quarta-feira, 31 de agosto de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
domingo, 28 de agosto de 2011
Last tango in Paris
The look of love around the world
Marcos Bayer
De todas as sensações humanas, nenhuma maior do que a do amor. Inebriante desejo que atrai e devolve, como um imã invisível, a necessidade de reunião como na mitologia grega, onde um passou a ser dois para voltar a ser um. Eternamente...
Em seu nome, passageiro ou permanente, a vida gira e cantam as almas, sejam elas como forem, sedentas da experiência humana. Ele vem de várias formas, silencioso ou estridente, anônimo ou identificado, intenso ou suave.
Não é possível explicar, represar ou banir. O amor é força incontrolável.
Ele começa na escola, quando meninos e meninas se entre olham e elegem seus diletos, sem saber o motivo. Na adolescência ele se instala para conduzir as descobertas da sexualidade. Depois, ele é a base para a procriação e, consequentemente, para a continuidade da espécie. E aí, aparentemente, ele ficará contido no casamento, deslizando pelos anos até o momento final.
Ou, de maneira alucinante, ele vem e bate à porta, entra e diz: Estou aqui mais uma vez para saber o que sou e o que posso significar. E, quando correspondido, move todos os obstáculos para que possa acontecer e corporificar.
Ele acontece na pequena vila nos arredores de Saigon, no lado proibido de Berlin, na esquina noturna de São Paulo, na praia da Joaquina, no Central Park de Nova York ou nas ruas de Paris. Ele acontece em todo lugar, por todo o mundo. Pode ser numa tarde chuvosa e fria de inverno ou numa manhã ensolarada de verão.
Ele vem sempre, mesmo no final da estrada da vida. Ele é um fazedor de encontros, um descobridor de essências, um provedor de prazer. Inesperadamente ele diz: Canta, canta mais alto que eu quero ouvir...
E assim ele segue, através dos tempos, acompanha o Homem e molda sua História.
Quantas Cleópatras não dividiram Roma? Quantas Helenas não queimaram Tróia? Quantas delas, em nome dele, não escreveram as mais belas páginas da história humana?
Ao partir, e todos partiremos de alguma forma, quase nada levaremos. Talvez, apenas o amor, da forma que for, com ou sem dor...
Assim, feliz daquele que puder dizer: There is no other Troy for me to burn...
sábado, 27 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Diarium
domingo, 21 de agosto de 2011
Aos mestres, todos...
Marcos Bayer
Um homem que recebe o sopro do espírito divino para cuidar das letras, para transmitir conhecimento, para despertar vocações e guiar outros homens é um ser privilegiado. Por mais dura que seja a vida, por menos reconhecida que seja a atividade do magistério, e é, ao professor é imputado o poder da expansão civilizatória. É ele que ensina a ler, escrever, refletir, propor, ousar e criar.
Pode ser na universidade, pode ser na aldeia indígena, na Roma antiga, na Academia de Platão ou no Liceu de Aristóteles.
Pode ser em Sagres, onde estudaram os marinheiros que descobriram e circunavegaram o planeta, confirmando nossa globalidade nos 1500, depois visto do espaço por astronautas que estudaram na escola soviética, como Gagarin, em 1961, quando percebeu em nome da Humanidade que a Terra era azul, e os da NASA que chegaram a Lua em 1969.
Foi assim no Renascimento brotado numa Florença medieval que reunia talentos capazes de redimensionar a obra do homem. Leonardo Da Vinci retomava a forma de Marco Vitrúvio, arquiteto romano contemporâneo dos césares, para relembrar a escala humana dentro de um círculo onde cabia o corpo e a expansão dele. Salvador Dalí soube liquefazer a imagem, Chaplin e Buñel deram-lhe movimento. O movimento humano real foi transposto para uma tela. Nós nos víamos noutra dimensão. Pablo Picasso pintou em dois tons predominantes, azul e rosa, antes de desconfigurar para reconfigurar a forma. Miró brincou conosco compreendendo que somos pequenas peças coloridas no Universo móbile. Van Gogh colocou sobre a tela branca a textura da massa em relevo para depois pintar a noite mais estrelada de todos os tempos. Victor Hugo descreveu como ninguém a miséria e a grandeza do caráter humano. Nureyev e Baryshnikov voaram sobre os tablados como tantos atletas o fizeram nas pistas olímpicas. Vozes tantas, de Frank Sinatra a Dionne Warwick, de Pavarotti a Ella Fritzgerald. Compositores que liam a aventura humana através das notas musicais, como Mozart, Wagner ou Jobim.
