segunda-feira, 27 de agosto de 2012
PUTA VECCHIA
Puta Vecchia
Marcos Bayer
Esta era a expressão usada no Senado de Roma aos senadores que postergavam decisões de interesse público.
O Tribunal de Contas de Santa Catarina foi fundado e presidido por meu tio-avô, João Bayer Filho, advogado e político de Tijucas que passou pela esfera de poder estadual na condição de Secretário de Fazenda e de Justiça. Foi, também, um dos fundadores da Faculdade de Direito deste Estado. Era amante dos pássaros, das orquídeas e dos cavalos. Sua reputação, além de uma aguda inteligência, era honesta. Escrevo em seu nome por procuração genética.
O show do cantor de ópera Andrea Bocelli não aconteceu na cidade de Florianópolis em 2009. Mas, por ele , pelo show que não houve, pagou-se R$ 3 milhões de reais.
A ideia do espetáculo natalino, não havido, é uma eloquência medieval do então governador LHS, do prefeito Dário Berger e de seus auxiliares imediatos. Até aí, tudo bem...
Os recursos foram liberados, depositados em conta específica no Banco do Brasil S/A, repassados para a empresa que detinha a exclusividade da contratação e o show não aconteceu...
Na Justiça Comum, correm processos sobre o caso.
No Tribunal de Contas, depois do voto da auditora Sabrina Nunes Iocken, pedindo a condenação de todos os envolvidos no processo, inclusive o prefeito Dário Berger, manifestando-se pela devolução dos dinheiros públicos e multas diferenciadas aos membros da operação Bocelli, corre processo de número TCE 09/00654848 e que está desatualizado no site do órgão.
O Tribunal de Contas pode comunicar à autoridade judicial competente sobre suas ações e principalmente sobre sua decisão. É o que se lê do Manual de Instruções sobre Tomada de Contas Especial da CGU/2008.
No entanto, mesmo sabendo que a coisa fraudulenta aconteceu em 2009, que já foi analisado pela auditora do TCE, que já foi proferido um voto, ainda assim, em 21 de agosto de 2012, o conselheiro Salomão Ribas Junior, resolveu pedir aos órgãos técnicos da Corte de Contas, algumas explicações.
Entre elas, se todos os que participaram da operação Bocelli são solidariamente responsáveis e se a empresa que recebeu R$ 2.500.000,00 para agenciar o show não havido, poderia marcar nova data.
Não sabemos se as diligências são acautelatórias ou meramente com intuito de postergar a decisão plenária.
Não compreendemos, também, como matéria de relevante conteúdo está sendo tratada pela mídia de forma introspectiva.
Imaginamos que a assessoria de comunicação do TCE tenha envidado todos os esforços para esclarecer aquilo que timidamente pretendemos.
Imaginamos, ainda, como os dinheiros são públicos, precisam de trato cauteloso, visto que eles pertencem à sociedade. Sociedade que é composta por doentes, desempregados, famintos, deseducados e outros que vivem no meio dos mais abastados. Alguns, acobertados.
Um Tribunal de Contas que pretenda respeito ao seu conceito e atuação, não pode participar de uma opereta tão mal conduzida e desastrada quanto a que julga com extremo retardo...
Por fim, porque a História é feita de gestos e omissões, cabe perguntar:
Onde andas Maçonaria?
Não escuto tua voz... Qual tua potência?
De que lado participas neste banquete?
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