A República
caiu
Marcos Bayer
O noticiário dos últimos dias mostra como a República
Federativa do Brasil apodreceu. Afora algumas migalhas Keynesianas para conter
a asfixia da desindustrialização, entre elas a redução do IPI na aquisição de
automóveis, nosso sonho individual depois das carruagens e carroças medievais,
as notícias revelam as gravações entre tudo e entre todos.
Um deputado federal catarinense já disse, em público,
que quando alguém é submetido a “escuta” telefônica, descobre-se até o que a
vítima não sabia.
A República está nas mãos de um cidadão chamado Carlos
Cachoeira. Ele “grampeou” e foi “grampeado”. Tinha nas mãos um senador aparentemente
exemplar. Um senador, antes promotor de justiça, cujo desempenho parlamentar
dava esperanças e exemplo à nação.
De repente, surgem outros fatos de vital importância
política. O professor Ildo Sauer, especialista em estratégias energéticas e
diretor da Petrobrás, é demitido e anuncia: Lula, com conhecimento de Dilma,
deu mais cinco poços à iniciativa privada. Um a mais do que FHC. Aquele da
“privataria” como foi chamado então. Dois ministros dele, Pedro Malan e
Ropolpho Tourinho foram assessorar Eike Batista, com ajuda de José Dirceu,
outro híbrido.
O Eike Batista ficou bilionário com o que recebeu no
pré-sal. E diz que não existe empresário competitivo no Brasil. Na Alemanha não
duraria dois anos vendendo salsichas, muito menos produzindo salsichões. Sobre
o Zé Dirceu não há o que falar. Um homem que esconde da própria mulher sua
identidade, não é fiel nem a si. Logo, a nenhuma outra ideia.
Por último, estas conversas reservadas entre o Lula e
o ministro Gilmar Mendes, no escritório de Nelson Jobim, apontando a
necessidade de adiar a votação do chamado “mensalão” no STF, em nome da
estabilidade política nacional, usando como argumento Berlim.
Ora Berlim é capital da Alemanha, hospeda a estudante
filha do ministro e é naquele país que nasceu a senhora Jutta Fuhrken, mãe do
Eike Batista.
Estão desviando
o foco da conversa com se diz da rotina jornalística.
A questão não está em Berlim ou na Alemanha.
A questão está na Petrobrás, na Agência Nacional do
Petróleo, no Senado Federal, no Supremo Tribunal Federal e na Presidência da
República.
Quando os Três Poderes e a maior empresa brasileira se
juntam por vias transversas, ou é tudo mentira, ou República caiu...
Vivêssemos no parlamentarismo, as eleições seriam para
daqui a trinta dias.
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