domingo, 31 de julho de 2011

day by day

Dos amigos e guerreiros



Poucos sabem, mas dois dos maiores cantores de ópera do mundo, ambos espanhóis, um madrileno outro catalão, têm uma história para contar.

Plácido Domingos e José Carreras. Detectada a leucemia, Carreras gastou sua fortuna em tratamentos contínuos e mensais nos Estados Unidos. Quando já não tinha mais condições, soube de uma fundação em Madrid que amparava doentes similares.

Com apoio financeiro da Fundação Formosa, curou-se e voltou a cantar. Recuperado, descobriu que a entidade fora criada por Plácido Domingos, seu adversário político desde 1984, devido à rivalidade Madrid x Barcelona.

Quando soube do gesto foi ao encontro do concorrente, rival e adversário para manifestar sua gratidão.

Plácido Domingos, perguntado anos depois da razão do gesto, disse: Uma voz como aquela não podia perder-se...

Nas nossas relações diárias, num mundo cada vez mais ágil e virtual, atitudes como as dos dois tenores ensinam e enriquecem a condição humana.

Houve um tempo em que amigos eram amigos e se ajudavam. Adversários se reconheciam e se respeitavam. Guerreiros se identificavam não só por suas capacidades ofensivas, mas por suas qualidades morais. E a história dos homens escrevia seus heróis, seus arquétipos e deixava seus exemplos.

Não eram apenas os mitos do Monte Olimpo, ou comandantes romanos e beduínos valentes.

A nossa história pessoal é feita de gestos. Não são poucos os casos em que ancestrais próximos, ajudaram concorrentes comerciais em dificuldades ocasionais ou adversários de qualquer sorte que recebiam apoio, até encoberto, como no caso narrado.

Já são raros os homens que têm a coragem de dizer: Eu te reconheço guerreiro e me identifico em ti. Toma meu escudo e segue tua luta...

sábado, 30 de julho de 2011

It was a very good year

North Sea Jazz Festival 1992

You've Made Me So Very Happy

Oh girl

William Ernest Henley


Invictus

"Out of the night that covers me, Black as the Pit from pole to pole, I thank whatever gods may be For my unconquerable soul.In the fell clutch of circumstance I have not winced nor cried aloud. Under the bludgeonings of chance My head is bloody, but unbowed.Beyond this place of wrath and tears Looms but the Horror of the shade, And yet the menace of the years Finds, and shall find, me unafraid.It matters not how strait the gate, How charged with punishments the scroll, I am the master of my fate: I am the captain of my soul."

"Da noite que me cobre, Negra como um poço de alto abaixo, Agradeço quaisquer deuses que existam Pela minha alma inconquistável. Na garra cruel da circunstância Eu não recuei nem gritei. Sob os golpes do acaso Minha cabeça está sangrenta, mas erecta. Além deste lugar de fúria e lágrimas Só o eminente horror matizado, E contudo a ameaça dos anos Encontra e encontrar-me-á, sem temor. Não importa a estreiteza do portão, Quão cheio de castigos o pergaminho, Sou o dono do meu destino: Sou o capitão da minha alma. (Trad. de Luís Eusébio)

Henley, poeta inglês nascido em 1849, teve uma vida difícil. Tuberculoso desde os 12 anos, teve a perna esquerda amputada aos 16, por causa da doença. Trabalhou para sustentar a mãe e os irmãos após a morte de seu pai e perdeu sua única filha, de 6 anos, vítima de meningite. O poema foi escrito no hospital.

For Duda's Mother

quinta-feira, 28 de julho de 2011

And time passes by


Sleep does not come

Thinking all around

Trying to feel the world

Have you on my mind

My brain is too small

To capture whatever exists

And I only can hold with my hands

All the feelings that live inside

But with the passage of time

They will scape trough my crossed fingers tight…

quinta-feira, 21 de julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Os Estados Unidos da America


Os Estados Unidos da América: A riqueza e a crise

Marcos Bayer

A sociedade americana, jovem em relação às sociedades europeias ou asiáticas, foi capaz de estruturar, expandir e impor a prática capitalista no mundo. Teve ajuda dos ingleses na utilização das primeiras máquinas, dos judeus no fluxo de capitais e de inteligências alemães, entre outras origens, para se constituir como império mundial no pós-guerra, em 1945, depois da explosão atômica em Nagasaki e Hiroshima, amostras de poder. Da Pax Romana até a Pax Americana, apenas dois mil anos.

O PIB mundial gira em torno de 62 trilhões de dólares. Os EEUU contribuem com aproximadamente 25% dele, ou seja, U$ 14,6 trilhões. Esta máquina capitalista deve a si mesma, hoje, uma quantia equivalente à sua produção anual. Até o próximo dia 02 de Agosto, o congresso americano, o mais rigoroso do regime presidencialista na história moderna, terá que elevar o teto de endividamento do país para torná-lo contabilmente viável.

Desemprego, preços dos imóveis em baixa, juros negativos e desvalorização do dólar para provocar aumento nas exportações. Na outra ponta, a China produzindo tudo e recebendo empresas americanas interessadas na mão de obra mais barata e paciente do planeta. Os economistas devem chamar este fenômeno de deslocamento de capital em busca de oportunidades. O capital não tem pátria. Talvez tivesse em Roma, onde a terra e o ouro tinham grande valor.

O que nós estamos assistindo é uma mudança radical no sistema produtivo mundial.

O capital está se diluindo, se despersonalizando. A riqueza não é mais física: Ouro, terras e alimentos. Por outro lado, em razão do aumento populacional global; a mesma terra, a água e os alimentos têm importância mais estratégica do que nunca.

A China está comprando a África, em suaves parcelas, para montar suas fábricas e usar os recursos naturais disponíveis na produção.

Quando os bancos surgiram no inicio do século XVII, a mesma carroça carregada de ouro passava pelos diversos feudos, para garantir a emissão de moeda. Era o lastro de então. Quando descobriram, os portadores das cédulas correram para resgatá-las e entenderam que só tinham um pedaço de papel nas mãos. Foi a primeira quebradeira na Europa de 1608.

Hoje, completamente interligados e interdependentes, em escala global, não podemos dimensionar as consequências de uma quebradeira geral.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Anouk Aimeé

1966

Wish you were here

Um grito que não cala



A direita sempre foi insensível à desigualdade. Fez-se, ao longo da História, na exploração humana. Fosse pela escravidão pura e simples, fosse pela exploração escamoteada.

Karl Marx (1848) fez a primeira grande ofensiva ao pensamento de Adam Smith (1776).

São 72 anos de diferença. Um pulo na caminhada humana.

Hoje, os donos do capital perderam o controle sobre ele. Pulverizou, digitalizou e fragilizou. As relações entre o Estado e o capital são revitalizadas. Tanto pode comparecer uma empresa consolidada, como pode ser criada outra apenas no papel.

Roubar é o método produtivo mais rápido e lucrativo. Roubar é o supra-sumo da mais valia.

A direita sempre foi mais canalha. No mundo inteiro. Protegia interesses determinados, ampliava possibilidades e arregimentava os mais capazes para a gerência de seus projetos.

A esquerda trazia dentro de si, além de uma proposta igualitária, um sentimento de dignidade maior.

Os homens de esquerda, na política mundial, sempre foram mais admirados.

No Brasil, inúmeras pessoas, cada uma dentro de suas capacidades e entendimento, lutaram pelo fim da ditadura.

Restabelecida a democracia, em 1989, de forma plena, o país inicia sua viagem de recomposição política.

A esquerda vai tomando corpo. Vai ganhando eleições e chega ao poder.

A corrupção aumenta na mesma velocidade. Perdeu-se a noção de dignidade ou moralidade pública.

A corrupção está instalada nos três poderes, definitivamente. Está nas universidades.

É própria dos homens dirão uns.

No Brasil a esquerda nunca foi tão canalha. Superou a direita.

E brasileiros íntegros e crentes no sonho da sociedade mais justa, pagaram com suas vidas, suas carreiras profissionais, suas famílias e projetos.

A direita, capaz de qualquer negócio, deve sentir vergonha ao lavar o rosto no amanhecer e mirar-se diante do espelho.

A esquerda não consegue mais lavar nem o rosto. Nem lhe serve o espelho.

terça-feira, 5 de julho de 2011

As brasas e as estrelas...


Quite concretely, the purpose of electric light is to help humans see. When it comes to blind them to the world around them, it becomes counterproductive. The task thus is not to abolish technology but to see through it to the human meaning which justifies it and directs its use.

Erazim Kohák, in The Embers and the Stars: A philosophical inquiry into the moral sense of nature.

Concretamente, o propósito da luz elétrica é ajudar aos humanos enxergarem. Quando acontece de cegá-los em relação ao mundo à sua volta, torna-se contra producente.

A tarefa não é abolir a tecnologia, mas olhar através dela o significado humano que a justifica e dirige seu uso.

Então cabe perguntar: As instituições em geral e as pessoas em particular usam a tecnologia para humanizar a sociedade?

Ou são novas ferramentas de consumo e dominação?

Entre o Homem e a Natureza quanto existe de tecnologia?

Não estamos construindo uma malha de informações para impor controles e dependências totais, inclusive na comunicação?

Não estamos construindo uma parede líquida no relacionamento entre as pessoas?

Para onde vamos com esta infinidade de teclas e opções?

O título do livro: As brasas e as estrelas...

Quem ainda as vê?