segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

The grand son



The grand son


Nisto a língua inglesa foi mais feliz do que nenhuma outra, cunhou grand son, o neto.
    Mais intenso do que isto só no latim, anima, alma que vida dá ao corpo.
    O grand son é o neto que chega, aos três anos, mais ou menos, vem rindo, com cara de maroto, garoto sapeca, ligeiro e arteiro.
Ele não receberá o que recebeu o filho. Nem o cuidado excessivo, nem a exigência demasiada, ou a preocupação exagerada...
    Ele vem olhando à volta, mirando o horizonte, sabendo que é vida nova, quase consciente do encontro final entre o grand father que parte e ele que inicia...
    Sem palavras muitas ou explicações definitivas, ambos sabem, pela alma, da vida que cicla... Ele vê um mundo de gigantes, de coisas absurdas, de bichos e aviões, de fantasias complexas e engenhosas... O grand father vê tudo igual, maior, ampliado, vivido e experimentado. Não há mais a necessidade da explicação formal que foi dada aos filhos... Ao neto, o grande filho, apenas o lado incompreensível do Universo...
   Por isto enxergam as mesmas coisas no horizonte...
   E riem do que não compreendem... Apenas riem...
Marcos Bayer


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O fundo do poço




O fundo do poço
Marcos Bayer

Em que pese uma isonomia pretendida pelo Ministério Público catarinense, a título de abono natalino, no valor de R$ 4.000,00, e o auxílio moradia para os que moram em residência fixa na capital, auxílio que se estende aos desembargadores, deputados e conselheiros do operante Tribunal de Contas, parece que as coisas vão bem.
O Diário Catarinense, jornal de circulação estadual apresenta matéria sobre aproximadamente meia centena de funcionários públicos, advogados, empresários, prefeitos da região oeste e um deputado, vice-presidente da Assembleia Legislativa, futuro presidente da Augusta Casa, todos aparentemente envolvidos em licitações fraudulentas na perfuração de poços artesianos.
É possível que seja um breve engano, uma escorregadela jurídica ou até uma injustiça. O Tribunal de Justiça em breve deverá dar conhecimento da sua manifestação, tendo em vista o foro privilegiado de parte dos suspeitos. Vamos aguardar.
Mas, se fundada a denúncia teremos chegado ao fundo do poço na política catarinense, a começar pela divisão do mandato da presidência do Legislativo Estadual em dois quinhões, demonstrando que o poder político passou a ser um negócio pecuniário na sociedade corrupta e globalizada em que vivemos.
Houve um tempo, na casa de meus avós paternos e maternos, em que nós meninos escutávamos sobre a atividade política como manifestação honrada e solidária dos eleitos de então. Com orgulho e bravura as pessoas defendiam seus partidos políticos e seus expoentes. Homens de envergadura intelectual, profissionais de diversas áreas com respeitabilidade pública, cidadãos eloquentes em suas posturas representavam a vontade popular. Gente decente, usuários de dois ou três ternos de corte formal.
Uns mais humildes outros mais ricos encontravam na causa pública uma boa razão para viver. Hoje, quando assistimos os telejornais no Brasil vemos que a canalha tomou conta e é majoritária.
Restam poucos homens de bem para a atividade política nacional. Aqui em Santa Catarina estamos assistindo, com a complacência da mídia comprada e bem paga, a formação de um bloco político composto por quatro ou cinco partidos, ainda não sabemos quais, o PMDB, o PSD, o PP, o PT e o PSB. Irmãos siameses desde o nascedouro, eles trabalham para a união de uma chapa que disputará contra o povo e vencerá. Vencida a chapa dos gatos siameses, leiam gatos em todos os sentidos, o poder político será consorciado e o orçamento das verbas públicas, fatiado como muzzarela em padaria.
Haverá para todos.
O povo enganado continuará a trabalhar e a pagar os corvos que lutam diuturnamente por seus interesses e pelo aumento de suas fortunas.
Imbecis, pretensamente letrados, atestam sua inutilidade e despreparo a cada vez que abrem a boca. Salvo as exceções que existem, Santa Catarina precisa resgatar seus homens de valor, e eles existem, e que estão a altura da dignidade, do empenho e da labuta do cidadão que vive neste maravilhoso estado sub-representado por uma classe política cuja categoria não se pode classificar.
Em Maktub: Quando se está no fundo do poço, a única alternativa é subir por suas paredes e voltar à tona.


A Festa dos Manés...

A Festa dos Manés...

Marcos Bayer

Saudável a discussão na Câmara de Vereadores da Capital sobre o aumento do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano e do ITBI – Imposto sobre Transferências de Bens Imóveis.
Se os imóveis subiram de preço - qualquer apartamento de 80 m2 na Ilha, custa entre R$ 300 e R$ 400 mil, se localizado nas praias – é justo que subam os tributos. Quanto mais saneada a praia, maior o valor.
Espera-se que a arrecadação tributária seja usada da melhor forma possível, de forma transparente, sem as maracutaias de percurso.
Agora, antes da proposta de aumento, independentemente dos critérios adotados, é preciso saber de outras questões.
Quem são os grandes devedores de IPTU? Quais deles se beneficiaram da “anistia” com propinas nas máquinas da Prefeitura Municipal?
O prefeito eleito pelo voto universal e direto deve estas explicações aos contribuintes. Ou não?

