quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Não é um país sério...



                                                      Não é um país sério...


Marcos Bayer

Pouco importa se a frase é do General Charles De Gaulle ou do Embaixador do Brasil em Paris, Carlos Alves de Souza Filho, por ocasião da Guerra da Lagosta, em 1962, quando a França e o Brasil discutiam se as lagostas que passavam pelo litoral de Pernambuco, andavam ou nadavam.
Caso “nadassem” eram “internacionais”. Se “andassem” eram brasileiras, pois o solo submarino pertencia ao Brasil.
O fato é que de lá para cá temos visto um país pouco sério nos seus caminhos políticos.
Veio o golpe militar de 1964 com o argumento de que o Brasil não podia virar para o lado do comunismo.
Os generais impuseram dois partidos políticos: ARENA e MDB. A Aliança Renovadora Nacional apoiava o regime. O Movimento Democrático Brasileiro podia fazer oposição. Era uma “democracia” militar.
Com o passar dos anos, em 1968, a situação ficou mais complexa. Liberdades civis suprimidas com censura geral, mandatos políticos cassados e planejamento orçamentário rigoroso.
O “bolo” econômico deveria crescer para depois ser dividido entre a população, ensinava Delfim Netto. Havia dinheiro disponível nas bancas de Londres e Nova York provenientes dos “petrodólares” do Golfo Arábico.
Os subdesenvolvidos eram estimulados à contratação de empréstimos com taxas de 17% até 21% ao ano. Na Europa as taxas giravam em torno de 6% a.a. Olha a maravilha do “spread”.
Construiu-se muita coisa, grandes obras, estradas federais, industrialização nacional e um pouco de tortura e corrupção, nas medidas permitidas por alguns generais.
O MDB criava corpo, gritava e sacudia a nação rumo à democracia. Abertura política, anistia, eleições diretas em todos os níveis.
A Arena respondia com sublegendas, senadores biônicos e colégio eleitoral.
E assim fomos, até que em 1988 proclamamos uma Constituição e em 1989 elegemos um presidente civil pelo voto secreto e direto. 
No úbere do MDB estavam os comunistas, socialistas, democratas, trabalhistas, anarquistas e todos os matizes que se possa imaginar.
O MDB abrigava a todos. Com o tempo foi se depurando. Saíram tendências ideológicas para a construção de novos partidos.
Surgiu o PT – Partido dos Trabalhadores. Nasceu o PSDB, a parte boa do PMDB. Nasceu o PSOL, a parte ética do PT.
Da Arena, fizeram-se PDS, PFL, DEM e até o PSD.
Surgiram outros. Quase 30 partidos políticos, hoje registrados e em funcionamento.
Depois das tentativas de vários deles em governos estaduais, ou no federal, finalmente o PT, na quarta eleição, em 2002, chega à Presidência.
Lula recebe seu primeiro diploma na vida: o de Presidente do Brasil.
Inegavelmente consegue impor avanços na economia, na produção, na educação, no consumo e na oferta de crédito.
Parecia que vinha bem, até que o Presidente Mujica, do vizinho Uruguay, revela em seu livro que Lula admitia lidar com coisas imorais e chantagens para poder governar o Brasil.
Aí veio o Mensalão, o Petrolão e outros casos ainda submersos, conectados a vários partidos políticos.

Mas, o pior é ter que assistir o PT desconstruir, no Congresso Nacional, todo avanço legal que conseguiu nos últimos tempos, especialmente no que se refere aos trabalhadores.
O ajuste fiscal pretendido pelo governo da Dilma pode ser sintetizado assim:
O PIB do Brasil em 2014 foi de R$ 5,5 trilhões de reais. Foi quanto a nação produziu, a soma dos esforços de todos os brasileiros. Gastamos com o pagamento dos juros da dívida pública (o valor que o Tesouro paga aos bancos) R$ 250 bilhões de reais, cinco por cento do PIB. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, quer economizar R$ 66 bilhões de reais no tal do ajuste fiscal, basicamente nas costas do trabalhador. Isto é 1/4 do valor do pagamento dos juros anuais.
Pergunta se alguém vai mexer na receita dos bancos...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

William Ear Long no Cangablog








http://cangarubim.blogspot.com.br/search?q=William+Ear+Long

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

É na arena política...





