Supridas ou não as necessidades materiais, todos procuramos um sentido para a existência. Alguns o encontram na construção da riqueza, outros no exercício da caridade, no amor ou até mesmo na criminalidade. Em alguns casos, em mais de uma dimensão, simultaneamente. Afinal, o ser humano é holístico.
O peso da existência é, sem dúvida, o fardo maior de cada ser humano. Encontrar seu sentido, em contrapartida, é experimentar a maior das alegrias: o alívio de viver. Porém, somente no exercício do trabalho, nós podemos encontrar este sentido necessário e vital.
Paradoxalmente, vivemos na era pós-industrial um retrocesso moral e ético sobre o sentido de nossas existências.
Do ponto de vista ambiental somos uma população crescente que degrada o meio ambiente ao invés de usufruí-lo adequadamente. As grandes cidades, produtos resultantes da revolução industrial, são cânceres urbanos sem possibilidade de cura. Bolsões de pobreza e de criminalidade nelas incrustados são fenômenos irreversíveis na chamada evolução humana.
Do ponto de vista da ocupação remunerada, o trabalho, temos sido incompetentes para abrigar todos os que precisam garantir a sobrevivência.
Natureza e trabalho são, portanto, as duas grandes preocupações do século XXI.
Não podemos, ainda, dizer que sem equacionar estas duas variáveis teremos um planeta inviável. Não conhecemos nossa capacidade de suportar ambientes insanos e massas de desempregados, tirando uns dos outros, espaços saneados e bens de sobrevivência, entre eles, a água potável.
Sabemos, porém, que o sentido de nossa existência está inexoravelmente lastreado no trabalho e sanidade ambiental.
A solução para este impasse talvez possa surgir do reordenamento moral e ético das pequenas cidades, que incorporariam os recursos da tecnologia mais atualizada e reconstruiriam, pelo exercício da política, um cenário de absorção para todos os que têm o direito de trabalhar.
Mais do que as religiões que são formas de compreensão do fenômeno humano, de aceitação da dor e de abnegação, o trabalho é a fonte da libertação, do desenvolvimento emocional e da união entre os homens. Somente o trabalho organiza e mantém a sociedade.
Depois de aproximadamente 10 mil anos de sobrevivência baseada na agricultura, 200 anos apenas de revolução industrial, parece ter chegada hora da revolução ambiental. Com ela a humanidade encontraria trabalho para todos e curaria a Terra de suas chagas. Conseguiríamos, duplamente, dar um sentido às nossas existências.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Passando a régua
A votação que absolveu o senador Renan Calheiros das acusações escancaradas pela imprensa nacional tem um tempero especial na história da recente democracia brasileira, reabilitada em 1989, após o golpe militar de 1964. Indica que o Brasil ainda é um país muito corrupto, especialmente na constituição de sua classe política.
Embalados pela necessidade de ascensão social, na maioria dos casos, nossos representantes vêem na atividade política uma forma de enriquecimento rápido.
De outro lado, aqueles que são herdeiros de patrimônios políticos se corrompem para garantir a manutenção e a transmissão do poder aos seus sucessores.
Outros que chegaram ao poder em nome da decência e da transparência, agora envergonhados, admitem pela omissão ou pela abstenção que não estão convencidos da culpabilidade do senador alagoano.
Ora, o julgamento do plenário do Senado da República não era um julgamento baseados nos códigos constitutivos da ciência do Direito. Tratava-se de um julgamento político. O que estava em discussão era a conduta política do senador e não suas atitudes pessoais julgadas sob a ótica do direito civil ou penal. O plenário votou por sua absolvição porque a maioria de seus membros está acorrentada às práticas de corrupção.
Não bastam os honorários, as facilidades operacionais intrínsecas aos seus gabinetes de trabalho, suas assessorias de livre nomeação e, sequer, o valor da honra do cargo mais nobre da República.
Um senador é um guardião dos interesses da pátria e de seus cidadãos.