Trecho do DC eletrônico, edição de 12 de dezembro de 2013, salienta:

Levantamento preliminar das investigações aponta que os débitos de mais de 150 imóveis teriam sido adulterados por meio desse esquema fraudulento. Mas as últimas informações apontam cerca de 500 operações  feitas pela quadrilha no Pró-Cidadão.

Uma dívida de R$ 190 mil poderia sumir, por exemplo, por uma comissão bem menor. Em apenas cinco imóveis, o débito cancelado passava de R$ 1 milhão à época em que foi descoberto o problema, em abril deste ano.

— Há fortes indícios de que seja alguém de dentro. Os beneficiados são empresários, empresas, grandes comércios. Não é pobre. É rico — disse Silva sobre os primeiros encaminhamentos que a CPI deve tomar
.

Para quem quer administrar a Capital Turística do Mercosul é necessário além da competência, a transparência.
Liberar recursos públicos para as festas de cunho turístico, cultural ou esportivo é fácil.
Difícil é cuidar do pedágio da BR 101. Ali, o monstro é maior.
Bom lembrar o maestro André Calibrina, na Marchinha do Mané.






quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ubuntu, Mandela...




Ubuntu, Mandela...

Marcos Bayer



A Humanidade parou para assistir ao funeral de Nelson Mandela. Claro que a tecnologia de comunicação ajudou na difusão do espetáculo, mas a essência de Mandela foi maior.
A África deu ao mundo o maior político da era moderna. Resistente, determinado, inteligente, negro, pobre e preso foi sempre o mestre de seu destino e capitão de sua alma, inspirado pelo poema Invictus, de William Ernest Henley.
Uniu pessoas de todas as cores pela via política. Lutou, inclusive com armas, para garantir a paz. Fez da África do Sul uma nação de tolerância racial e ensinou a dignidade política. Elevou a atividade política aos picos mais altos da possibilidade humana. Foi um gigante risonho e firme que dizia: ”Algumas coisas sempre parecem impossíveis até que sejam realizadas”.
Morto, encheu um estádio de esportes com mais de 90 mil pessoas dançando e celebrando sua vida, sob a chuva da África. Sua obra foi a libertação e a elevação da dignidade humana. A África do Sul continua com vários com problemas. Compete aos seus sucessores a resolução. Ele fez a obra maior.
Teve a humildade de pedir: ”Não me julgue pelo meu sucesso, me julgue por quantas vezes eu caí e voltei de novo”.
Barack Obama, num discurso magistral, disse: Mandela nos ensinou não apenas o poder da ação, mas o poder das ideias. A força da razão, dos argumentos. A necessidade de estudar não apenas aquele com quem você concorda, mas aqueles de quem você discorda... Finalmente Mandela compreendeu os nós que unem o espírito humano... Há uma palavra na África do Sul: Ubuntu. Uma palavra que captura o maior presente de Mandela. Uma unicidade nos homens. Conquistamos a nós compartilhando com os outros, cuidando dos outros...
Mandela é um exemplo político para estes amadores que rapam a nação brasileira, pobres corruptos que nada mais possuem a não ser dinheiro, quase todo roubado. Iletrados com diplomas, ignorantes informados, insensíveis envergonhados, imbecis desqualificados...
”A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, ensinava ele.
Mandela carregava em si o espectro humano. E repetia o poeta:
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado-a-lado
Eu agradeço aos deuses que existem
Por minha alma indomável



Ubuntu, Madiba...






sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ilha da Magia






Ilha da Magia
Marcos Bayer

A Ilha da magia, outrora Desterro, precisa ser compreendida para ser amada ou renegada. Sede de poder desde o século XVIII, político ou eclesiástico, cem anos antes da construção da ponte Hercílio Luz, em 1823, passa a ser capital do Estado Catarina.
Ilha paradisíaca de águas limpas, doces e salgadas, vegetação abundante e fauna diversificada, especialmente no que se refere aos pássaros e aos peixes. Este paraíso melhor compreendido pelo poeta Zininho foi aos poucos sendo dilapidado pelo tempo, apesar do vento sul. Daqui governadores e prefeitos, salvo as raríssimas exceções, fizeram de tudo. Doaram terras devolutas aos seus parentes provocando a gênese de pequenas fortunas. Manguezais foram aterrados e deram lugar às lojas de conveniências. Balneários, ao norte, foram otimizados, inclusive sobre as areias.
O mané, descendente católico e direto dos Açores complementava este caldo de cultura que formaria o intelecto da Capital. Desde o garapuvu à canoa, um requinte de engenharia naval, até o Terno de Reis ao Boi de Mamão ou à pesca da tainha. Nosso sortimento cultural. Paralelamente a isto, sob o desenvolvimento de uma casta governante, outra, tacanha, consolidou-se no funcionalismo público. Ineficientes e arrogantes, os governos sucederam-se. Raros construíram e desenharam os rumos da infra estrutura própria da tarefa estatal. A riqueza da Capital que deveria ter sido baseada sobre uma atividade turística, limpa e ambientalmente sadia, fez-se sem esgotos, sem cuidados e sem desenhos urbanos. Não tivemos a sorte que o prefeito Haussmann proporcionou a Paris. Aqui os manés tomaram conta. Não os manés legítimos, ladinos e engraçados. Mas, os manés com formação superior. Afora as ideias do arquiteto Felipe Gama D’eça que queria desenvolver a Ilha e o seu Campeche, tivemos, por sorte, o asfaltamento das principais estradas que cortam a Ilha. A construção civil que explodia aqui nos anos 70 do século passado, foi capaz de demolir belíssimos casarões e substituí-los por caixas de concreto com janelas diminutas, cujos nomes vão de Saint Germain até Puerto de Las Palmas. Esta concretagem insana sem saneamento básico ou arruamento apropriado estrangula a Ilha em dois pontos: na merda e no trânsito. Na avenida mais chique da cidade, a Trompowsky, é possível caminhar ao lado de simpáticas ratazanas, de quatro patas, que descem até a Beira Mar. Majestosas. Nossa riqueza, erroneamente, advém dos negócios imobiliários hoje superfaturados em 40%, pelo menos, da corrupção estatal de obras públicas estimada em 30%, de algumas atividades comerciais bem sucedidas e dos gastos educacionais. A droga ajuda a formar o PIB da Capital.
A Ilha teve dois movimentos dignos de registro: o Grupo Sul nos anos 50 de onde Salim Miguel surge como expoente e, vinte anos depois, o Grupo do Studio A/2, ambos responsáveis por novas ideias.
O jornal O Estado não pode ser esquecido como veículo de comunicação cuja foto de capa tinha a capacidade de moldar o dia que seria vivido na cidade. Politicamente, a novembrada de 1979, foi a melhor contribuição da Ilha para o Brasil.
Se tivéssemos tido um Nelson Mandiba Mandela que dançava com alegria no Poder, teríamos tido um futuro mais promissor. E por incrível que pareça estamos no mesmo paralelo da África do Sul. Acorda Floripa. Expulsa teus ladrões.





sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O conto da beata






O conto da beata
Marcos Bayer

Tão logo se viu interino no governo, Ponticelli aprontou o maior escárnio da história política de Santa Catarina. Na mesma linha do show do Andrea Bocelli, da Árvore de Natal, do metro de superfície da capital, do caso Celesc/Monreal, da reforma da ponte Hercílio Luz, entre outros.
Santa Catarina nos últimos anos, de 2003 para cá, vem trilhando caminhos de farsa, de logro, de enriquecimento veloz e decadência.
Ponticelli reuniu uma comitiva de 10 ou 15 pessoas, não se sabe ao certo porque não divulgam, e foi a Roma para uma audiência pública, onde milhares de pessoas participaram. Parece que por dois ou três minutos a comitiva pode dizer: a beata, a beata, beata... E Sua Santidade Papal teria respondido: Quien és? Quien és?
A brincadeira do interino pode ter custado uns R$ 100 mil reais, dependendo da classe em que viajaram no avião e do hotel em que ficaram hospedados. Dinheiro público supõe-se.
O presidente da FIESC chegou a levar um diretor de relações internacionais para testemunhar a aventura. Dele sabe-se, começou a vida como ajudante num pequeno mercado até aprender economia e dirigir cerâmicas. Portanto, é estudado e sabe o valor do dinheiro. Ou caiu de gaiato no conto da beata ou a FIESC passa por um momento atípico, como dizem os economistas.
Outro padre – deputado aproveitou a ocasião, integrou a comitiva e foi pedir pela canonização de outro semi - santo. Parece que do PT, o parlamentar.
Aliás, aproveitando, houve um tempo, mais de um tempo, em que o Governador de Santa Catarina, preparado para o cargo, viajava ao exterior com agenda aberta, informando a comitiva, os hotéis e os telefones onde estavam. Os jornalistas, todos, viajavam na mesma classe das autoridades. Na executiva, onde viajam as pessoas que trabalham e voam longos trechos. Os encontros bilaterais variavam de seis a oito por dia, afora o jantar com o anfitrião estrangeiro.
Hoje, sai um governador para um lado, um vice para outro, passam vários dias no exterior, informam um encontro de trabalho, apenas um, sem fotos, sem relatos, sem testemunhas. Ou estamos tratando de coisas muito secretas ou há férias disfarçadas.
No Ministério Público de Santa Catarina, recentemente, houve uma campanha contra a corrupção. Um promotor de sobrenome sulino, terra da beata Albertina, perguntava: O que você tem a ver com a corrupção?
Distribuíam papéis informativos nos Postos da Polícia Rodoviária Federal, em companhia de conselheiro do Tribunal de Contas. Veiculavam imagens de pessoas da comunidade na TV, fazendo a mesma pergunta.
Até a filha do Bira, o amigo do Raimundo Colombo, foi nesta viagem. Moça educada nos padrões morais e éticos dos EEUU deve ter ficado constrangida com farsa montada em cima da beata Albertina.
Os industriais e comerciantes deveriam sustar imediatamente o pagamento de ICMS até que os esclarecimentos fossem dados e as verbas devolvidas aos respectivos cofres. Não faltaria apoio da sociedade.
A política catarinense, desde 2003, está nas mãos deste tipo de gente. Gente que negocia...

