terça-feira, 11 de dezembro de 2018

As elites





As elites
Marcos Bayer

Foi a burguesia que derrubou a monarquia francesa (1789), e com o passar do tempo, criou a categoria social elite para poder viver a vida da realeza, sem precisar da coroa, da hereditariedade ou da educação. O dinheiro compraria tudo isto, como de fato comprou.
Olhando, mesmo que pela televisão, as sociedades inglesa e francesa, percebe-se o argumento.
Os EEUU e o Brasil têm a mesma idade. Foram descobertos pelos navegadores europeus, nos 1.500, e por eles colonizados. Lá como cá havia índios e africanos foram introduzidos nas duas nações, pelos ingleses que descobriram o triangulo da fortuna. Traziam o negro da África, mandavam plantar cana nos trópicos e levavam o açúcar branco para a Europa. Isto aconteceu no nordeste brasileiro, nas ilhas do Caribe e sul dos Estados Unidos.
Depois, quando os ingleses inventaram o tear mecânico, introduziram a plantação de algodão, no mesmo esquema e assim nasceu a indústria têxtil.
A diferença entre os EEUU e o Brasil, afora o clima, claro, é que a Lei foi tábua de referência na organização social desde a edição de suas respectivas constituições. Lá, em 1787, foi promulgada por cidadãos livres e independentes. Aqui, em 1824, ela foi outorgada pelo Imperador Dom Pedro I que a encomendou a um grupo de pessoas ligadas à Corte.
É aí que começa o atraso brasileiro. Enquanto os norte-americanos constroem uma sociedade baseada na legalidade e na democracia, nós vamos caminhando entre o favorecimento e a sonegação tributária.
Quando Getúlio Vargas negocia com Roosevelt a posição brasileira na Segunda Guerra Mundial, os americanos já construíam automóveis, tanques de guerra, navios e aviões. Nós íamos aprender a fundir o ferro através da Companhia Siderúrgica Nacional.
As elites americanas, educadas em diversas universidades, desenhavam uma nação baseada na ordem, na lei, na liberdade de imprensa e no mérito, inclusive e principalmente na atividade comercial.
Gigantes industriais como a PAN AM (Pan America Airlines) e a TWA (Trans World Airlines) quebraram e o governo não interferiu. Aqui a VARIG e a TRANSBRASIL, como a VASP, muitos subsídios receberam do BNDES. Já a EMBRAER, talvez por estar diretamente ligada ao ITA - Instituto Tecnológico de Aviação - teve destino melhor.
Mas, voltando às elites, lá na América, a livre iniciativa é para valer e a taxa de juro não é para matar a capacidade de empreender. Assim, como no serviço civil, a burocracia pública, há certa lógica de simetria entre os salários pagos aos servidores. Sejam professores, médicos, policiais, diplomatas, fiscais, juízes ou promotores, inclusive parlamentares.
Aqui, o clube dos quarenta mil reais, que abrange a classe dirigente brasileira, a nossa elite, concede aumento salarial para si e dane-se o resto.
A nossa elite política meteu a mão no baleiro, sem dó nem piedade. Salvo raras exceções de sempre, a direita política enriqueceu em parceria com setores empresariais já conhecidos na Operação Lava Jato e outros que estão por vir. A elite de esquerda, operária ou não, quando chegou ao poder fez igual.
Vou pegar dois exemplos, objeto de discussão nacional, e demonstrar.
A Lei do Registro Público garante a qualquer brasileiro ir ao Cartório do Registro de Imóveis e requerer certidão de propriedade sobre tal ou qual pessoa. A Lei Civil diz que só é proprietário, quem tem a matrícula em seu nome. Sem matrícula não há propriedade.
O ex-presidente Lula, preso, responde a alguns processos por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Lula não tem apartamento em Paris na Avenue Foch, e me parece sensato. O que faria por lá?
Museus, livrarias, cinemas, chablis com filet de truite aux amandes, caminhadas no Champs Elysees? No máximo um jogo de futebol aos domingos para ver o Paris Saint Germain.
Fernando Henrique Cardoso, filho da classe média brasileira, que ascendeu à elite intelectual e política do país, não tem apartamento no Guarujá ou sítio em Atibaia. Faria o que? Caminhadas matinais de bermudão na orla paulista ou passeio de pedalinho no pequeno lago com a jovem namorada? Churrasco com caipirinha de cachaça na serra? Assistir ao Netflix nas tardes de domingo? Ou ir ao estádio de futebol assistir ao Corinthians?
As elites brasileiras estão entaladas até a garganta com tanta corrupção. Os partidos políticos, quase todos, estão no rol dos suspeitos e culpados.
Aqui em Santa Catarina, mesmo com dois candidatos pró Bolsonaro, acredite quem quiser, o eleitor deu 71% dos votos ao mais desconhecido porque sentia no ar cheiro de corrupção nas outras possibilidades. Na eleição ao senado, o mesmo cheiro derrubou outros tantos.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também membro do clube dos quarenta mil, ele e seus filhos são parlamentares, tem consciência destas coisas. O que ele não souber, tem a quem perguntar: Tanto ao economista Paulo Guedes, quanto ao Juiz Sérgio Moro. Além do vice-presidente eleito e outros militares, estudados e graduados que comporão o futuro governo.
O Brasil tem uma chance, em boa hora, para acertar o caminho. Um detalhe que é preciso lembrar e corrigir: Juiz não tem prazo para julgar no Brasil. Basta uma emenda constitucional, dando prazo ao Juiz, como dá ao promotor e ao advogado, para uma boa arrancada. O general Hamilton Mourão que demonstra preocupação com a necessidade da cobrança de resultados do governo poderia abraçar a causa. Com um sistema judicial que ainda anda na velocidade das carroças e uma democracia instantânea de apuração eletrônica com campanha política pelo whattsapp não vamos muito longe.
Democracia e justiça, ou andam juntas, ou não existem!
Basta olhar para as elites de cima. Tanto na America como na Inglaterra, onde boa parte desta história toda começou...