O que aconteceu em 12 de setembro de 2007 é mais uma mancha na história da política brasileira. O exemplo dado, sobretudo aos mais jovens, é o de que não vale a pena acreditar na decência, na retidão, na ética e na honra.
Mas, o pior desta lamentável votação é a postura de partidos que fizeram parte da redemocratização nacional, após 1979, quando ocorreu a anistia no Brasil.
O PMDB e o PT foram dois dos partidos que empolgaram multidões fazendo crer na possibilidade de uma vida institucional estável, de práticas políticas mais dignas e da recuperação do sentimento de justiça e honestidade entre os brasileiros.
A eleição presidencial de 1989, aquela em que Fernando Collor derrota um líder sindical, coincide com a queda do muro de Berlin e, consequentemente com a vitória do mercado sobre o estado. Os atuais democratas, sucessores travestidos dos liberais, são hoje esmagados pelas mesmas práticas corruptas que no passado recente tanto indignava os atuais donos do poder.
A política nacional, hoje, é um balcão de negócios menos ético do que os balcões dos armazéns anteriores à globalização. Sendo que estes existiam para praticar atos de comércio, enquanto ela deveria existir para construir um país mais decente e capaz de melhorar a vida de seus cidadãos.
A política também foi engolida pelo mercado. E o mercado não tem responsabilidades com os cidadãos. Apenas, quando tem, com os consumidores.
Embalados pela necessidade de ascensão social, na maioria dos casos, nossos representantes vêem na atividade política uma forma de enriquecimento rápido.
De outro lado, aqueles que são herdeiros de patrimônios políticos se corrompem para garantir a manutenção e a transmissão do poder aos seus sucessores.
Outros que chegaram ao poder em nome da decência e da transparência, agora envergonhados, admitem pela omissão ou pela abstenção que não estão convencidos da culpabilidade do senador alagoano.
Ora, o julgamento do plenário do Senado da República não era um julgamento baseados nos códigos constitutivos da ciência do Direito. Tratava-se de um julgamento político. O que estava em discussão era a conduta política do senador e não suas atitudes pessoais julgadas sob a ótica do direito civil ou penal. O plenário votou por sua absolvição porque a maioria de seus membros está acorrentada às práticas de corrupção.
Não bastam os honorários, as facilidades operacionais intrínsecas aos seus gabinetes de trabalho, suas assessorias de livre nomeação e, sequer, o valor da honra do cargo mais nobre da República.
Um senador é um guardião dos interesses da pátria e de seus cidadãos.
O que aconteceu em 12 de setembro de 2007 é mais uma mancha na história da política brasileira. O exemplo dado, sobretudo aos mais jovens, é o de que não vale a pena acreditar na decência, na retidão, na ética e na honra.
Mas, o pior desta lamentável votação é a postura de partidos que fizeram parte da redemocratização nacional, após 1979, quando ocorreu a anistia no Brasil.
O PMDB e o PT foram dois dos partidos que empolgaram multidões fazendo crer na possibilidade de uma vida institucional estável, de práticas políticas mais dignas e da recuperação do sentimento de justiça e honestidade entre os brasileiros.
A eleição presidencial de 1989, aquela em que Fernando Collor derrota um líder sindical, coincide com a queda do muro de Berlin e, consequentemente com a vitória do mercado sobre o estado. Os atuais democratas, sucessores travestidos dos liberais, são hoje esmagados pelas mesmas práticas corruptas que no passado recente tanto indignava os atuais donos do poder.
A política nacional, hoje, é um balcão de negócios menos ético do que os balcões dos armazéns anteriores à globalização. Sendo que estes existiam para praticar atos de comércio, enquanto ela deveria existir para construir um país mais decente e capaz de melhorar a vida de seus cidadãos.
A política também foi engolida pelo mercado. E o mercado não tem responsabilidades com os cidadãos. Apenas, quando tem, com os consumidores.
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