Também não se sabe da entrevista que o interino Ponticelli daria a uma rádio do Vaticano. Supondo que ele saiba falar italiano, usando a tecnologia de hoje, pelo SKIPE, é possível falar com o mundo inteiro, gratuitamente. Logo, de seu gabinete na Assembleia, em Santa Catarina, pode falar com Roma todos os dias. Inclusive para acompanhar o trâmite do processo de canonização da beata Albertina...




sábado, 16 de novembro de 2013

O voo inaugural





O voo inaugural

Marcos Bayer

Não me lembro de voo anterior que saísse de São Paulo, via Belo Horizonte até Brasília recolhendo condenados por crimes contra o Estado brasileiro. A primeira boa notícia é a alegria do ministro Guido Mantega que vai recolher mais algum dinheiro proveniente das multas devidas pelos condenados, melhorando o superávit primário.
A segunda notícia não é boa. Se os dois Zé (Dirceu e Genoíno) se dizem inocentes e presos políticos, cabe perguntar se o governo Dilma/PT é uma ditadura.
Cabe ainda outra pergunta: Alguns dos ministros nomeados para o STF não foram indicados pelo PT? Quem indicou o presidente Joaquim Barbosa?
O que estamos assistindo neste dia da República é apenas uma amostra do que deveria ser rotina. Há muita gente roubando no Brasil. Os ladrões de galinhas, assim chamados, e os ladrões da República.
O trabalho do STF, mesmo com os embargos infringentes de duvidosa aplicação, tem que servir de exemplo para todos os juízes, promotores e delegados de polícia.
O Brasil precisa se livrar desta erva daninha que se alimenta das verbas públicas, que beneficia a família com cargos, veículos, comida, passagens aéreas e outras facilidades.
Se há um teto salarial, há que ser respeitado. Se outras leis dispõem de forma diferente, há que se equalizar.

O voo de hoje é apenas um 14 Bis, porém carregado de simbolismo. Tomara que sirva de estímulo aos brasileiros para acabar com a corrupção, a forma mais covarde de vencer na vida.

sábado, 31 de agosto de 2013

A guerra no Brasil


A guerra no Brasil
Marcos Bayer

O plenário da Câmara dos Deputados criou, pelo voto secreto, um monstro político. Garantiu ao réu condenado pelo Supremo Tribunal Federal a continuidade do mandato parlamentar. Embora preso, incomunicável, sem direito a voto, sem as prerrogativas políticas, sem o salário e as vantagens do cargo, já substituído pelo suplente, o senhor Natan Donadon é um deputado federal que atua atrás das grades.
A classe política estabelece, mais uma vez, o confronto com a população. De forma clara e nítida.
As manifestações nas ruas em Junho passado, se voltarem, trarão novos ingredientes ao protesto coletivo.
É uma pena que a população não saiba compreender o Estado no Brasil. Entender que ele é divido em três poderes e que os três negociam entre si. Vantagens que alcançam o Tribunal de Contas da União e seus braços estaduais.
Uma parte da imprensa nacional e estadual como também dos Ministérios Públicos Federal e Estadual fazem o contra ponto. Só aí existe apoio ao cidadão.
Nas estruturas de poder que compõem o Estado, negócios no melhor sentido financeiro, são estruturados permanentemente e contemplam os dois lados. Os que estão dentro e os que atuam por fora. O Brasil é uma máquina de corrupção.
As formas de corrupção vão desde a venda das águas potáveis até as licitações de pontes não dobráveis. Da utilização do carro oficial para levar a esposa ao cabeleireiro até os aviões da FAB para transportar ministras desocupadas, parlamentares e outros credenciados.

A Constituição Federal, diz: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes...
Ela, em contradição explícita, admite o foro privilegiado para os membros qualificados dos três poderes. Como pode haver foro privilegiado se todos são iguais perante a lei?

Outra questão que não querem enxergar é a diferença salarial entre os que servem ao Estado. Aqui um servente pode ganhar 40 vezes menos que um ministro, ou menos...
Na Europa, onde o Estado foi concebido em 1789, em alguns países, a diferença entre o salário máximo e o mínimo não passa de 10 vezes.
Ora, esta diferença confere uma igualdade moral entre os servidores do Estado. Aqui não. Aqui o ministro chega de carro oficial, com telefone celular livre, mais o motorista e vaga assegurada. Terno bem cortado, gravata colorida e um certo saber estampado nos gestos... Ao servente cabe apenas dizer: Bom dia doutor. A humilhação começa ali...
A reforma necessária no Brasil é a da República Federativa. Precisamos ensinar aos seus membros que República é coisa pública. E trabalhar nela é servir ao povo.
Quem quiser ganhar dinheiro deve tentar a iniciativa privada. Há boas oportunidades.





segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Uma Roma planetária




Uma Roma planetária
Marcos Bayer

Dois mil e quinhentos anos, pelo menos, e ela está lá. Centro do mundo num momento, berço do Senado, do Direito e de outros monumentos. Os cristãos inauguram um movimento, cuja pedra Mater, a Igreja, põe em funcionamento símbolos/entidades e define, politicamente, teorias e regras para seus seguidores.
Uma Roma politeísta forjada sobre várias civilizações também politeístas, inundadas de espíritos, de Fobus a Junos, é surpreendida por uma nova voz que diz: Um Pai Criador, um Filho Sofredor e um Espírito Santo, formando a Santíssima Trindade. Um único espírito. A Santa Igreja estabelece o Criador sobre o qual pouco se sabe – a origem do Universo – estabelece um Sofredor Homem nosso semelhante, como exemplo de resistência e resignação, e um único Espírito, o Santo. Todos os outros foram capturados neste.
Gladiadores de tórax musculosos são substituídos pelos atletas de academias multifuncionais, silicone moldando corpos, botox aumentando formas faciais. É a ciência, a tecnologia, é a busca da perfeição divina pela raça humana, “uma semana do trabalho de Deus” como cantou Gilberto Gil.
A Igreja e seus Concílios definem, periodicamente, rumos e estratégias políticas.
Só homens serão admitidos no clero. Haverá celibato. Assim fica resolvido o problema da procriação e da sucessão patrimonial. Mas, em razão disto, a homoafetividade se alastra. Cria embaraços globais. O Papa Francisco, elegante e carismático, diz que não é ele quem deve julgar tal comportamento. Nas entrelinhas, a Igreja aceitará mais este conflito cultural do comportamento humano.
Por acaso, a Rede Globo, uma das maiores emissoras de televisão neste pequeno mundo, expõe e aceita os dramas do personagem Félix, membro da classe alta brasileira.
Guerras Púnicas, conquistas em quase todo território europeu. Britania, Ibéria e Egito. A Pax Romana.
A Primeira e a Segunda Guerra Mundiais. Nagasaki e Hiroshima. Afeganistão e Iraque. A Pax Americana.
Bigas e cavalos potentes para tanques e aviões surpreendentes.
Do latim para o inglês.
Animula vagula blandula de Adriano (pequena alma terna flutuante).
Stairway to heaven do Led Zeppelin – Oh, it makes me wonder.
Oh, it makes me wonder…



http://youtu.be/JK_DOJa99oo




domingo, 4 de agosto de 2013

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Brasil mostra a tua cara...




Brasil mostra a tua cara...
Marcos Bayer

Primeiro eles ignoram, depois eles riem de você, depois eles brigam e então você vence.
Mahatma Gandhi

As manifestações populares que começaram pelos vinte centavos a menos no preço do ônibus se alastraram como fogo e estão em todos os setores da sociedade. Desde os caminhoneiros até os médicos. Isto é saudável porque acorda o Brasil de uma inércia imprestável e obriga a classe política e dirigente a uma revisão geral.
O plebiscito proposto pela Dilma presidente é jogo de cena para barrigar a crise e jogar no colo do Congresso Nacional a saída para a lamúria brasileira.
Lá no Congresso, mesmo entre os ignorantes, não há santos. Lá estão homens de inteligência privilegiada, juristas, economistas, sociólogos e salafrários de todos os matizes.
Eles sabem o que o Brasil precisa. Eles sabem que deve haver limites à reeleição nos mandatos de vereador a presidente. Eles sabem que o poder público não pode pagar salários com 40 vezes de diferença entre o maior e a menor remuneração. Eles sabem que não é razoável uma casta de funcionários ganhando acima de R$ 30 mil reais mensais enquanto médicos, professores, policiais, bombeiros e outros ganham R$ 2 mil reais. Eles sabem que não pode haver nepotismo. Eles sabem que os aviões da FAB não são jatos particulares. Eles sabem que usar do cargo para facilitar e ganhar com negócios privados é crime de corrupção. Eles sabem tudo. Eles são o reflexo da nação.
O perigo que estamos vivendo é apenas um: a falta de uma liderança no movimento.
Quando uma revolução se instala, necessariamente ela precisa de um orientador para não cair numa inércia infrutífera.
Foi assim na India com Gandhi em 1947, foi assim na China com Mao Tse Tung em 1949, foi assim em Cuba com Fidel em 1959. Foi assim na Revolução Francesa de 1789 com o Diretório. Todas as revoluções, como em 1917 na Rússia, tiveram um grupo de orientação.
O Brasil não pode perder esta oportunidade. Precisa encontrar lideranças comprometidas com a revolução popular que se instalou na pátria.


terça-feira, 25 de junho de 2013

April fools

http://youtu.be/UuNMlfYvmuc


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Vida e expressão


http://youtu.be/adYR0CjFtN8








Vida e expressão
Marcos Bayer

O exercício da vida é a busca constante da expressão. Cada um de nós procura sua melhor forma de interpretar, fazer e construir ao longo da caminhada. Impossível ignorar o impulso interno que se transforma em canto e faz jorrar mais vida. A vocação, a convocação a que somos submetidos diariamente, é a manifestação mais contundente da mente humana.
"Se as portas da percepção se purificassem, cada coisa apareceria ao homem tal como é: Infinita" disse William Blake, na Inglaterra do século XVIII.
A escola deveria ser a primeira instituição a ajudar na descoberta e no estímulo dos talentos de cada um. A empresa, a segunda.
A potencialidade individual, quando não revelada e desenvolvida, aniquila e subverte o ser. A expressão de cada um é tarefa sagrada, indispensável à conquista pessoal exigida pelo espírito. Em cada palco, seja ele qual for, do teatro ao canteiro de obras, da tribuna à mesa de audiência, do cavalete com a tela branca à cabine do avião, somos todos compelidos ao encontro com nossa expressão.
A vida, na agonia e no êxtase, é mais suportável quando se promove o feliz encontro entre a vocação e o seu pleno exercício.
E, assim, meio sem jeito, sem um querer absoluto, só na contemplação é que se percebe que na arte o homem encontra sua total expressão.
Pode ser num acorde, numa palavra, num gesto, num canto ou movimento, numa foto ou impressão, num passo ou num salto, na dança dos corpos ou num refrão.
A sociedade contemporânea, com todas as suas contradições, oferece através da WWW - world wide web - a maior oportunidade de todos os tempos para os que queiram viajar na História da Humanidade e encontrar o que de melhor o Homem produziu...

domingo, 5 de maio de 2013

Concerto para todas as vozes


http://youtu.be/pYrC8GQvqAQ



Concerto para todas as vozes


A arte é a vida continuada. Única hipótese em que o eterno cabe no humano é na arte... Fora disto o eterno ultrapassa o humano.
Se o espírito for inconstante, inquieto, incompreensível, impalpável, intocável, infinito e indestrutível, também só na arte será perene. E provocará todas as cores, dores e amores que deixou marcado pela mão do artista...
A arte não se supera por isto. Porque é sempre vida continuada...