Nós vivemos mais uma etapa desta irrevogável expansão civilizatória representada pela cibernética, pela comunicação instantânea e pela consequência imediata do ato humano.
Nunca fomos tão fortes e tão frágeis, simultaneamente. Nunca a experiência humana foi tão interdependente. Nunca foi tão necessário homens de letras, professores e formuladores, escritores e poetas, cineastas e atores. Músicos e tocadores. A sinfonia da vida será sempre necessária...
sábado, 20 de agosto de 2011
sábado, 13 de agosto de 2011
Why in London?
Marcos Bayer
Os acontecimentos em Londres, recentes, são semelhantes aos incêndios de Paris, no bairro de Saint Denis, em 2005. As explicações politicas e sociológicas vão desde a violência inconsequente da juventude, passam pelas drogas e culminam na falta de trabalho, consequentemente na precariedade de sobrevivência.
Vários países europeus cortam despesas públicas, entre eles a Itália, para equilibrar orçamento. Espanha, Grécia e Portugal em dificuldades e com níveis de desemprego beirando a taxa de 20%.
Quando não se enxerga o horizonte, o desespero acontece. É assim na vida pessoal, das empresas e dos países. Vivemos de esperanças e perspectivas.
Alguns anunciam o fim do Well Fare State sugerindo que ele, por enquanto a maior conquista da humanidade, quebrou os países que o adotaram.
Imagine transporte público de boa qualidade, assistência médica gratuita, escolas, creches, assistência psicoemocional, seguro desemprego e, claro, tributação para pagar a conta. Além de um patrimônio cultural edificado nas ruas, exposto nos museus, saboreado nas mesas e bebido nas taças.
Por outro lado, os EEUU adeptos da sociedade centrada no mercado, do livre empreendimento e do self made man, devem a si mesmos o que produzem num ano. Tecnicamente quebrados. A conta é de 14 trilhões de dólares. Quase o mesmo que a Europa produz anualmente. Organizaram uma sociedade inspirada nos valores da velha Britannia, onde o exercício da democracia e a liberdade de expressão são fundamentos exemplares. O direito à privacidade, outra característica, vai diminuindo na medida em que se sentem ameaçados por forças externas. Uma sociedade medianamente instruída, amante do shopping center e do automóvel. Capaz de produzir Hollywood e música, especialmente negra, de boa qualidade. Vamos deixar os esportes para outra oportunidade. Uma classe intelectual capacitada em várias áreas do conhecimento humano, porém capaz de disseminar pelo mundo teorias de management e business, absolutamente falaciosas, onde o descarte do ser humano é o primeiro movimento rumo à eficiência e a produtividade. Uma sociedade capaz de inscrever em sua moeda: In God we trust. O caminho para Deus, seja ele qual for, aceitando que ele esteja no plano metafísico, indica que a moeda nunca poderá ser rota ou referência. O dinheiro compra apenas o que está aqui. No mundo físico. Mesmo com as tentativas bem sucedidas da Igreja Católica na venda das indulgencias, o lugar no céu não pode ser garantido pelo Federal Reserve, o Fed.
Nesta discussão já superada, há que se considerar a China, sua estrutura de produção baseada em 20% da população mundial, salários de subsistência, tributação desconhecida e restrições ambientais ignoradas. Sem profecias, sabemos que a revolução dos chineses pode quebrar estruturas de produção em muitos países. Sabemos, também, que as conhecidas barreiras alfandegárias podem proteger economias nacionais. Porém, o capital que não tem mais pátria já montou suas empresas por lá e exportará para cá.
A política que se manifesta através do Estado, é cada vez mais refém do capital.
Recuando apenas 300 anos na História, vemos o monarca perdendo o poder absoluto para o homem que se fez cidadão, reorganizando a estrutura de mando com três forças, cujo objetivo era a liberdade, fraternidade e igualdade.
E a Europa, berço desta revolução, construiu desde a velha Atenas e entregou ao mundo o que há tem melhor na experiência coletiva: O Humanismo.
Por razões que podem estar gravadas no genoma, uma das descobertas da biotecnologia, iremos ao encontro do capital, desconstruindo na sociedade o modelo mais próximo da perfeição.