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Dopamina, a grande heroína da História!







Dopamina, a grande heroína da História!

Marcos Bayer

Diz o médico que a dopamina está impregnada em nossas cabeças há muito tempo. Milênios. Ela é a responsável pelas sensações de bem estar nos seres humanos. Lá nos primórdios, as tarefas essenciais ao homem eram três: (1) garantir a procriação e a preservação da espécie através do ato sexual e suas decorrências de carícias e afetos, (2) a luta pela sobrevivência abatendo a caça e ou capturando o pescado, (3) saciar a fome e a sede.
Nas três tarefas citadas, a dopamina atua diretamente na memória, no movimento e no prazer.
Da procriação da espécie chegamos às concepções sobre o amor ao longo da História. E o amor é objeto de busca dos humanos, pois ele tem diferentes significados, entre eles a parceria, cumplicidade, desejo e segurança emocional. É uma forma de reconhecimento, logo de prazer e bem estar. Haja dopamina. (1)
A luta pela sobrevivência é o trabalho diário. Seja matar o javali de outrora, seja criar a ovelha, o frango ou o suíno de agora. Seja plantando as hortaliças ou as árvores frutíferas. É a tecelagem, é a tinta na tela, a bota de couro, o anel de ouro, a impressão do livro, a lição na escola, o toque na viola, o cantar e dançar no sertão. O homem medieval era assim, múltiplo funcional. Construía sua própria casa com ajuda do vizinho, e tinha ao longo do dia diversas tarefas sempre interagindo com a Natureza. Desde a produção do mel ao queijo a granel. Sabia olhar para o céu e prever a chuva ou o vendaval.
A Revolução Industrial (1826), quando a primeira viagem de trem é feita entre Manchester e Liverpool, introduz, no Reino Unido, mudanças radicais na vida social.
A fábrica isola o local da produção, define o produto, equaliza habilidades, abafa a criatividade e cria como recompensa as férias, o salário, o plano de saúde, a carreira profissional e a aposentadoria. Em 2026, duzentos anos depois, o Uber já sinaliza, nada disto existirá. O trabalhador somente terá a participação nos lucros da empresa.
Ou seja, em cada afretamento realizado o motorista ganhará 20%, por exemplo, do lucro da empresa e nada mais. Férias, salários, planos de saúde, seguro de vida e aposentadoria serão aspectos do mundo mecânico, o mundo industrial. Haja mais dopamina. (2)
No exercício da profissão obtemos reconhecimento, recompensa pecuniária e, de novo, o prazer e o bem estar. Mas, nem todos conseguem esta satisfação, pois o homem medieval - multi funcional foi se transformando num homem uni profissional e industrial.
Não por acaso os que fazem e contribuem para transformações históricas são pessoas multi funcionais. Pela inquietação, curiosidade e impaciência.
A mesma Revolução Industrial que precisou e precisa preparar mão de obra específica para as exigências do mercado tratou de burocratizar a Universidade. O que já foi um local de estudos universais, universitas, transformou-se numa empresa de expedição de diplomas.
Na idade média, quando o aprendiz de qualquer profissão, sapateiro, por exemplo, mostrava ser capaz de fazer um sapato como fazia seu mestre, era chamado a ajoelhar-se perante este, e por ele recebia o toque da espada, de ombro a ombro, passando sobre a cabeça, para então ser reconhecido como mestre naquela arte ou ofício. O fazer era parte do saber.
Hoje, na academia, alguns escrevem de 500 a 1.000 páginas, citam outros 100 ou 300 autores para obterem o título de doutor. E obtém. E, o que é pior, acreditam que são doutores.