05.05.2013 mb.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Estranhas Memórias II





Estranhas Memórias (II)
Marcos Bayer
E a onda bateu e voltou...
A onda que se formou no pós-guerra foi uma onda de completa reavaliação da vida humana associada. Antes dela, a Renascença Italiana, 500 anos antes, impondo uma reflexão no Ocidente sobre o fim das trevas e o início das grandes navegações e dos novos mundos recém-descobertos: As Américas do Norte, Central e do Sul.
Na segunda metade do século XX, nasceu a geração mais livre e mais crítica da história humana. Uma geração que questionou com Erich Von Daniken se os deuses eram astronautas. Uma geração que ouviu de John Lennon a frase: Somos mais famosos do que Jesus Cristo. Uma geração que ousou, quebrou regras, paradigmas, mudou hábitos, ensinou o diálogo com os pais, perguntou onde vamos colocar nosso lixo - até então lançado em qualquer matagal - como vamos morar uns em cima dos outros, pois os edifícios eram fenômeno mundial havia 30 ou 40 anos, que roupas usaremos, que sociedade queremos (uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais), que educação necessitamos? Em Paris a manifestação dos estudantes em Maio de 1968, aqui a Tropicália, nos EEUU os protestos contra a guerra no Vietnã. Glauber Rocha e o cinema novo. Hair e Jesus Christ Super Star. O perigo na guerra nuclear no Hemisfério Norte, Luiz Gonzaga em Asa Branca no Hemisfério Sul.
Ernesto Geisel e o trem bala do Japão. Mortes e torturas pelas ideias. Chico Buarque canta Reconstrução. Caetano fala da piscina, margarina, da Carolina, da gasolina...
Eu vou ao Baturité e depois na Kizumba ouvir George Benson cantar Lady Blue. When you show me a different side... Because I love you more and more... Uma geração libertária que queria um mundo melhor. Em 1981, o Senador Ted Kennedy discursava nos jardins da University of Southern California e pedia aos governos americano e soviético: Nuclear Freeze. Aqui, em 1984, dignos senadores organizavam o movimento das Diretas Já.
O Brasil começa a viver a abertura política. As drogas da década anterior, a maconha e o álcool, especialmente, são adicionados à cocaína, depois ao ecstasy e ao crack final. Tudo fica punk.
Um sonho de paz e amor, do tamanho de uma geração, santa geração é substituído pelo pragmatismo econômico que vem com a queda do Muro de Berlin, 1989, e com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Garotos focados (não sabem no que), ternos iguais com gravatas sem cor, botões fechados próximos aos pescoços, executivos sem sonhos coletivos que aprendem a roubar desde cedo.
Mobilidade urbana, modais, gestão otimizada, sushi & sashimi, kite surf e narguilé. É muito pouco em troca de uma liberdade que não terminava no horizonte, de um velho calção de banho, de um dia para vadiar, de um mar que não tem tamanho e de um arco-íris no ar... Canta Vinícius teu lindo mar de Itapoã, falar de amor Itapoã...
Sociedade de criatividade escassa, talentos represados, contidos nas magníficas telas de PC. Diferente da bárbara bela tela de TV que cantava Gilberto Gil.
Genética, profética, cibernética civilização. A cada dia me despeço da vida. É muita coisa para guardar dentro do meu eterno peito juvenil...
E a consciência da minha finitude estrangula minha garganta.
Logo ela que tanto bradou.




domingo, 14 de abril de 2013

O outro


O outro
Marcos Bayer
O outro é máximo da possibilidade humana. Um não se completa senão no outro. O quadro pintado será legitimado pelo olhar atento do outro. A música será ampliada pelos ouvidos de muitos outros, assim como o texto será pelos olhos de tantos mais.
O amor se manifesta somente no outro. Esse tal de amor-próprio que tanto reverenciam, aqui e lá, nada mais é do que cuidado solitário. Uma ficção linguística para esconder a dor. A dor da ausência.
A inesgotável capacidade humana para criar e dar continuidade à raça se funde na eterna percepção do outro.
Eu te vejo nos meus olhos e me vejo nos teus.
Troca santa de sentidos faz do homem oportunidade monumental.
Tato milenar e industrial.
Enfermo e dor recebe compaixão e prolonga a vida.
Eu fundamental em quem me sabe e sente existência atemporal.
Ondas e curvas físicas ou meta físicas, harmonia conceitual.
Ondas do mar que quebram com as ondas cerebrais.
Movimentos internos conduzem todas as energias vitais.
Talvez por isto cante o poeta: For me there is no one but you...
O momento da percepção do outro é o máximo da possibilidade humana.
E não há outra hipótese, senão esta...

