A viagem no
tempo...
Marcos
Bayer
Desde sempre, talvez, tenham existido a curiosidade e
a necessidade de viajar no tempo.
Ora para saber o que havia atrás da montanha, ora para
procurar alimentos, pedras, metais, vegetais ou animais. Este binômio
curiosidade/necessidade move a humanidade. Viajar é a maneira pela qual ele se
realiza. Foram caminhadas sob o sol, o frio, a chuva ou o luar. Foram
cavalgadas pelos prados mais verdes da Mongólia onde o exército de Gengis Khan provou ser o mais eficiente
da época. Não levavam carroças, nem barracas, nem feridos, nem alimentos.
Apenas homens e cavalos. Bebiam nos riachos que encontravam, comiam o que
achavam. Ou, ao anoitecer, sangravam nas axilas de seus animais e bebiam o sangue.
O suficiente para continuar a luta no outro dia.
Muitos caminharam pelas montanhas nevadas, pelos
caminhos rochosos, pelos espinhos, no meio das cobras e escorpiões. Alguns
remaram pelos rios auxiliados pela correnteza, pelos mares desconhecidos. A
vela foi o primeiro motor eólico. Não se sabe ao certo, as datas, mas a
primeira volta mundo foi antes de 1522 realizada pelo marinheiro Fernão de
Magalhães, em nome da Santa Igreja de Roma. Em 1957 a primeira órbita na Terra,
desta vez pelos russos com a espaçonave, o Sputnik. Em 1961 Gagarin disse que a
Terra era azul. E que havia olhado para os lados e não vira Deus.
A URSS não admitia um Criador.
Em 1969, os norte-americanos chegam à Lua. Neil Armstrong
disse que dava um pequeno passo para o
Homem e salto gigante para a Humanidade. E a Apollo 11 entrou para a
História.
A existência humana não é outra coisa senão a luta
pela sobrevivência. Agregando confortos, destruindo a Natureza, comercializando
recursos naturais, inventando crenças, derramando sangue ou procurando amor,
seguimos a viagem de Stanley Kubrick de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Da
descoberta do polegar na mão do macaco à espaçonave flutuando no cosmos, ao som
de Danúbio Azul de Strauss.
Precisamos dos deuses. Eles ajudam e alimentam os
sonhos. E seguimos a viagem.
Depois de muitos anos, caminhando, montando, remando
ou navegando, chegamos, em 1826, ao trem. A tração humana ou animal e o vento
foram substituídos pela máquina a vapor. O trem ofereceu o prazer de viajar.
Sem os desconfortos das carruagens.
O melhor hotel de Londres, então, ainda em
funcionamento, The Grosvenor, foi construído ao lado da Victoria Station, com
seus corredores largos para que pudessem passar os vestidos rodados e
estruturados sobre o arame a fim da dar forma às damas.
Thomas Cook inventou os Travellers Checks para que os
assaltos fossem evitados.
Louis Vuitton criou malas especiais, portáteis
guarda-roupas, para os passageiros do cavalo de aço.
Depois os automóveis, as malas menores, os motéis na
beira das estradas, restaurantes e postos de gasolina. Coca-Cola on the road. The
real thing.
Então os aviões. First Class para os que podiam e Economic Class para
quem precisava. Salmão ou brie com geleias. Easy listening in the ears. Simply Red and
the full moon by the window. Paris Match e Der Spiegel. Time Maganize ou The Economist. A viagem era embalada
pelos sonhos das imagens das revistas e pela pulsão das músicas. The night flight
from South America to Europe. From any point to every other in the globe.
O mercado encontrou mais um filão. Viagens de
negócios, de lazer ou de estudos.
Whale
Watching, birds observation, trecking,
surfing ou rafting: são atividades que fazem parte deste cardápio ilimitado de
descobertas.
Pelo ar, também, há muito que observar. Asas deltas,
paragliders e outros.
Até campos para observação de discos voadores já
existem. E são frequentados.
Santa Catarina é um pedaço do mundo que tem muito para
ser descoberto.
É terra de colonizadores, italianos, alemães, poloneses,
suíços, japoneses, letões, africanos, português, espanhóis e muitos outros
sonhos e sangues, fundidos e forjados na aventura da travessia dos mares, no
silêncio dos medos e no grito dos pavores. Nos sorrisos do sol nascente e nas
esperanças inspiradas pelas luas cheias sopradas por ventos suaves.
Desde as ondas do litoral, das garoupas submersas, do
pico mais alto do Brasil, das tocas dos bugres e da correnteza dos rios.
A viagem é o encontro da curiosidade com a vida. A
viagem é a vida...
Deuses e guias, mapas, rotas e atalhos. Despedidas e
encontros...
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