O outro
Marcos Bayer
O outro é máximo da possibilidade humana. Um não se completa senão no outro. O quadro pintado será legitimado pelo olhar atento do outro. A música será ampliada pelos ouvidos de muitos outros, assim como o texto será pelos olhos de tantos mais.
O amor se manifesta somente no outro. Esse tal de amor-próprio que tanto reverenciam, aqui e lá, nada mais é do que cuidado solitário. Uma ficção linguística para esconder a dor. A dor da ausência.
A inesgotável capacidade humana para criar e dar continuidade à raça se funde na eterna percepção do outro.
Eu te vejo nos meus olhos e me vejo nos teus.
Troca santa de sentidos faz do homem oportunidade monumental.
Tato milenar e industrial.
Enfermo e dor recebe compaixão e prolonga a vida.
Eu fundamental em quem me sabe e sente existência atemporal.
Ondas e curvas físicas ou meta físicas, harmonia conceitual.
Ondas do mar que quebram com as ondas cerebrais.
Movimentos internos conduzem todas as energias vitais.
Talvez por isto cante o poeta: For me there is no one but you...
O momento da percepção do outro é o máximo da possibilidade humana.
E não há outra hipótese, senão esta...
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