http://youtu.be/YcOVTlIdPCs


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Baker street






http://youtu.be/lSIw09oqsYo

sexta-feira, 29 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

... e andando




... e andando
Marcos Bayer

O Direito ensina várias coisas, entre elas, que o fato social acontece e depois a legislação o regula. Outra conclusão do Direito é que o criminoso pode estar em qualquer classe social, intelectual e ou moral. Assim, a pedofilia está na Santa Igreja, exímios ladrões subtraem verbas públicas e pobres coitados são presos por furto qualificado. Na comercialização de armas clandestinas e drogas ilícitas, aqui e no mundo, existem conjuntos de teias de interesses e proteções que envolvem gente de todos os naipes.
Estamos atravessando mais um verão em Santa Catarina e duas peculiaridades chamam nossa atenção. A poluição das praias e o estouro das bombas.
Em relação à poluição dos balneários, a maioria parece cagar e andar. Aliás, cagando e andando é uma expressão popular, provavelmente carioca, para indicar o desleixo em relação à determinada coisa ou fato. Na Ilha, apenas o Santinho, Moçambique, Barra, Galheta, Mole, Gravatá, Joaquina e Campeche, ao leste, estão limpas. Ao sul, o Pântano, Açores e Solidão.
O sistema de esgoto que está sendo implantado no Campeche, se lançado no mar, como projetado, pode vir a ser um problema e não uma solução.
A Lagoa da Conceição, redenominada Lagay, sem preconceito ou sarcasmo, geme agoniada entre a falta de oxigênio na parte menor e a falta da rede de esgoto em sua totalidade. A existente é sucata cloacal.
A Prefeitura Municipal de Florianópolis deve anunciar uma dívida de R$ 200 milhões.
O prefeito alugou 20 ou 40 automóveis populares, brancos, para escoltar os ônibus.
O governador poderia ter oferecido parte dos carros do executivo, assim como o legislativo e o judiciário. Também o TCE, poderia oferecer alguns carros e com a doação da verba de moradia dos seus sete membros, montar uma escolinha para pobres, futuros conselheiros ou trombadinhas.
E assim vamos, cagando e andando, e seguindo a canção...
Sobre as bombas e os presos, duas palavras. Eles evitam machucar a população civil. Mandam descer dos ônibus. Pelas leituras dos jornais, sabe-se que há promessas não cumpridas pelo Estado, violência e maus tratos. Há problemas salariais, também.
O que vai pela mente de um preso quando ele descobre que uma empresa de planejamento e consultoria do sul, recebe verbas públicas, transfere para um time de futebol e paga a folha dos salários? Ele grita gol ou pensa na sua pena?


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

João Raimundo, o católico...





João Raimundo, o católico...
                                                                                                                                     Marcos Bayer



Antes de chefiar o Governo do Estado de Santa Catarina, o produtor rural João Raimundo Colombo construiu uma longa e vitoriosa carreira política. Foi deputado estadual entre 1987 e 1988, deputado federal de 1998 a 2000, senador da República de 2006 a 2010 e prefeito da cidade de Lages em três ocasiões, de 1989 a 1992, e de 2001 a 2006. É o que informa o site oficial do PSD.
Hoje, na leitura da Mensagem Anual do Governo aos deputados, na ALESC, ele narra experiência recente, vivida em Aiurê, na descida da Serra do Corvo Branco, quando da solenidade de lançamento da estrada que ligará aquela serra até Grão Pará.
Normélia Kuhnen, filha de Pedro Kuhnen, o visionário que liderou a construção da picada que corta até hoje o Corvo Branco, guarda o diário da obra, com os nomes de todos os que participaram. Gente sem conhecimento de engenharia, sem máquinas, porém com a vontade de realizar, independente das dificuldades.
Emocionado, João Raimundo, começa então a se justificar. Apesar da experiência política e administrativa anunciada pelo PSD, ele diz que o primeiro ano foi para conhecer a máquina de governo. Duas bobagens aglutinadas: Primeiro, o governo era uma continuação dos oito anos de seu antecessor LHS, onde vários membros do então PFL/DEM, depois PSD, participaram da gestão. Segundo, antes ele dizia que os dois primeiros anos foram para conhecer a máquina. Alguém deve ter sugerido a redução para apenas um ano.
O segundo ano, diz ele, foi para buscar recursos financeiros para poder gastar nas obras públicas. Aqui ele deve ter pensado, mais uma vez, no Pedro Kuhnen e feito no seu inconsciente algumas perguntas: Como eles faziam sem dinheiro? Como eles conseguiam o reconhecimento público sem a publicidade enganosa? Como era evitada a corrupção? Que tipo de homem era aquele?
João Raimundo se esquece de dizer ao povo de Santa Catarina que encontrou fluxo de caixa contínuo, montado pelo advogado paranaense Aldo Hey Neto, o homem dos vibradores de silicone coloridos, adjunto de LHS na montagem do programa de incentivos às importações pelos portos catarinenses. Aldinho, como era conhecido no círculo mais íntimo, foi preso pela Polícia Federal em 2006/Agosto.
No ano passado a Dilma presidente acabou com as alíquotas diferenciadas nesta matéria, entre os estados membros, e nós perdemos arrecadação. Aí, João Raimundo ficou sem pé nem mão. Foi como perder a mesada de repente. Em contra partida, o governo federal prometeu compensações através de empréstimos. São os tais sete bilhões para 2013/14. Antes tínhamos receita, agora mais dívidas.
João Raimundo rezou muito, muito mesmo. O que ele poderia ter feito nos dois primeiros anos de governo, e não fez, foi conhecer o sistema educacional, as escolas e os professores. Saber do sistema prisional e falar com os presos.
Conhecer a situação da agricultura, das dívidas dos nossos agricultores, dos atravessadores que pagam menos do que o mínimo quando não emitem cheques sem fundos, dos agrotóxicos fornecidos pelas empresas de sementes, especialmente as de tomate, da falta de cooperativas e de depósitos frigorificados, das necessidades do pessoal da tecnologia da informação e da “desindustrialização” que vive Santa Catarina.
João Raimundo continua rezando e comendo bolinhos de chuva no Palácio do Governo. E exatamente aqui, neste ponto, podemos entender a volta do Bira para o governo estadual. O Bira vem para rezar, ajudar a rezar.
Agora, na reta final, vão gastar os tais sete bilhões, sendo competentes.
Gastarão um bilhão em publicidade neste biênio, nele incluído a despesa de campanha.
E se ganharem? Este é o problema maior. Se ganharem, serão mais quatro anos de orações, de lamentações, de inércia. Porque os tais sete bilhões terão sido gastos, o fluxo criado pelo Aldo Hey Neto não voltará e o exemplo de Pedro Kuhnen será mais uma figura de retórica utilizada em vão. É bom que os partidos pensem nas alternativas. Será difícil para Santa Catarina aguentar mais quatro anos de João Raimundo.
Minha sugestão: Montem o João Raimundo num cavalo crioulo, coloquem a foto do Pedro Kuhnen sobre o outro cavalo e escrevam na peça publicitária: “A quem madruga Deus ajuda”.



