sexta-feira, 17 de março de 2017

O pêndulo da suspeição





O pêndulo da suspeição

Marcos Bayer

Por agora, vamos falar de conceitos e deixar os números para depois.
O país vive um momento de crise e nela temos que encontrar soluções. Isto é tão obvio quanto o diagrama chinês da crise/oportunidade.
Não restam dúvidas de que temos que discutir e aprimorar o sistema previdenciário e as relações de trabalho e capital. No mundo inteiro se faz isto, de uma maneira ou de outra.
Não há dúvidas de que as populações mundial e brasileira crescem e aumentam os anos de vida. Maravilhas da ciência, da medicina e da evolução.
Mas, o pano de fundo é sempre a relação capital e trabalho. Relação milenar, aliás.
Observem os movimentos deste governo federal, vice da presidente afastada do cargo por razões sabidamente conhecidas.
A CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF, instituição financeira pública, libera as contas inativas do FGTS para milhões de brasileiros, sob o argumento de que injetará recursos na economia para, de forma Keynesiana, movimentá-la.
Este fundo (FGTS) que deveria ser uma garantia/poupança na aposentadoria tem um rendimento pífio, menor do que qualquer aplicação financeira no país. Além de ser a mola mestre para financiar a construção civil de várias escalas.
As reportagens dos telejornais informam que a maioria das pessoas utilizará o dinheiro liberado para pagar dívidas. Logo, o que estamos vendo é mais uma transferência de capital da banca pública para a banca privada. Mas, supondo que as dívidas fossem majoritariamente com a banca pública, CEF e Banco do Brasil, ainda assim é uma transferência de capital pouco remunerado no FGTS para quitar dívidas de capital com juros altíssimos. Os juros dos empréstimos pessoais, consignados em folha, cartões de crédito, cheques especiais e outros mais.
Além disto, depois da suspeição levantada pela lista do procurador geral da República, Rodrigo Janot, oitenta e três pessoas, entre elas, seis ministros de Estado, dois ex-presidentes da República, ex-presidente e atual do Senado Federal, atual presidente da Câmara dos Deputados, senadores, governadores e deputados federais, fazem parte do conjunto político que pretende decidir sobre duas matérias essenciais à vida dos brasileiros: previdência e relação trabalho/capital.
Com qual autoridade política ou moral, poderão eles dizer à nação façam isto ou aquilo? Trabalhem 49 anos e aposentem-se aos 69. Contribuam e recebam dois ou seis salários mínimos e nós receberemos 30 salários...
A atividade política é nobre e necessária. Sem a política não há sociedade organizada, não há avanço, não há esperança.
Mas, das duas uma: Ou o Ministério Público Federal está enganado ou o nosso Congresso Nacional está podre.
Ou ainda, o sistema político brasileiro está podre em todos os níveis de jurisdição. Ou eu estou doido?







domingo, 5 de março de 2017

W.M. Bayer






W.M.Bayer

Marcos Bayer

Dia 14 de Março, próximo, fará 46 anos que WMBayer morreu em acidente na BR 101, aos 38 anos de idade, ali perto do Posto do Holandês. Era na tarde de um domingo...
Lembrar dos nossos queridos é parte da condição humana. Mas, na dor da ausência, na aguda dor da ausência, fica sempre um exemplo, um gesto, um grito e um pedaço do ser humano.
WMBayer foi criado e forjado em Tijucas. E trazia dentro dele toda a grandeza de uma pequena imensa cidade de um dos vales mais lindos desta Santa Catarina.
Com apenas 1,68 metros de altura foi campeão de salto (em altura) no Colégio Catarinense, em Florianópolis, numa turma em que foi colega do Senador Jaison Tupy Barreto, entre tantos outros ilustres barrigas-verdes.
Explodia em alegria, otimismo e vontade. Inteligência nunca lhe faltou. Determinação, também não!
Aos 33 anos, como Presidente da Confederação Nacional das Empresas de Crédito – CONTEC, no Rio de Janeiro, condenou o Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966, que reuniu os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência Social – INPS.
Sem medo, em pleno regime militar, disse ao Ministro do Trabalho e Previdência Social Jarbas Passarinho, em sua sala de trabalho, no centro do Rio, sob as luzes do Jornal do Brasil e da imprensa brasileira, que aquele decreto aniquilaria os institutos de previdência já organizados, como o IAPB, dos bancários, e nivelaria por baixo a previdência nacional.
Foi ameaçado pela ditadura, resistiu em público e continuou sua luta sindical até retornar para Santa Catarina e começar a construção de seu sonho familiar em Tijucas.
Naquele domingo de tarde, em 1971, morreu...
Faço esta pequena digressão porque estamos vendo, agora, a destruição final da previdência pública no Brasil, sob o argumento de que está falida.
Quem a fez falir?
Estes nossos representantes que ganham R$ 34 mil mensais, mais R$ 97 mil de verbas de gabinete e mais compensações para almoçar, abastecer seus veículos, imprimir suas correspondências e remetê-las pelos correios?
Ou foram seus sonegadores, seus abutres internos, seus operadores inescrupulosos ou seus ladrões capacitados?
Que tipo de homens nos governa hoje? Pigmeus de caráter?
Que tipo de homens governará o Brasil de amanhã?
Entre as dúvidas e a saudade, deixo aos meus apenas o exemplo de meu pai, W.M.Bayer.