A próxima
revolução
Marcos Bayer
Saindo desta dicotomia estéril entre PT e PSDB que
neste momento assola o Brasil, vamos lembrar algumas coisas.
Há corrupção e corruptos em todos os governos. Aqui e
no resto do mundo. Como diria um ex-governador de Santa Catarina: Há governos
mais caros e mais baratos...
A Grécia Antiga nos ensinou sobre formas de governo e
estados ideais. Roma nos ensinou sobre as conquistas territoriais. Firenze
pintou e esculpiu o Renascimento. Paris moldou a Revolução Francesa. Manchester
e Liverpool estruturaram a Revolução Industrial. Moscow fez a Revolução
Comunista e New York experimentou a primeira grande crise do capitalismo. Ainda
não completamos os 100 anos do “crack” de Wall Street.
Em 1929 a população mundial estava em torno de dois
bilhões de habitantes. O Oriente dormia para os olhos do Ocidente.
Adam Smith havia ensinado que as coisas têm dois
valores: De uso e de troca. A água, por exemplo, dizia ele, tem valor apenas de
uso. Os diamantes, por sua vez, têm valor de troca. Foi em 1776. Há menos de
250 anos. Hoje, em 2015, a água já tem um grande valor de troca.
Montesquieu e seus contemporâneos moldaram o Estado
moderno e a divisão dos poderes. Foi uma grande conquista para o homem e suas
liberdades.
A próxima revolução será contra o capital financeiro.
Não contra os meios de produção.
O PIB mundial deve estar em torno de US$ 75 trilhões
de dólares. Isto é a soma de tudo que é produzido no planeta. No entanto, deve
girar na economia mundial, pelo menos 350% deste valor. Ou seja, US$ 260
trilhões de dólares.
Dentro da bolha estão os capitais especulativos,
títulos derivativos, expectativas de lucro, títulos “podres” e as famosas
dívidas públicas.
Nos Estados Unidos ela chega a valer 109% do PIB. No
Brasil deve estar em 65% do PIB. Na Europa, em quase todos os países.
Esta “finaceirização” da economia mundial está
provocando uma revolução silenciosa. Ela está “quebrando” pessoas, empresas e
países.
Ela não tem lideranças explícitas, vivas ou
corporificadas. Ela é constituída de “touch screens”. De circuitos eletrônicos
“on line”. O mundo gira diariamente esta bolha.
Na medida em que a “quebradeira” aumentar entre as
pessoas, empresas e países – e isto já está em curso – a tendência é a de não
pagar mais juros aos bancos. O não pagamento ocorrerá por simples intuição e
impossibilidade.
As pessoas, empresas e países não resistirão...
Aí, então, daremos mais um passo na caminhada humana.
Estaremos próximos dos nove bilhões de habitantes. Haverá falta de água potável
para o consumo popular. Faltará trabalho remunerado. Os salários diminuirão.
Categorias funcionais tentarão se proteger dentro das carreiras de Estado,
assim chamadas.
As regras econômicas sofrerão mudanças radicais.
Haverá outro tipo de escambo. Surgirá uma economia verde, cujos contornos
começam a se desenhar entre as pessoas. A questão ambiental prevalecerá neste
novo contexto. A riqueza será de outra forma. Saúde, espaço, sanidade
ambiental, convivência, segurança, alimentação e diversão...
E a pobreza, mais severa do que nunca.
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