É na arena política...

Marcos Bayer

Nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal haverá o embate político. E neles acontecerá a discussão política do “impeachment”.
O “impeachment” é uma instituição norte – americana.
Foi concebido pela democracia presidencialista mais sólida da História.
Richard Nixon sofreu o “impeachment” no Congresso dos Estados Unidos da America porque mandou espionar a sede do Partido Democrata no Edifício Watergate... Aliás, renunciou antes da imposição do “impeachment”.
Não está escrito na Constituição dos Estados Unidos da America que é crime espionar a sede de partidos políticos. Não, não está...
Mas, um presidente após o juramento de governar respeitando as leis e a constituição não pode mentir sobre coisa pública...
Bastou a mentira para que os dois jornalistas do Washington Post levassem o caso Watergate às ruas e deu no que deu.
Os brilhantes jornalistas Bob Woodward and Carl Bernstein foram os heróis do caso.
No Brasil, agora, nossos heróis são o Juiz Moro e os promotores federais de Curitiba que, junto com a Polícia Federal, iniciaram a Operação Lava a Jato, palco do início desta grande tragédia nacional.
O Brasil está sendo exposto pelas suas tripas ao mundo.
Vísceras apodrecidas pelas práticas sorrateiras “daszelites” com ampliação do pessoal “de esquerda” desta nação espoliada desde sempre.
É um dos momentos mais salutares da jovem democracia brasileira. Senão for o maior.
Heróis bandidos fazem o trabalho “sujo” sobre a sujeira de outros heróis bandidos.
Pena que o nosso Senado não é mais palco de eloqüentes homens de Estado. Agora é composto por homens das estatais.
O Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, cumpriu seu papel. Foi provocado e decidiu sobre um roteiro atualizado do processo de impedimento presidencial.
Não vamos entrar nas minudências dos votos de seus membros.
A arena agora é política. E a população usando as redes sociais e os aplicativos tecnológicos, pode sair às ruas e dizer o que quer.
A classe política, ainda que contaminada pelas gentilezas pecuniárias dos recursos financeiros do Tesouro Nacional, terá que ouvir e se subordinar ao grito popular.
O país avança sobre o Congresso Nacional.
Ainda não somos e não seremos uma “Venezuela”.
Somos maiores do que Veneza. Somos a Roma tropical.
Nosso amadurecimento político se consolida por estas duas experiências recentes: “mensaleiros” e “petroleiros”.
A República está podre. Mas, ela é maior do que a podridão.
O povo brasileiro sabe e saberá encaminhar a votação que ocorrerá no Senado Federal.
E sairemos melhores e mais democratas desta nova experiência institucional.
Podem apostar em baixo da figueira da Praça XV de Novembro, na Capital.






sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

CARTA AO SENHOR FACHIN






Carta ao senhor Fachin

Marcos Bayer

Bom dia senhor Fachin... Saiba que na sexta-feira todo mundo é baiano aqui no Brasil.
Como foi Rui Barbosa, Glauber Rocha e Octávio Mangabeira...
Sabe o senhor que o “impeachment” é uma instituição norte – americana.
Richard Nixon sofreu o “impeachment” no Congresso dos Estados Unidos da America porque mandou espionar a sede do Partido Democrata no Edifício Watergate... Aliás, renunciou antes da imposição do “impeachment”.
Não está escrito na Constituição dos Estados Unidos da America que é crime espionar a sede de partidos políticos. Não, não está...
Mas, um presidente após o juramento de governar respeitando as leis e a constituição não pode mentir sobre coisa pública...
Bastou a mentira para que os dois jornalistas do Washington Post levassem o caso Watergate às ruas e deu no que deu.
Bob Woodward and Carl Bernstein foram os heróis do caso. Brilhantes jornalistas.
Como tem sido nosso Juiz Moro e os promotores federais de Curitiba.
Senhor Fachin não venha com balelas e artimanhas Felipinas, Manoelinas ou Afonsinas.
O “impeachment” é um processo eminentemente político. Eminentemente político, senhor Fachin.
Eu não vou falar das acusações que pesam sobre membros de um partido que governa o Brasil nos últimos 13 anos...
Não vou escrever sobre mentiras, desvios, cinismos ou ilegalidades...
Seria bobagem repetir o que a imprensa “golpista” vem mostrando nos tempos recentes.
Senhor Fachin, saiba que sua postura magistrada não pode se confundir com sua atuação política.
Deixe para os políticos “golpistas” a tarefa de acabar com o “golpe”...
Atenha-se a Constituição da República Federativa do Brasil.
Basta a Constituição. A Lei maior.
É o que compete ao Supremo Tribunal Federal: Impor ao povo o respeito à Constituição que em seu nome foi escrita.
Ouça sua professora...

Em, 11 de Dezembro de 2015.

https://youtu.be/u7kjH0PcE5A




terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A canoa do Tasso...




A canoa do Tasso...


Meu primeiro presente neste Natal de 2015.
A canoa do 
Tasso Claudio Scherer...
Que singra todos os mares...
Desde o sul até Antares...
A estrela dama de vermelho que passeia pelos ares...
Passa por Mataró ou Benicassim e outros lugares...
Leve, rígida e reta como garapuvus verdes e utópicos sonares...
Vai canoa navegando procurando novos olhares...
Bombordo e Boreste desde a Escola de Sagres...
Aporta em todos os lugares...
Lança tua rede em todos os avatares.

Em, 05 de dezembro de 2015.




Poemita para Dalí en Costa Brava...





Poemita para Dalí en Costa Brava


Una vida de mesclas y tiempos y sentidos y aires y soles y águas y risas y delícias y noches y mañanas y tardes y amores...


04.12.2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015




Os babacas de Paris (*)


Marcos Bayer



Reunidos mais uma vez na Conferência da ONU para o Clima, em Paris, eles montam um circo cada vez mais pirotécnico. Roma e Nero ficam continuadamente diminuídos.
Começou com o Clube de Roma, em 1968, que resultou no “Limits to Growth”. Depois no dia 5 de Junho de 1972 em Estocolmo, na Suécia. Então, no Rio de Janeiro, a Eco-92, o último gesto do eloqüente Fernando Collor antes da queda mortal.
E assim tem sido...
Já no começo dos anos 1980, na Califórnia, se estudava Ecology and Politics of Scarcity do William Ophuls. Todo o meio acadêmico alertava para as descompensações ambientais.
E a classe política nada vezes nada. Alguns movimentos dos “greens” na Alemanha e que aqui no Brasil, afora exceções honestas e bem intencionadas, virou picaretagem da braba. Inclusive em Santa Catarina.
Órgãos de controle ambiental, como a FATMA, concebida por Alcides Abreu e criada pelo Konder Reis, em 1976, acabaram virando toca de hienas que a “Operação Moeda Verde” demonstrou.
Para não delirar no cenário mundial, vamos pegar as praias da Ilha que foram detonadas aos poucos sem o cuidado primário de quaisquer dos prefeitos desta cidade. Foram acabando com nosso maior patrimônio.
Ninguém vem para Florianópolis para ver os prédios da Beira-Mar denominados em francês. Tais quais, “Versailles” ou “ Maison de La Marie”.
As pessoas que aqui aportam querem saber das águas limpas, da tainha com ova, dos ilhéus e de certo charme que existia na arquitetura derrubada no centro da vila.
Como fazem em Curaçao, Martinica, Portofino ou Marguerita.
Mas, lá estão, neste circo mágico do ambientalismo, todos bradando por um mundo mais limpo e melhor, na bela Paris.
One Human Family é o que propõem todos. Do Barack Obama ao homem de cocar sobre os ombros do terno com gravata.
Nos últimos 50 anos governantes em todo o planeta promoveram uma arruaça total, em Tijucas também, resultando na morte de baías, rios e lagoas.
Tudo em nome de um progresso que concentrou renda, e eles mesmos provam isto, aumentou a desgraça na África e a guerra no Oriente Médio pelo domínio do petróleo.
Insanos, todos insanos.
Um milhão de dólares já não contenta nenhum deles. Aqui no Brasil querem vários milhões e roubam dos cofres públicos porque não têm talento para nada, a não ser roubar.
Olhem para a cara deles. Olhem suas expressões faciais. Olhem como são mórbidos...
E só bebem whiskey para poder amortizar a dor e a vergonha de roubar.










