O momento
político e o Brasil de agora...
Marcos Bayer
A queda do avião que transportava Eduardo Campos e
seus auxiliares mais próximos, desnuda mais uma vez o Brasil e a sua vida
política. Não há dúvidas de que era um homem preparado, sensível e disposto em
relação ao país.
Em razão dos curtos períodos democráticos que a nação
pode viver, de 1946 até 1964 e depois de 1989 até hoje, não experimentamos
ainda, pelo menos, 100 anos de eleições livres e continuadas. Somos um país em
construção, inclusive institucional. Por isto, dizem, que ao redor de 200
famílias influenciam nossa vida política. Eu diria, acrescentando, que os que
não pertencem às tais famílias, delas são empregados. É o caso em Santa
Catarina, atualmente.
As famílias são de tradição política variada. Podem
ser socialistas como os Arraes, os Mangabeira, os Brizola ou podem ser de
extrema direita como os Maia, os Maluf, os Sarney e tantos outros. E volta e
meia, surgem personagens isoladas, fora das tais famílias, como o Gabeira, o
Bolsonaro, o Barreto ou o Lerner.
Os independentes são poucos e raros. O Brasil ainda é
uma grande oligarquia, controladora do Estado e de seus empregados imediatos.
Com a prática das eleições continuadas haverá a depuração e polinização da
política. Nossos netos a verão.
A costura política de Eduardo Campos é uma amostra
perfeita da situação brasileira na sua composição política. Construiu um arco
que vai desde o velho e acabado PFL, agora com novas siglas (DEM – PSD –
outros) e foi até os Verdes da Rede Solidariedade.
Se vitorioso, teria que ser o mágico e o equilibrista
simultaneamente.
Não é diferente na chapa PT/PMDB ou na chapa de Aécio
Neves. Todos estão misturados com todos. Estamos vivendo a geleia geral
brasileira.
Faz parte do processo de estruturação partidária esta
“meleca” democrática. Espero...
A comoção vivida em razão de seu desaparecimento
prematuro será condimento eleitoral. Aumentará o interesse do eleitor que
estava apático e sonolento com tanta embromação.
O fato é que Eduardo Campos deu uma pitada de sal na
nossa política. Sua figura exigiu mais seriedade, mais competência, mais
simpatia, mais alegria e mais brasilidade. Nordestino, foi forte e honrou a
tradição dos Arraes. Perdeu o Brasil, mais uma vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário