quinta-feira, 31 de maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

A República caiu





A República caiu
Marcos Bayer

O noticiário dos últimos dias mostra como a República Federativa do Brasil apodreceu. Afora algumas migalhas Keynesianas para conter a asfixia da desindustrialização, entre elas a redução do IPI na aquisição de automóveis, nosso sonho individual depois das carruagens e carroças medievais, as notícias revelam as gravações entre tudo e entre todos.
Um deputado federal catarinense já disse, em público, que quando alguém é submetido a “escuta” telefônica, descobre-se até o que a vítima não sabia.
A República está nas mãos de um cidadão chamado Carlos Cachoeira. Ele “grampeou” e foi “grampeado”. Tinha nas mãos um senador aparentemente exemplar. Um senador, antes promotor de justiça, cujo desempenho parlamentar dava esperanças e exemplo à nação.
De repente, surgem outros fatos de vital importância política. O professor Ildo Sauer, especialista em estratégias energéticas e diretor da Petrobrás, é demitido e anuncia: Lula, com conhecimento de Dilma, deu mais cinco poços à iniciativa privada. Um a mais do que FHC. Aquele da “privataria” como foi chamado então. Dois ministros dele, Pedro Malan e Ropolpho Tourinho foram assessorar Eike Batista, com ajuda de José Dirceu, outro híbrido.
O Eike Batista ficou bilionário com o que recebeu no pré-sal. E diz que não existe empresário competitivo no Brasil. Na Alemanha não duraria dois anos vendendo salsichas, muito menos produzindo salsichões. Sobre o Zé Dirceu não há o que falar. Um homem que esconde da própria mulher sua identidade, não é fiel nem a si. Logo, a nenhuma outra ideia.
Por último, estas conversas reservadas entre o Lula e o ministro Gilmar Mendes, no escritório de Nelson Jobim, apontando a necessidade de adiar a votação do chamado “mensalão” no STF, em nome da estabilidade política nacional, usando como argumento Berlim.
Ora Berlim é capital da Alemanha, hospeda a estudante filha do ministro e é naquele país que nasceu a senhora Jutta Fuhrken, mãe do Eike Batista.
 Estão desviando o foco da conversa com se diz da rotina jornalística.
A questão não está em Berlim ou na Alemanha.
A questão está na Petrobrás, na Agência Nacional do Petróleo, no Senado Federal, no Supremo Tribunal Federal e na Presidência da República.
Quando os Três Poderes e a maior empresa brasileira se juntam por vias transversas, ou é tudo mentira, ou República caiu...
Vivêssemos no parlamentarismo, as eleições seriam para daqui a trinta dias.




The windmills of your mind



Peter Sellers




quarta-feira, 23 de maio de 2012

George Benson






A viagem no tempo...

Marcos Bayer

Desde sempre, talvez, tenham existido a curiosidade e a necessidade de viajar no tempo.
Ora para saber o que havia atrás da montanha, ora para procurar alimentos, pedras, metais, vegetais ou animais. Este binômio curiosidade/necessidade move a humanidade. Viajar é a maneira pela qual ele se realiza. Foram caminhadas sob o sol, o frio, a chuva ou o luar. Foram cavalgadas pelos prados mais verdes da Mongólia onde o exército de Gengis Khan provou ser o mais eficiente da época. Não levavam carroças, nem barracas, nem feridos, nem alimentos. Apenas homens e cavalos. Bebiam nos riachos que encontravam, comiam o que achavam. Ou, ao anoitecer, sangravam nas axilas de seus animais e bebiam o sangue. O suficiente para continuar a luta no outro dia.
Muitos caminharam pelas montanhas nevadas, pelos caminhos rochosos, pelos espinhos, no meio das cobras e escorpiões. Alguns remaram pelos rios auxiliados pela correnteza, pelos mares desconhecidos. A vela foi o primeiro motor eólico. Não se sabe ao certo, as datas, mas a primeira volta mundo foi antes de 1522 realizada pelo marinheiro Fernão de Magalhães, em nome da Santa Igreja de Roma. Em 1957 a primeira órbita na Terra, desta vez pelos russos com a espaçonave, o Sputnik. Em 1961 Gagarin disse que a Terra era azul. E que havia olhado para os lados e não vira Deus. A URSS não admitia um Criador.
Em 1969, os norte-americanos chegam à Lua. Neil Armstrong disse que dava um pequeno passo para o Homem e salto gigante para a Humanidade. E a Apollo 11 entrou para a História.
A existência humana não é outra coisa senão a luta pela sobrevivência. Agregando confortos, destruindo a Natureza, comercializando recursos naturais, inventando crenças, derramando sangue ou procurando amor, seguimos a viagem de Stanley Kubrick de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Da descoberta do polegar na mão do macaco à espaçonave flutuando no cosmos, ao som de Danúbio Azul de Strauss.
Precisamos dos deuses. Eles ajudam e alimentam os sonhos. E seguimos a viagem.
Depois de muitos anos, caminhando, montando, remando ou navegando, chegamos, em 1826, ao trem. A tração humana ou animal e o vento foram substituídos pela máquina a vapor. O trem ofereceu o prazer de viajar. Sem os desconfortos das carruagens.
O melhor hotel de Londres, então, ainda em funcionamento, The Grosvenor, foi construído ao lado da Victoria Station, com seus corredores largos para que pudessem passar os vestidos rodados e estruturados sobre o arame a fim da dar forma às damas.
Thomas Cook inventou os Travellers Checks para que os assaltos fossem evitados.
Louis Vuitton criou malas especiais, portáteis guarda-roupas, para os passageiros do cavalo de aço.
Depois os automóveis, as malas menores, os motéis na beira das estradas, restaurantes e postos de gasolina. Coca-Cola on the road. The real thing.
Então os aviões. First Class para os que podiam e Economic Class para quem precisava. Salmão ou brie com geleias. Easy listening in the ears. Simply Red and the full moon by the window. Paris Match e Der Spiegel. Time Maganize ou The Economist. A viagem era embalada pelos sonhos das imagens das revistas e pela pulsão das músicas. The night flight from South America to Europe. From any point to every other in the globe.
O mercado encontrou mais um filão. Viagens de negócios, de lazer ou de estudos.
Whale Watching, birds observation, trecking, surfing ou rafting: são atividades que fazem parte deste cardápio ilimitado de descobertas.
Pelo ar, também, há muito que observar. Asas deltas, paragliders e outros.
Até campos para observação de discos voadores já existem. E são frequentados.
Santa Catarina é um pedaço do mundo que tem muito para ser descoberto.

É terra de colonizadores, italianos, alemães, poloneses, suíços, japoneses, letões, africanos, português, espanhóis e muitos outros sonhos e sangues, fundidos e forjados na aventura da travessia dos mares, no silêncio dos medos e no grito dos pavores. Nos sorrisos do sol nascente e nas esperanças inspiradas pelas luas cheias sopradas por ventos suaves.
Desde as ondas do litoral, das garoupas submersas, do pico mais alto do Brasil, das tocas dos bugres e da correnteza dos rios.
A viagem é o encontro da curiosidade com a vida. A viagem é a vida...
Deuses e guias, mapas, rotas e atalhos. Despedidas e encontros...



domingo, 20 de maio de 2012

domingo, 13 de maio de 2012