Sócrates, Platão, Aristóteles, Leonardo Da Vinci, Fernando Pessoa ou Charles Chaplin, não precisaram citar ninguém para presentearem o mundo com suas obras. Tampouco Picasso, Dali ou Miró.
Conhecimento é intuição, observação, experimentação e, eventualmente, comprovação.
O alfabeto tem 26 letras, são sete as notas musicais e sete as cores na refração do prisma, além de dez dígitos numéricos. Isto quase todos sabem. O problema é como organizar as 26 letras na literatura, as sete notas musicais nas canções e as sete cores na pintura. A capa do long play do Pink Floyd é genial por isto. The Dark side of the Moon (1973), mostra as sete cores do prisma e as sete notas musicais. É aula de saber.
Ao saciar a fome e a sede, a dopamina responde imediatamente. A tal ponto que pode inebriar, provocando a sensação de relaxamento tão forte a ponto de induzir ao sono. Os alimentos industrializados, empacotados ou engarrafados, modificam nossa percepção em relação à alimentação.
Lá nos primórdios, dizem algumas teorias, quando estávamos na África e nosso sangue era do tipo O negativo, éramos coletores e caçadores. Éramos nômades. Esgotávamos os recursos naturais numa determinada área e seguíamos para a próxima. Atléticos, corríamos e andávamos mais. Ou para correr do leão ou para abater o búfalo.
Com a descoberta do trigo, sua manipulação com água e sal, fizemos o pão. E, então, a vida passou a ser mais acomodada. Sentamos por mais tempo. Sedentárias formaram-se novas povoações. Mais dopamina.
A agricultura e a domesticação de animais ajudaram na construção das vilas, futuros burgos, consequentes cidades. Novos tipos sanguíneos surgiram e do pão fez-se a massa e com ela a química humana identificou os carbo-hidratos. Mais dopamina, mais bem estar. Mais desenvolvimento cerebral, mais necessidade de recompensa cerebral.
Trabalho, sexo e alimentação são matrizes inerentes, lógicas, necessárias e inevitáveis na caminhada humana. Delas derivam o mundo subjetivo e dele surgem a fé, o amor, a honra, a dignidade e a política que vai organizar o complexo jogo da vida humana associada.
Em todas estas atividades humanas está presente a dopamina. E quando ela não está, as consequências são terríveis. A dopamina é o combustível da vida humana plena. Sem dopamina, instala-se a depressão e outras deficiências psico-neuro-emocionais.
Com a chamada modernidade, as facilidades tecnológicas, a magnífica janela do computador, a telefonia, a cyber magia e a pornografia, a dopamina tem outras gêneses. Não são mais aquelas três fontes primárias.
Criamos uma nova patologia denominada cyber dependency.
O uso de drogas, de todos os tipos e ao longo da História, registra sem estatísticas, porém observável pela medicina, a alteração em nossos cérebros.
O cérebro humano se reorganiza e as fontes geradoras de dopamina são outras.
As drogas provocam a multiplicação da dopamina que é fonte de prazer e, portanto, são provocadoras de mais desejos e de mais quantidades para que produzam mais prazer e bem estar, indefinidamente.
É compreensível, portanto, que num mundo em que já não se sente os efeitos da dopamina da forma primitiva: (1) pela realização do trabalho como conquista e reconhecimento diário e ou (2) pela plena saciedade da fome e da sede, que o ser humano vá buscar as fontes da dopamina em outras bandas.
A dopamina é a grande heroína da História. Pelo menos até agora!






quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Escassez, Política e Ecologia.




