sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O momento político e o Brasil de agora...




O momento político e o Brasil de agora...

Marcos Bayer

A queda do avião que transportava Eduardo Campos e seus auxiliares mais próximos, desnuda mais uma vez o Brasil e a sua vida política. Não há dúvidas de que era um homem preparado, sensível e disposto em relação ao país.
Em razão dos curtos períodos democráticos que a nação pode viver, de 1946 até 1964 e depois de 1989 até hoje, não experimentamos ainda, pelo menos, 100 anos de eleições livres e continuadas. Somos um país em construção, inclusive institucional. Por isto, dizem, que ao redor de 200 famílias influenciam nossa vida política. Eu diria, acrescentando, que os que não pertencem às tais famílias, delas são empregados. É o caso em Santa Catarina, atualmente.
As famílias são de tradição política variada. Podem ser socialistas como os Arraes, os Mangabeira, os Brizola ou podem ser de extrema direita como os Maia, os Maluf, os Sarney e tantos outros. E volta e meia, surgem personagens isoladas, fora das tais famílias, como o Gabeira, o Bolsonaro, o Barreto ou o Lerner.
Os independentes são poucos e raros. O Brasil ainda é uma grande oligarquia, controladora do Estado e de seus empregados imediatos. Com a prática das eleições continuadas haverá a depuração e polinização da política. Nossos netos a verão.
A costura política de Eduardo Campos é uma amostra perfeita da situação brasileira na sua composição política. Construiu um arco que vai desde o velho e acabado PFL, agora com novas siglas (DEM – PSD – outros) e foi até os Verdes da Rede Solidariedade.
Se vitorioso, teria que ser o mágico e o equilibrista simultaneamente.
Não é diferente na chapa PT/PMDB ou na chapa de Aécio Neves. Todos estão misturados com todos. Estamos vivendo a geleia geral brasileira.
Faz parte do processo de estruturação partidária esta “meleca” democrática. Espero...
A comoção vivida em razão de seu desaparecimento prematuro será condimento eleitoral. Aumentará o interesse do eleitor que estava apático e sonolento com tanta embromação.
O fato é que Eduardo Campos deu uma pitada de sal na nossa política. Sua figura exigiu mais seriedade, mais competência, mais simpatia, mais alegria e mais brasilidade. Nordestino, foi forte e honrou a tradição dos Arraes. Perdeu o Brasil, mais uma vez.