sábado, 26 de janeiro de 2013

Nest of Cats





Nest of Cats
Marcos Bayer

Ninho de gatos é o espaço físico onde cabem todos os felinos recém-paridos e mais alguns, se necessário. Assim está a política catarinense, um ninho de gatos, talvez um balaio deles.
Em 2014 temos possíveis composições, já especuladas, entre PMDB – PSD – PSDB ou PT e ou PP.
Se a Dilma presidente mantiver os níveis de aprovação popular, aqui em Santa Catarina terá o apoio do PMDB, do PSD (criado para apoiar o PT), talvez do PP e outros menudos. O PT indica o candidato ao Senado e entra neste grupo, conforme já declarou LHS, tendo em vista as semelhanças que existem entre estes partidos. Especialmente as identidades, agora comprovadas na Ação Penal 470 do STF, entre PSD e PT. Não se pode mais dizer que estes partidos são opostos e divergentes em relação ao manuseio do dinheiro público.
O José Dirceu é tão semelhante ao José Agripino Maia quanto são dois angorás brancos.
Na outra ponta é possível que o PSDB corra em palanque próprio para dar voz ao FHC/Aécio Neves. Neste caso, a vaga ao Senado Federal nesta chapa para ser uma “blue chip”, como se diz no mercado acionário. Quem nela estiver corre contra a Ideli Salvatti. E sendo um candidato/a sólido, leva a cadeira senatorial.
Bom lembrar que esta geleia geral barriga-verde tem origem na liderança de Esperidião Amin. Eleito governador em 1982, apoiou o movimento das eleições diretas, armando o palanque em SC, aproximou-se de Jaison Barreto e Leonel Brizola em 1985, perdeu em 1986, ganhou em 1988 (PMF) e 1990 (Senado) e ganhou novamente em 1996 (Ângela Amin na PMF) e 1998 (Governo Estadual). Tornou-se uma ameaça para os dois lados do forte bipartidarismo local. Ganhou em 2000 (Ângela Amin na PMF). Perdeu sua própria sucessão em 2002. Perderam em 2004. Em 2006 perdeu para os dois lados então unidos, PMDB e PFL. Perdeu em 2010 da mesma forma, com Ângela Amin, mas elegeu-se deputado federal.
Seu partido, afora algumas traições, foi buscar abrigo no lado de lá...
A primeira conclusão é que as forças políticas não admitem uma liderança isolada e “fechada”. Querem o consórcio do poder, como agora.
Para finalizar um pequeno comentário sobre a PMF, a FLORAM  e a Ponta do Coral.
Depois do choque que a cidade viveu, ao saber da indicação do ex-desembargador Volnei Ivo Carlin, membro de um escritório da advocacia especializado em direito ambiental que presta serviços a empresa interessada na obra, surge a hipótese de que o prefeito não quer a obra pretendida. Primeiro, porque ela será o negócio da década, algo em torno de R$ 340 milhões de reais. Segundo, porque o magistrado sabe que a competência para aterrar ou autorizar aterro é a União. E os acréscimos assim chamados, são propriedade da União ou do Estado, desde que para construção ou uso público. E todos sabem que no caso pretendido, um aterro de 35 mil m2, que somados aos 15 mil m2 atuais, serão para viabilizar o hotel. Mesmo que na área aterrada sejam construídas praças, vias de acesso e outras. O aterro só tem uma finalidade: Dar valor pecuniário ao terreno como está. Simultaneamente, viabilizar o empreendimento.
Seria como dar a cada cidadão que mora à beira d’água o direito de aterrar, para expandir sua propriedade e construir uma pousadinha de verão.
Um escritório de advocacia competente na matéria ambiental, um magistrado experiente e um cego, conseguem ver o significado da pretensão sobre a Ponta do Coral.
E com a nomeação do candidato derrotado nas eleições municipais para a FATMA, indicação patrocinada pelo vice-governador, as licenças ambientais deverão ser mais rigorosas. Tanto quanto serão na FLORAM.