A nossa percepção do tempo é cada vez mais instantânea. A fartura tecnológica dos anos mais recentes coincide com a vitória do regime capitalista sobre as alternativas socialistas. O mercado e a tecnologia são parceiros inseparáveis e se multiplicam incansavelmente. Um supera ao outro constantemente. Inventam-se o CD e o DVD, por exemplo, para em seguida surgirem indústrias “piratas” oferecendo os mesmos produtos por preços cada vez menores. Não há limites para o desenvolvimento tecnológico. Assim como não há fronteiras, internas ou externas, para as ações do mercado. O comércio mundial de armas e de drogas entorpecentes prova a afirmação.
O fenômeno da urbanização no planeta acontece a partir da segunda metade século XX, especialmente provocado pela explosão populacional.
Nos Estados Unidos da América ele decorre dos avanços tecnológicos introduzidos no campo, deslocando para as cidades massas de recém desocupados que procuram ser novos empreendedores. Na América Central e do Sul porque o campo não conseguiu abrigar aos que precisavam dele. Na Europa, a urbanização é menos violenta, pois a atividade agrícola é mais antiga e, consequentemente, melhor integra a tradição do homem europeu. Na Ásia, especialmente na Índia e na China, suas populações estão espalhadas pelos respectivos territórios. As concentrações urbanas de Pequim, Xangai, Nova Delhi ou Mumbai decorrem da ilusão de que nas cidades grandes haverá trabalho para os que dele necessitam. Bangalore, na província de Karnataka, no sul da Índia, é a mais recente ilha de prosperidade daquele povo que passou do artesanato para a cibernética sem conhecer os mecanismos da chamada revolução industrial.
O mercado e a tecnologia impõem à humanidade a pressa, mola mestra da competição. A velocidade das comunicações transforma a percepção de todos nós. Alguns estudos mostram que os jornais impressos perdem leitores para outras mídias, entre elas a televisão e a Internet.
As pessoas pensam que não têm mais tempo disponível para o estudo, a informação e a reflexão. São induzidas pelas mídias eletrônicas a sintetizarem sua compreensão sobre o mundo e sobre suas vidas. Ao mercado e a tecnologia não interessam comportamentos reflexivos.
A reflexão em larga escala pode contribuir para uma reavaliação na aquisição de vários produtos. Quantos não deixariam de trocar seus aparelhos de telefonia celular anualmente? Quantos não esperariam mais anos para substituir o automóvel da garagem? Quantos não usariam suas roupas por um tempo mais longo? Quantos não recuperariam seus móveis e outros utensílios domésticos legando-os aos seus sucessores? Quantos não freariam suas compulsões de consumo?
Uma das contradições da globalização é esta: Não há mais tempo para o nada. Não fazer significa não existir. Não consumir significa não ser. O mercado global impõe a todos nós um constante mercadejar. Temos que comprar ou vender alguma coisa diariamente, até para poder sobreviver.
Não é admissível socialmente passar algum tempo sem consumir. Primeiro porque denota incapacidade financeira, segundo porque denota ausência.
É como se o tempo e o nada não integrassem o espectro humano...
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
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