O conto da beata
Marcos Bayer
Tão logo se viu interino no governo, Ponticelli aprontou o
maior escárnio da história política de Santa Catarina. Na mesma linha do show
do Andrea Bocelli, da Árvore de Natal, do metro de superfície da capital, do
caso Celesc/Monreal, da reforma da ponte Hercílio Luz, entre outros.
Santa Catarina nos últimos anos, de 2003 para cá, vem
trilhando caminhos de farsa, de logro, de enriquecimento veloz e decadência.
Ponticelli reuniu uma comitiva de 10 ou 15 pessoas, não se
sabe ao certo porque não divulgam, e foi a Roma para uma audiência pública,
onde milhares de pessoas participaram. Parece que por dois ou três minutos a
comitiva pode dizer: a beata, a beata, beata... E Sua Santidade Papal teria
respondido: Quien és? Quien és?
A brincadeira do interino pode ter custado uns R$ 100 mil
reais, dependendo da classe em que viajaram no avião e do hotel em que ficaram hospedados.
Dinheiro público supõe-se.
O presidente da FIESC chegou a levar um diretor de relações
internacionais para testemunhar a aventura. Dele sabe-se, começou a vida como
ajudante num pequeno mercado até aprender economia e dirigir cerâmicas.
Portanto, é estudado e sabe o valor do dinheiro. Ou caiu de gaiato no conto da
beata ou a FIESC passa por um momento atípico, como dizem os economistas.
Outro padre – deputado aproveitou a ocasião, integrou a
comitiva e foi pedir pela canonização de outro semi - santo. Parece que do PT,
o parlamentar.
Aliás, aproveitando, houve um tempo, mais de um tempo, em que
o Governador de Santa Catarina, preparado para o cargo, viajava ao exterior com
agenda aberta, informando a comitiva, os hotéis e os telefones onde estavam. Os
jornalistas, todos, viajavam na mesma classe das autoridades. Na executiva,
onde viajam as pessoas que trabalham e voam longos trechos. Os encontros
bilaterais variavam de seis a oito por dia, afora o jantar com o anfitrião
estrangeiro.
Hoje, sai um governador para um lado, um vice para outro,
passam vários dias no exterior, informam um encontro de trabalho, apenas um,
sem fotos, sem relatos, sem testemunhas. Ou estamos tratando de coisas muito
secretas ou há férias disfarçadas.
No Ministério Público de Santa Catarina, recentemente, houve
uma campanha contra a corrupção. Um promotor de sobrenome sulino, terra da
beata Albertina, perguntava: O que você tem a ver com a corrupção?
Distribuíam papéis informativos nos Postos da Polícia
Rodoviária Federal, em companhia de conselheiro do Tribunal de Contas.
Veiculavam imagens de pessoas da comunidade na TV, fazendo a mesma pergunta.
Até a filha do Bira, o amigo do Raimundo Colombo, foi nesta
viagem. Moça educada nos padrões morais e éticos dos EEUU deve ter ficado
constrangida com farsa montada em cima da beata Albertina.
Os industriais e comerciantes deveriam sustar imediatamente o
pagamento de ICMS até que os esclarecimentos fossem dados e as verbas
devolvidas aos respectivos cofres. Não faltaria apoio da sociedade.
A política catarinense, desde 2003, está nas mãos deste tipo
de gente. Gente que negocia...
Também não se sabe da entrevista que o interino Ponticelli
daria a uma rádio do Vaticano. Supondo que ele saiba falar italiano, usando a
tecnologia de hoje, pelo SKIPE, é possível falar com o mundo inteiro,
gratuitamente. Logo, de seu gabinete na Assembleia, em Santa Catarina, pode
falar com Roma todos os dias. Inclusive para acompanhar o trâmite do processo
de canonização da beata Albertina...
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