Os babacas de Paris




Os babacas de Paris

Marcos Bayer

Reunidos mais uma vez na Conferência da ONU para o Clima, em Paris, eles montam um circo cada vez mais pirotécnico. Roma e Nero ficam continuadamente diminuídos.
Começou com o Clube de Roma, em 1968, que resultou no “Limits to Growth”. Depois no dia 5 de Junho de 1972 em Estocolmo, na Suécia. Então, no Rio de Janeiro, a Eco-92, o último gesto do eloqüente Fernando Collor antes da queda mortal.
E assim tem sido...
Já no começo dos anos 1980, na Califórnia, se estudava Ecology and Politics of Scarcity do William Ophuls. Todo o meio acadêmico alertava para as descompensações ambientais.
E a classe política nada vezes nada. Alguns movimentos dos “greens” na Alemanha e que aqui no Brasil, afora exceções honestas e bem intencionadas, virou picaretagem da braba. Inclusive em Santa Catarina.
Órgãos de controle ambiental, como a FATMA, concebida por Alcides Abreu e criada pelo Konder Reis, em 1976, acabaram virando toca de hienas que a “Operação Moeda Verde” demonstrou.
Para não delirar no cenário mundial, vamos pegar as praias da Ilha que foram detonadas aos poucos sem o cuidado primário de quaisquer dos prefeitos desta cidade. Foram acabando com nosso maior patrimônio.
Ninguém vem para Florianópolis para ver os prédios da Beira-Mar denominados em francês. Tais quais, “Versailles” ou “ Maison de La Marie”.
As pessoas que aqui aportam querem saber das águas limpas, da tainha com ova, dos ilhéus e de certo charme que existia na arquitetura derrubada no centro da vila.
Como fazem em Curaçao, Martinica, Portofino ou Marguerita.
Mas, lá estão, neste circo mágico do ambientalismo, todos bradando por um mundo mais limpo e melhor, na bela Paris.
One Human Family é o que propõem todos. Do Barack Obama ao homem de cocar sobre os ombros do terno com gravata.
Nos últimos 50 anos governantes em todo o planeta promoveram uma arruaça total, em Tijucas também, resultando na morte de baías, rios e lagoas.
Tudo em nome de um progresso que concentrou renda, e eles mesmos provam isto, aumentou a desgraça na África e a guerra no Oriente Médio pelo domínio do petróleo.
Insanos, todos insanos.
Um milhão de dólares já não contenta nenhum deles. Aqui no Brasil querem vários milhões e roubam dos cofres públicos porque não têm talento para nada, a não ser roubar.
Olhem para a cara deles. Olhem suas expressões faciais. Olhem como são mórbidos...
E só bebem whiskey para poder amortizar a dor e a vergonha de roubar.


 Para ouvir: https://youtu.be/3nxjcYhiWjY