sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O conto da beata






O conto da beata
Marcos Bayer

Tão logo se viu interino no governo, Ponticelli aprontou o maior escárnio da história política de Santa Catarina. Na mesma linha do show do Andrea Bocelli, da Árvore de Natal, do metro de superfície da capital, do caso Celesc/Monreal, da reforma da ponte Hercílio Luz, entre outros.
Santa Catarina nos últimos anos, de 2003 para cá, vem trilhando caminhos de farsa, de logro, de enriquecimento veloz e decadência.
Ponticelli reuniu uma comitiva de 10 ou 15 pessoas, não se sabe ao certo porque não divulgam, e foi a Roma para uma audiência pública, onde milhares de pessoas participaram. Parece que por dois ou três minutos a comitiva pode dizer: a beata, a beata, beata... E Sua Santidade Papal teria respondido: Quien és? Quien és?
A brincadeira do interino pode ter custado uns R$ 100 mil reais, dependendo da classe em que viajaram no avião e do hotel em que ficaram hospedados. Dinheiro público supõe-se.
O presidente da FIESC chegou a levar um diretor de relações internacionais para testemunhar a aventura. Dele sabe-se, começou a vida como ajudante num pequeno mercado até aprender economia e dirigir cerâmicas. Portanto, é estudado e sabe o valor do dinheiro. Ou caiu de gaiato no conto da beata ou a FIESC passa por um momento atípico, como dizem os economistas.
Outro padre – deputado aproveitou a ocasião, integrou a comitiva e foi pedir pela canonização de outro semi - santo. Parece que do PT, o parlamentar.
Aliás, aproveitando, houve um tempo, mais de um tempo, em que o Governador de Santa Catarina, preparado para o cargo, viajava ao exterior com agenda aberta, informando a comitiva, os hotéis e os telefones onde estavam. Os jornalistas, todos, viajavam na mesma classe das autoridades. Na executiva, onde viajam as pessoas que trabalham e voam longos trechos. Os encontros bilaterais variavam de seis a oito por dia, afora o jantar com o anfitrião estrangeiro.
Hoje, sai um governador para um lado, um vice para outro, passam vários dias no exterior, informam um encontro de trabalho, apenas um, sem fotos, sem relatos, sem testemunhas. Ou estamos tratando de coisas muito secretas ou há férias disfarçadas.
No Ministério Público de Santa Catarina, recentemente, houve uma campanha contra a corrupção. Um promotor de sobrenome sulino, terra da beata Albertina, perguntava: O que você tem a ver com a corrupção?
Distribuíam papéis informativos nos Postos da Polícia Rodoviária Federal, em companhia de conselheiro do Tribunal de Contas. Veiculavam imagens de pessoas da comunidade na TV, fazendo a mesma pergunta.
Até a filha do Bira, o amigo do Raimundo Colombo, foi nesta viagem. Moça educada nos padrões morais e éticos dos EEUU deve ter ficado constrangida com farsa montada em cima da beata Albertina.
Os industriais e comerciantes deveriam sustar imediatamente o pagamento de ICMS até que os esclarecimentos fossem dados e as verbas devolvidas aos respectivos cofres. Não faltaria apoio da sociedade.
A política catarinense, desde 2003, está nas mãos deste tipo de gente. Gente que negocia...

Também não se sabe da entrevista que o interino Ponticelli daria a uma rádio do Vaticano. Supondo que ele saiba falar italiano, usando a tecnologia de hoje, pelo SKIPE, é possível falar com o mundo inteiro, gratuitamente. Logo, de seu gabinete na Assembleia, em Santa Catarina, pode falar com Roma todos os dias. Inclusive para acompanhar o trâmite do processo de canonização da beata Albertina...




sábado, 16 de novembro de 2013

O voo inaugural





O voo inaugural

Marcos Bayer

Não me lembro de voo anterior que saísse de São Paulo, via Belo Horizonte até Brasília recolhendo condenados por crimes contra o Estado brasileiro. A primeira boa notícia é a alegria do ministro Guido Mantega que vai recolher mais algum dinheiro proveniente das multas devidas pelos condenados, melhorando o superávit primário.
A segunda notícia não é boa. Se os dois Zé (Dirceu e Genoíno) se dizem inocentes e presos políticos, cabe perguntar se o governo Dilma/PT é uma ditadura.
Cabe ainda outra pergunta: Alguns dos ministros nomeados para o STF não foram indicados pelo PT? Quem indicou o presidente Joaquim Barbosa?
O que estamos assistindo neste dia da República é apenas uma amostra do que deveria ser rotina. Há muita gente roubando no Brasil. Os ladrões de galinhas, assim chamados, e os ladrões da República.
O trabalho do STF, mesmo com os embargos infringentes de duvidosa aplicação, tem que servir de exemplo para todos os juízes, promotores e delegados de polícia.
O Brasil precisa se livrar desta erva daninha que se alimenta das verbas públicas, que beneficia a família com cargos, veículos, comida, passagens aéreas e outras facilidades.
Se há um teto salarial, há que ser respeitado. Se outras leis dispõem de forma diferente, há que se equalizar.

O voo de hoje é apenas um 14 Bis, porém carregado de simbolismo. Tomara que sirva de estímulo aos brasileiros para acabar com a corrupção, a forma mais covarde de vencer na vida.