Isto gera uma transformação nos homens, independentemente de suas capacidades de compreensão.
Nos países periféricos, ocorre mais corrupção. Aqui, por exemplo, todos os dias, assistimos pelo canal nacional os roubos da capital federal. No governo estadual e municipal, também. Um emprega o filho no outro poder e retribui da mesma forma.
Chamam a isto de capitalismo puro. De estado mínimo.
Na Inglaterra, berço da ideia constitucional (1215), da liberdade de imprensa (1644), do parlamento de Oliver Cromwell, da Mary Quant e dos Beatles, alguns arruaceiros resolveram dizer: Somos pobres, não vemos o horizonte, nossos pais são emigrantes, temos poucas chances, não haverá lugar para todos...
Quando roubam o dinheiro público, aqui como lá, são arruaceiros ou homens de bem?
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Entre os dois lados da mesma moeda
Marcos Bayer
Do ponto de vista físico, este é o ponto mais estreito da moeda: O meio entre os dois lados. Assim na organização política da vida humana. Os gregos conceberam quatro formas de governo: Tirania, Oligarquia, Democracia e Aristocracia. Esta última seria a melhor porque os governantes seriam os mais sábios e íntegros. Roma concebeu a República e o Senado como instituições políticas para tomada de decisões e contra peso aos poderes do imperador. Faz mais de dois mil anos.
Somente em 1776 foi concebida e aceita a ideia do liberalismo econômico de Adam Smith. Em 1848 apresentou-se o Manifesto Comunista de Karl Marx. Só em 1917 se implantou o regime comunista, experiência fracassada por várias razões, entre elas a falta de liberdade, em 1989, na ex-URSS.
Na crise de 1929, nos EEUU, quem salvou o capitalismo, através da intervenção estatal na economia, foi John Maynard Keynes.
Ele e outros inspiraram a Europa do pós-guerra, em sua reconstrução, com recursos norte-americanos, o Plano Marshall, na direção do chamado e já em extinção Well Fare State.
A China, desde 1949, passando pela Revolução Cultural de 1966 e outras várias subsequentes, montou a estrutura de produção, a mais eficiente da atualidade, baseada em abundância de mão de obra com os mais baixos salários do planeta.
É a melhor aplicação da mais valia, já vista. A humanidade vive um clima de felicidade adquirida em prestações. A síndrome de mais uma transformação no caminho do homem. Centenas de canais de televisão, google, e-mail, facebook, twitter, celular, tablets, laptops, blogs e multimídias diversas. Pílulas para emagrecer, dormir, não engravidar, não deprimir e tonificar a musculatura. A medicina é capaz de intervenções no corpo humano sem abri-lo. Tudo é evolução. Para onde?
Se todos os habitantes, sete bilhões hoje, tivessem o mesmo nível de consumo, teríamos que trazer Marte para mais perto, a fim de extrair seus recursos naturais. Supondo que houvesse o que extrair.
O sistema de produção capitalista precisa ganhar em duas pontas, pelo menos: No pagamento da mão de obra e na aquisição dos recursos materiais usados no processo de transformação ou venda: Pode ser matéria prima, energia e até espaço físico para estocagem ou pontos de comercialização. É o sistema mais perfeito de retro alimentação já inventado pelo homem. Com alguns requintes: Os mantenedores da engrenagem são os pequenos e médios produtores. Estes são os que empregam e pagam os impostos. Os grandes operam o Estado, através de seus representantes políticos, obtendo as vantagens e ou facilidades de que precisam para permanecerem do tamanho que são e ou crescerem. Se quiserem exemplos, vejam a agroindústria nacional. Em escala mundial, vejam o setor de bebidas. Cervejas em especial, aviação em particular.
Outro requinte espetacular do capitalismo puro é quem está fora, morre.
Se o princípio que rege a vida, ou deveria regê-la, é a solidariedade, estamos longe dela. Quando a sociedade ocidental, na França, em 1789, pôs fim ao poder monárquico e concebeu um Estado, inspirado na liberdade, fraternidade e igualdade, a civilização avançou. Ela foi buscar inspiração em Atenas e Roma, cujo legado político é pedra fundamental para o Homem.
Seguiremos, não há dúvidas, de ajustes em ajustes, como sempre foi e tem sido.
Mas, repetindo Leonardo Boff, duas imagens aumentam: O esgotamento da Terra e a dificuldade de absorver e remunerar o trabalho humano.