... e
andando
Marcos Bayer
O Direito ensina várias coisas, entre elas, que o fato
social acontece e depois a legislação o regula. Outra conclusão do Direito é
que o criminoso pode estar em qualquer classe social, intelectual e ou moral.
Assim, a pedofilia está na Santa Igreja, exímios ladrões subtraem verbas
públicas e pobres coitados são presos por furto qualificado. Na comercialização
de armas clandestinas e drogas ilícitas, aqui e no mundo, existem conjuntos de teias
de interesses e proteções que envolvem gente de todos os naipes.
Estamos atravessando mais um verão em Santa Catarina e
duas peculiaridades chamam nossa atenção. A poluição das praias e o estouro das
bombas.
Em relação à poluição dos balneários, a maioria parece
cagar e andar. Aliás, cagando e andando é uma expressão popular, provavelmente
carioca, para indicar o desleixo em relação à determinada coisa ou fato. Na
Ilha, apenas o Santinho, Moçambique, Barra, Galheta, Mole, Gravatá, Joaquina e
Campeche, ao leste, estão limpas. Ao sul, o Pântano, Açores e Solidão.
O sistema de esgoto que está sendo implantado no
Campeche, se lançado no mar, como projetado, pode vir a ser um problema e não
uma solução.
A Lagoa da Conceição, redenominada Lagay,
sem preconceito ou sarcasmo, geme agoniada entre a falta de oxigênio na parte
menor e a falta da rede de esgoto em sua totalidade. A existente é sucata
cloacal.
A Prefeitura Municipal de Florianópolis deve anunciar
uma dívida de R$ 200 milhões.
O prefeito alugou 20 ou 40 automóveis populares,
brancos, para escoltar os ônibus.
O governador poderia ter oferecido parte dos carros do
executivo, assim como o legislativo e o judiciário. Também o TCE, poderia
oferecer alguns carros e com a doação da verba de moradia dos seus sete
membros, montar uma escolinha para pobres, futuros conselheiros ou
trombadinhas.
E assim vamos, cagando e andando, e seguindo a
canção...
Sobre as bombas e os presos, duas palavras. Eles
evitam machucar a população civil. Mandam descer dos ônibus. Pelas leituras dos
jornais, sabe-se que há promessas não cumpridas pelo Estado, violência e maus
tratos. Há problemas salariais, também.
O que vai pela mente de um preso quando ele descobre
que uma empresa de planejamento e consultoria do sul, recebe verbas públicas,
transfere para um time de futebol e paga a folha dos salários? Ele grita gol ou
pensa na sua pena?
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