Não cabem todos na mesma barca...
Marcos Bayer
Os jornais de Santa Catarina dão
conta de um governo estadual sem oposição. É assim mesmo. Quando a inteligência
se omite, quando o brilho fica opaco, quando a voz se cala... Os medíocres se
juntam.
Estamos assistindo a um fenômeno raro
na história política catarinense: A união da Arena Jovem com o PC do B,
envolvendo PMDB, PSD (PFL, DEM), PP, PSDB e possivelmente o PSB. Todos na mesma
barca. Um acinte ao eleitor. Eleitos e refugados, juntos, abrigam-se nas
marquises do poder e bem remunerados riem da população que votou pensando em
oposição, fiscalização, eficiência e decência. Fazem negócios de diferentes
montas. Publicidade enganosa, consultorias inúteis, obras de engenharia
capengas, licitações marcadas.
Há muito tempo que Santa Catarina não
tem uma voz consistente de oposição nos cenários nacional e estadual. Jaison
Barreto deve ter sido o último. Por isto, talvez, tenhamos que viver das
migalhas da República tão choradas pelos nossos falsos profetas-representantes.
O preço que a sociedade catarinense
pagará por este consórcio de vários lances, muitos fraudulentos, será
quantificado nas próximas gerações.
Além da baixa densidade moral que
permeia a administração pública, a inutilidade de algumas ações empobrecerá a
prática política necessária aos homens.
O Estado virou uma fonte de negócios.
Algum “brazilianista” logo cunhará a expressão “statebusiness” para diferenciar
de “privatebusiness”.
Como citei um político para ilustrar
um comportamento de oposição à corrupção e à ditadura, devo citar outro para
dar feição ao momento que estamos vivendo na política local. Vem à lembrança o
nome do vereador Içuriti Pereira, do velho MDB, que saiu da posição de
telefonista de hotel, passou pelo legislativo municipal, virou membro do clube
dos gourmets e terminou como diretor de rede de emissora de televisão. Ainda
bem que Içuriti é nome indígena. Porque Pereira é nome de novo rico
português...
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