sábado, 22 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
terça-feira, 18 de outubro de 2011
black make up
Sem maquiagem
Para os que gostam de conversar, pelo interesse na conversa, pode ser sem maquiagem. A maquiagem ajuda, enfeita e pode aumentar atração e o interesse. Mas, o que sustenta a convivência é a conversa.
Assim também em relação às cidades e seus bairros. Em determinadas épocas bastavam às conversas entre amigos, o encontro diário, a praia, a música e o cinema. E os relacionamentos mais fraternos e verdadeiros é que carregavam comentários e malícias na proporção dos fatos. A vida passava sem maquiagem. De cara lavada.
De repente, fruto da transformação social, da incorporação do ideal estético-sexo-olímpico-neon surge uma maquiagem total, pintando como saíra das sete cores, a alma intocável pela pasta multicolorida. Mulheres estressadas, mantidas na aparência triste da festa interminável da aceitação. Da mesma forma, pretendentes solitários e bem vestidos, entorpecidos nos limites de suas dores. Perdidos entre artefatos complexos, quase todos etiquetados por grifes mundiais, desenhados em Milão e produzidos na China. E assim, iludidos passageiramente, tanto quanto duram as fantasias, caminham cegos, com os olhos bem abertos, em direção ao breve anonimato consentido. Esquecem que só o talento, seja ele qual for, pode eternizar o homem.
Assim acontece com as cidades. As que são eternas, entre elas Roma, Paris ou Brasília, o são e serão porque conseguem conservar aquilo que os arquitetos chamam de identidade.
Podem ser cidades pequenas, como várias na costa mediterrânea, nos campos da Toscana ou em algumas ilhas do Caribe. Pode ser na costa do Uruguai.
A Ilha, grande Florianópolis que um dia amparou distintos pontos, desde lagoas e praias, chácaras e bosques, cede às forças da expansão, vende seus espaços em metros quadrados de concreto e aço, aceita em sua face pastas e pós coloridos tão intensos quanto à solidão dos que transitam em suas ruas, incógnitos e extasiados com a possibilidade de habitarem numa cidade que já não consegue mais viver de cara lavada... Há muito o que esconder.
domingo, 16 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Rain Dancer by John Klemmer
Spinoza, o espírito e o homem...
Marcos Bayer
A ordem de entrada não deveria ser esta, afinal Spinoza viria depois do espírito e do homem. Mas, como a referência é ele, entra em primeiro lugar. Genial pensador de origem familiar cantábrica, da cidade de Spinoza, na cordilheira norte da Espanha, que passou por Portugal, pela França e alojou-se em Amsterdã, então centro cultural europeu. Incompreensões religiosas motivaram a caminhada desta família de judeus, que atravessou geograficamente o catolicismo e dele foi banido, para numa Holanda em franca expansão comercial, poder nascer Baruch Spinoza (1632-1677), brilhante aluno de uma escola revolucionária para sua época, a Árvore da Vida.
Cabe lembrar que à época havia uma luta religiosa na Europa onde o embate envolvia o catolicismo e seus reformadores Lutero e Calvino já manifestados, um século antes, com judaísmo e outras religiões conhecidas pelos estudiosos e navegantes. Inclusive a bruxaria. De qualquer forma, hoje, acredito a profusão delas á ainda maior. Desde aquelas do Oriente milenar até as que estão nos canais de televisão das madrugas pagãs.
Quando os primatas, suponho, perceberam seus medos em relação ao desconhecido, à dor, à morte e aos resultados objetivos do amanhã, devem ter iniciado a conversa com os espíritos.
De onde eles tiraram esta ideia não sabemos, mas tudo começou por lá. Nos ventos, no sol, nas estrelas e na escuridão, encontraram entidades extra-humanas, e então, começou este infindável diálogo que acompanha a humanidade.
Diante da impossibilidade de saber como é do outro lado, supondo que haja outro lado, Spinoza conseguiu resumir a longa discussão existencial com simples palavras: Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. E que pensamento e matéria são apenas dois atributos conhecidos por nós, dentre infinitos outros...
Portanto, qualquer hipótese, além disto, é especulação, por enquanto. Ou fé.
E aí cabe uma pergunta que a ciência poderá responder: A menor partícula da matéria, a mais profunda cisão do átomo, tenha o nome que tiver, poderá ser a primeira parte do pensamento?
O que é um megabyte?