terça-feira, 2 de maio de 2017

Cyber Monstrum Mundi




Cyber Monstrum Mundi
Marcos Bayer

Se o latim estiver correto, estou falando de um Monstro Cibernético Mundial.
Monstro pela forma, cibernético pela tecnologia e mundial pelo tamanho.
Falam de uma intensa e rápida mudança nos hábitos de comunicação e trabalho da humanidade. Falam da aplicação da cibernética em todos os níveis de produção. Desde o controle do plantio das sementes de soja até o acompanhamento da cotação das ações nas bolsas de valores.
Falam das redes sociais, dos blogs, dos jornais eletrônicos e das amizades virtuais. A tecnologia ocupa espaços que eram nossos, dos humanos.
Algumas profissões desaparecem ou pelo menos diminuem. Quando vejo um carteiro uniformizado pergunto-me o que ele entregará em mais alguns anos?
As relações humanas são mais rápidas e, presumo, mais estéreis. Ou pelo menos mais superficiais.
Estatísticas mostram que aumentam de doenças neurológicas, entre elas a ansiedade e a depressão. Aumentam as taxas de suicídio entre os jovens. O mundo está mais competitivo. O mercado está presente em toda a programação das televisões, entre os segmentos de qualquer programa, na Internet, nos e-mails e nas redes sociais. Nas revistas impressas e nos jornais que ainda circulam sob a forma física, também.
As pessoas alimentam-se mais rápido e já não conversam à mesa, pois suas pequenas máquinas de comunicação não permitem interação humana. As digitais têm a preferência. Todos querem mostrar quase tudo. Ninguém explica mais nada.
Até os professores, nossos melhores interlocutores, estão falando cada vez mais à distância.
Estamos, todos, submetidos ao sistema. Não sei qual é o sistema, mas é um sistema que quando “cai”, paralisa quase todas as nossas atividades.
Não sei para qual mundo estamos caminhando. Não tenho nem ideia, para ser sincero.
Criamos um mundo virtual porque não conseguimos resolver as questões do mundo material. Entre elas a fome, o emprego, a saúde, a educação e a segurança.
Festejamos o UBER que é a maior frota de táxi sem que nenhum veículo pertença ao dono da ideia criadora.
Da mesma forma com a hospedagem pelo sistema Airbnb. Um hotel com filiais espalhadas pelo planeta.
A política perde espaço para as corporações nacionais ou transnacionais. Os governos são geridos por elas. Vejam o que acontece hoje no Brasil.
No mundo corporativo não existem pessoas, apenas números e consumidores.
Todas as empresas querem clientes e por isto inventam necessidades para produzirem, venderem e sobreviverem. O mundo globalizado é um mercado insone.
Somos mais felizes? Temos mais amigos? Com quem interagimos?
Máquinas já interagem com máquinas. Códigos e senhas orientam nossas vidas.
Para onde caminhamos?
Para uma nova ordem mundial baseada na artificialidade?
Se nós vivemos no mundo físico – químico – bilógico, e vivemos, não é nele que temos que interagir?





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