quarta-feira, 23 de maio de 2012






A viagem no tempo...

Marcos Bayer

Desde sempre, talvez, tenham existido a curiosidade e a necessidade de viajar no tempo.
Ora para saber o que havia atrás da montanha, ora para procurar alimentos, pedras, metais, vegetais ou animais. Este binômio curiosidade/necessidade move a humanidade. Viajar é a maneira pela qual ele se realiza. Foram caminhadas sob o sol, o frio, a chuva ou o luar. Foram cavalgadas pelos prados mais verdes da Mongólia onde o exército de Gengis Khan provou ser o mais eficiente da época. Não levavam carroças, nem barracas, nem feridos, nem alimentos. Apenas homens e cavalos. Bebiam nos riachos que encontravam, comiam o que achavam. Ou, ao anoitecer, sangravam nas axilas de seus animais e bebiam o sangue. O suficiente para continuar a luta no outro dia.
Muitos caminharam pelas montanhas nevadas, pelos caminhos rochosos, pelos espinhos, no meio das cobras e escorpiões. Alguns remaram pelos rios auxiliados pela correnteza, pelos mares desconhecidos. A vela foi o primeiro motor eólico. Não se sabe ao certo, as datas, mas a primeira volta mundo foi antes de 1522 realizada pelo marinheiro Fernão de Magalhães, em nome da Santa Igreja de Roma. Em 1957 a primeira órbita na Terra, desta vez pelos russos com a espaçonave, o Sputnik. Em 1961 Gagarin disse que a Terra era azul. E que havia olhado para os lados e não vira Deus. A URSS não admitia um Criador.
Em 1969, os norte-americanos chegam à Lua. Neil Armstrong disse que dava um pequeno passo para o Homem e salto gigante para a Humanidade. E a Apollo 11 entrou para a História.
A existência humana não é outra coisa senão a luta pela sobrevivência. Agregando confortos, destruindo a Natureza, comercializando recursos naturais, inventando crenças, derramando sangue ou procurando amor, seguimos a viagem de Stanley Kubrick de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Da descoberta do polegar na mão do macaco à espaçonave flutuando no cosmos, ao som de Danúbio Azul de Strauss.
Precisamos dos deuses. Eles ajudam e alimentam os sonhos. E seguimos a viagem.
Depois de muitos anos, caminhando, montando, remando ou navegando, chegamos, em 1826, ao trem. A tração humana ou animal e o vento foram substituídos pela máquina a vapor. O trem ofereceu o prazer de viajar. Sem os desconfortos das carruagens.
O melhor hotel de Londres, então, ainda em funcionamento, The Grosvenor, foi construído ao lado da Victoria Station, com seus corredores largos para que pudessem passar os vestidos rodados e estruturados sobre o arame a fim da dar forma às damas.
Thomas Cook inventou os Travellers Checks para que os assaltos fossem evitados.
Louis Vuitton criou malas especiais, portáteis guarda-roupas, para os passageiros do cavalo de aço.
Depois os automóveis, as malas menores, os motéis na beira das estradas, restaurantes e postos de gasolina. Coca-Cola on the road. The real thing.
Então os aviões. First Class para os que podiam e Economic Class para quem precisava. Salmão ou brie com geleias. Easy listening in the ears. Simply Red and the full moon by the window. Paris Match e Der Spiegel. Time Maganize ou The Economist. A viagem era embalada pelos sonhos das imagens das revistas e pela pulsão das músicas. The night flight from South America to Europe. From any point to every other in the globe.
O mercado encontrou mais um filão. Viagens de negócios, de lazer ou de estudos.
Whale Watching, birds observation, trecking, surfing ou rafting: são atividades que fazem parte deste cardápio ilimitado de descobertas.
Pelo ar, também, há muito que observar. Asas deltas, paragliders e outros.
Até campos para observação de discos voadores já existem. E são frequentados.
Santa Catarina é um pedaço do mundo que tem muito para ser descoberto.

É terra de colonizadores, italianos, alemães, poloneses, suíços, japoneses, letões, africanos, português, espanhóis e muitos outros sonhos e sangues, fundidos e forjados na aventura da travessia dos mares, no silêncio dos medos e no grito dos pavores. Nos sorrisos do sol nascente e nas esperanças inspiradas pelas luas cheias sopradas por ventos suaves.
Desde as ondas do litoral, das garoupas submersas, do pico mais alto do Brasil, das tocas dos bugres e da correnteza dos rios.
A viagem é o encontro da curiosidade com a vida. A viagem é a vida...
Deuses e guias, mapas, rotas e atalhos. Despedidas e encontros...



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