo de gigantes, de coisas absurdas, de bichos e aviões, de fantasias complexas e engenhosas... 

O grand father vê tudo igual, maior, ampliado, vivido e experimentado. 
Não há mais a necessidade da explicação formal que foi dada aos filhos...

Ao neto, o grande filho, apenas o lado incompreensível do Universo...
Por isto enxergam as mesmas coisas no horizonte...


E riem do que não compreendem... Apenas riem...

Burt Bacharach full concert







sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Oração de Ravello






ORAÇÃO DE RAVELLO, em 02 de julho de 2002. (46-47) Outras Opiniões. MB.

Que Deus permita que a vaidade não se sobreponha à inteligência...
Que a glória, qualquer que seja, não passe de um leve sopro da divindade...
Que eu possa desenvolver
 todos os talentos que eventualmente possa ter...
Que a vontade de construir seja, sempre, superior ao prazer de admirar a obra realizada...
Que todo o meu amor, condição essencial ao meu viver, seja maior e mais intenso do que tudo que eu possa receber...
Que eu possa amar sem qualquer expectativa de gratidão ou reconhecimento...
Que eu seja, ainda que por alguns segundos, menos eu e mais nós...

Que eu me perca, dissipado como as nuvens, em qualquer multidão...
Que ao perder-me, encontre-me cada vez mais íntegro, porque antes soube dissipar-me!
Que a pulverização do meu ser não seja nunca um exercício de desintegração, ao contrário, uma forma de conhecer meu semelhante...
Que eu saiba ir e voltar, não importa por quais caminhos, sem perder meu braço...
Que Deus sopre meu espírito, suavemente, para que eu não perca meu norte...
Que eu possa celebrar sempre, ao meu modo, as causas e as pessoas para as quais me entreguei...
Que a dor nunca se sobreponha a alegria do meu viver...
Que aos domingos eu possa celebrar todas as vidas!

domingo, 5 de agosto de 2012

Sangue, suor e lágrimas...






Sangue, suor e lágrimas...
Marcos Bayer

A realização do Seminário sobre os 100 anos do Contestado, semana passada, iniciativa do Ministério Público de Santa Catarina – MPSC e do Instituto Histórico e Geográfico, dão ao público mais uma oportunidade de conhecer parte da História do Irani, a região do Contestado.
Afora os aspectos históricos, o que importa e transcende, são os sentimentos humanos, seus símbolos, crenças e conquistas.
Numa guerra há perdas para os dois lados. Qualquer guerra. Quando Winston Churchill, em 1940, convocou o Império Britânico para o confronto europeu, ele sabia das consequências e por isto mesmo, repetiu o que Giuseppe Garibaldi e Theodore Roosevelt haviam bradado anos antes, em diferentes situações, na Itália em 1849 e na América do Norte em 1897: Blood, toil, tears and sweat.
Depois a banda de rock cunhou Blood, sweat and tears.
Na campanha política de 1998, passando por Santa Catarina inteira, observaram-se alguns caminhos, roteiros e santuários de diversas origens.
O governador eleito, Esperidião Amin, orientou a criação dos Caminhos da Fé. Entre eles, o santuário de Madre Paulina, no vale do Rio Tijucas. Sob a representação do Padre Pedro Koehler a Igreja pediu e o Governo atendeu. Saíram os “pardais” que multavam sem parar na rodovia que vai de Tijucas até Nova Trento, foram instaladas torres de telefonia celular, fez-se a terraplenagem do terreno e outras providências.
Em maio de 2002 a madre foi canonizada e, agora, Santa Paulina é santuário definitivo no turismo religioso em Santa Catarina. A economia local é outra agora, mais dinâmica.
Lá na região do Irani, projeto neste sentido existe e foi apresentado no seminário. É possível dar anima ao local, criando uma via crucis pelos locais das batalhas. Há uma lei, também, neste sentido.
O que poderia coroar a iniciativa do MPSC seria a cobrança e o convite ao governador atual para a sua execução. Há notícias, nos jornais de grande circulação, que chegaram os cinco bilhões de reais...
Melhor começar a pagar aos que deram sangue, suor e lágrimas para a História desta terra Catarina.