quinta-feira, 28 de junho de 2012

terça-feira, 26 de junho de 2012

domingo, 24 de junho de 2012

@ Rio








@ Rio
Marcos Bayer

E a Conferência da ONU, a Rio + 20, entrou para o circuito turístico da cidade.
Traz gente de todo o planeta, toma a rede hoteleira, enche os restaurantes e mobiliza bares, boates e shows específicos.
Virou um happening no calendário mundial. Todos falam das desgraças ambientais, prometem medidas saneadoras, alguns protestam, a mídia cobre a conferência, os portadores de necessidade especiais são considerados e assim cegos, surdos e mudos passam à condição de cidadãos globais.
Os EEUU anunciam pequenas ajudas aos países pobres, aos africanos, para a geração de energia eólica, U$ 20 milhões de dólares. Isto compra 20 apartamentos em Balneário de Camboriú, dos médios. Mas, como ninguém compara os números, tudo parece benemerência. O PIB mundial deve rondar os U$ 70 trilhões de dólares. O dos EEUU é de U$ 17 trilhões.
Somos sete bilhões de habitantes, três bilhões ainda sem as garantias básicas da sociedade cibernética. Metade dos humanos não tem: telefone, calorias suficientes em suas refeições e principalmente saneamento. Saneamento. Um bilhão mora em condições precárias.
Neste quadro, onde a poluição aumenta e a água potável começa a escassear, os países participantes, entre eles os EEUU, decidem continuar com seu modelo econômico baseado na exaustão dos recursos naturais.
Assim, quarenta anos depois da Conferência de Estocolmo, em 05 de Junho de 1972, a questão ambiental continua conceitual, com algum avanço na reciclagem na Europa. No Brasil é marcante a reciclagem do alumínio utilizado nas latas de cerveja, sucos e refrigerantes.
Para os ricos sempre haverá uma ou outra ilha com mar limpo ou banheiras de água cristalina, champagne, música e toalhas brancas lavadas em algum lugar. Os cenários de papelão, coloridos e decorados, apresentarão as telas com os filmes sobre a biodiversidade, os cata-ventos geradores de energia, a reciclagem do alumínio, as casas iluminadas pelo sol e uma parafernália de objetos que o mercado inventou e passou a produzir para que os sete bilhões de consumidores sonhem com novo mundo. Metade deles pode comprar os carros, geladeiras, televisores e até roupas com o selo verde. A outra metade não sabe o que se lhe apresentará.
Estamos colocando uma samambaia dentro de cada apto em Copacabana, como fizeram os hippies nos anos setenta do século passado. Não se resolveu o problema da carência de áreas verdes no bairro e ainda acabaram com uma quantidade razoável de xaxim em algum lugar do Brasil. Este é o quadro mundial. Estamos pendurando samambaias, ainda. E destruindo os lotes de xaxim.
De útil, uma conscientização entre as crianças urbanas, que nunca foi perdida entre os habitantes do campo sobre os ciclos da vida, as estações, o cuidado com a água e o descanso da terra. Muito embora, até aqui na serra catarinense, a maioria planta a maça, o tomate e outras hortaliças com uso maciço de fertilizantes e defensivos agrícolas, ou seja, com venenos que correm para os rios com a força das chuvas.
A questão ambiental ainda é teoria para a humanidade.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rodeio






Rodeio
Marcos Bayer

Rodeio porque roda, tudo roda sem parar. Roda o vento, roda o tempo, roda a vida sem cessar. Tudo roda desde o começo até o final, sem mudar. Ciclo eterno, ciclo vivo, ciclo e agora reciclar.
Houve um momento, não importa quando, que nossos antepassados sentiram necessidade de conversar. A comunicação gestual e gutural deu lugar ao falar. Inventamos a língua e a linguagem, a escrita inclusive, em algum lugar do crescente fértil, milênios antes da Grécia pré-cristã.
Antecede a este momento, a linguagem escrita, a invenção dos deuses. Precisávamos deles para agradecer ou blasfemar. Ou a boa colheita ou a má sorte em qualquer sentido. Aos deuses chamamos depois, já na Grécia, de Theos.
Theos é vida, essencialmente vida. Entusiasmo, o sentimento que nos movimenta, que nos dá a capacidade de criação, de vivacidade, de procura e força, tem um significado simples: En + Theos + Mos = com deus dentro. Entusiasmado é aquele que possui Deus dentro de si.
Como Deus era vento, sol, seca, maré ou qualquer outra manifestação da Natureza, Deus era a força interna também.
Na evolução pós Grécia, marco da civilização ocidental, todos os conceitos basilares refletiam Deus e sua ausência. Eros e Tanatos ou vida e morte.
A morte é a ausência de Deus, de entusiasmo.
Quando se escreveu phalo e dele derivou fascínio, mais uma vez, deu-se ao masculino a capacidade de procriar, reproduzir a espécie, formar a humanidade. Obviamente com a participação da mulher que em alguns momentos foi matriarca.
É possível que em algum momento não tenha havido a necessidade da separação formal entre masculino e feminino, como em algumas línguas modernas assim se confirma.
O que importa, e é tudo, é que o entusiasmo define os caminhos do homem.
Nele, no entusiasmo, consubstancia-se Deus: a força geradora, criadora, inventora.
A força que formula as sementes daquilo que serão as frutas, os peixes, aves, animais, flores e tudo que compõem a Natureza.
O mesmo entusiasmo que dá ao homem a capacidade de inventar a roda, a caravela, a máquina a vapor, a luz elétrica, o rádio, o avião ou o computador.
En + Theos + Mos. O Deus dentro de mim.
O amor pode ser o encontro de dois entusiasmos que assim permanecem pelo tempo que lhes é permitido permanecer.
A política é entusiasmo coletivo pela organização da comunidade.
O esporte, no caso brasileiro, o futebol é o entusiasmo das diversas bandeiras.
A vida, em cada minuto, até o último sopro é a manifestação do entusiasmo de cada um de nós.
Por isto, Rodeio. Porque tudo roda sem parar...





terça-feira, 12 de junho de 2012

Your song




Sinistra

Diz-se dela, sinistra, adoravelmente sinistra...
Legal, bonita ou saborosa... Ou mera ilusão...
Pode ser trina, duo ou una. Italiana definição...
Leve, alegre e pura emoção...
Menina inquieta, esperta, centrada e furacão...
Doce mulher, mistério e explosão...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A vitrine da menina no Natal








Menina feliz e tonta com as vitrines de Natal
Tinha olhos cintilantes e molhados pelo reflexo do céu
Olhava seu presente com a lembrança da infância ocasional
Ria, pulava de alegria, solta sentia o movimento eterno ou inaugural...

Mulher que um dia foi menina
Que brincava dentro da sua fantasia
Agora podia escolher entre a música ou a bailarina
E viver a eterna menina forjada feminina...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Atia





Para Atia:

Às vezes penso que tu possas ser muito prática, funcional...
Depois releio as imagens e sinto que pode ser fraternal, conjugal, memorial...
Quando falo de memorial, falo de uma mulher com a memória ancestral, da fêmea monumental...
Daquela que é capaz de ser várias num só movimento orbital...
Mas, aos poucos, vejo sorrisos, mãos e trejeitos...
Vejo velocidade mental, vejo suavidade manual...
E assim, fraccionada, monto a imagem ideal...