A guerra no
Brasil
Marcos Bayer
O plenário
da Câmara dos Deputados criou, pelo voto secreto, um monstro político. Garantiu
ao réu condenado pelo Supremo Tribunal Federal a continuidade do mandato
parlamentar. Embora preso, incomunicável, sem direito a voto, sem as
prerrogativas políticas, sem o salário e as vantagens do cargo, já substituído
pelo suplente, o senhor Natan Donadon é um deputado federal que atua atrás das
grades.
A classe
política estabelece, mais uma vez, o confronto com a população. De forma clara
e nítida.
As
manifestações nas ruas em Junho passado, se voltarem, trarão novos ingredientes
ao protesto coletivo.
É uma pena
que a população não saiba compreender o Estado no Brasil. Entender que ele é
divido em três poderes e que os três negociam entre si. Vantagens que alcançam
o Tribunal de Contas da União e seus braços estaduais.
Uma parte da
imprensa nacional e estadual como também dos Ministérios Públicos Federal e
Estadual fazem o contra ponto. Só aí existe apoio ao cidadão.
Nas
estruturas de poder que compõem o Estado, negócios no melhor sentido
financeiro, são estruturados permanentemente e contemplam os dois lados. Os que
estão dentro e os que atuam por fora. O Brasil é uma máquina de corrupção.
As formas de
corrupção vão desde a venda das águas potáveis até as licitações de pontes não
dobráveis. Da utilização do carro oficial para levar a esposa ao cabeleireiro
até os aviões da FAB para transportar ministras desocupadas, parlamentares e
outros credenciados.
A
Constituição Federal, diz: Art. 5º Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes...
Ela, em
contradição explícita, admite o foro privilegiado para os membros qualificados
dos três poderes. Como pode haver foro
privilegiado se todos são iguais perante a lei?
Outra
questão que não querem enxergar é a diferença salarial entre os que servem ao
Estado. Aqui um servente pode ganhar 40 vezes menos que um ministro, ou
menos...
Na Europa,
onde o Estado foi concebido em 1789, em alguns países, a diferença entre o
salário máximo e o mínimo não passa de 10 vezes.
Ora, esta
diferença confere uma igualdade moral entre os servidores do Estado. Aqui não.
Aqui o ministro chega de carro oficial, com telefone celular livre, mais o
motorista e vaga assegurada. Terno bem cortado, gravata colorida e um certo
saber estampado nos gestos... Ao servente cabe apenas dizer: Bom dia doutor. A humilhação
começa ali...
A reforma
necessária no Brasil é a da República Federativa. Precisamos ensinar aos seus
membros que República é coisa pública. E trabalhar nela é servir ao povo.
Quem quiser
ganhar dinheiro deve tentar a iniciativa privada. Há boas oportunidades.
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