Escassez, Política e Ecologia.

Marcos Bayer

No mundo econômico existem o lucro, o logro e o caos. As teorias econômicas relevantes são três: O liberalismo de Adam Smith (1776), o estatismo de Karl Marx (1848) e a intervenção do Estado na economia de John Maynard Keynes (1932) quando o então governador do Estado de Nova York, Franklin Delano Roosevelt, a utilizou para tirar a Bolsa de Valores da crise de 1929 e lastrear sua candidatura vitoriosa à presidência dos Estados unidos. Foi reeleito em 1936, 1940 e 1944.
Em 1950, nós éramos dois e meio bilhões de habitantes no planeta. O mundo vivia a guerra fria e as duas superpotências eram os EEUU e a URSS. A Europa estava sendo reconstruída por causa da destruição da Segunda Grande Guerra e a cortina de ferro estava sendo pendurada. O Vostok só iria levar Gagarin ao espaço em Abril de 1961, Neil Armstrong só pisaria na Lua em Julho de 1969, os Beatles saiam de Liverpol para o mundo e nós ainda não sabíamos o que era fast-food, um MD-11, Sky Lab, Prozac, Lap Top, Megabytes, i phone, botox, ecstasy, Bluetooth e pen drive. Muito menos armazenar na Cloud. Nuvem até então, ou estava no céu ou na cabeça do menino que vivia no mundo da Lua.
O poder político gira em torno das três teorias econômicas acima, criando algumas variações, como o capitalismo de Estado na China moderna, mas nada fora desta lógica triangular.
Em alguns países a prática política é mais ou menos decente. Depende. Países em que a liberdade de imprensa e a sociedade são mais educadas o controle é maior.
Mas, normalmente o jogo político também é um tripé. O poder político decide liberar dinheiro acumulado com sacrifício de todos através de suas instituições, o BNDEs por exemplo, para um conglomerado empresarial, a JBS por exemplo, para financiar a manutenção do grupo político no poder.
O Brasil viveu por vários anos esta trágica experiência. No dizer de Lula, desde as capitanias hereditárias. No dizer de outros, mais recentemente.
Tanto Paulo Guedes, economista e conhecedor da História da Economia, quanto Sérgio Moro, juiz e talvez jurista, sabem o exato funcionamento destas engrenagens de poder. Sob este aspecto, o governo Bolsonaro está muito bem servido. Onyx Lorenzoni, aparentemente um parlamentar com bom trânsito entre seus pares, parece que vai ter que se explicar um pouco melhor em razão das mais recentes planilhas de custos da JBS. Se convencer 100% (cem por cento) estará dentro da meta do presidente eleito.
Aqui em Santa Catarina, a JBS foi financiadora de inúmeros políticos e perdeu a quase totalidade de seus contatos. O catarinense decidiu, com fúria cívica, enterrar os que com caras de anjos sugavam recursos da sociedade com bocas de vampiros.
Sobre o novo governador eleito, muito pouco ainda se pode comentar.
Mas, voltando ao título do artigo, quase chegando ao ano 2020, vemos um mundo com sete e meio bilhões de habitantes. Aproximadamente vinte e cinco milhões de pessoas refugiadas, perambulam entre fronteiras europeias, africanas, árabes ou americanas, buscando trabalho, comida, saúde e educação, pelo menos.
Quando se discute a reforma previdenciária, no mundo inteiro, é dentro deste panorama. Mais longevidade, menos gente na ativa contribuindo para o aposentado. Isto, por si só, estimula o crescimento populacional.
Então, as chamadas carreiras de Estado, como magistratura, diplomacia, fiscais de tributos e renda, promotores, parlamentares e conselheiros de tribunais diversos se protegem atrás das leis que concebem, votam e usufruem.  Não por acaso, no Brasil, a distancia entre o salário mínimo e o salário do ministro é de quarenta vezes. Isto é no mínimo indecência moral. E é assim que o capital subjuga o trabalho. Num mundo onde há cada vez mais capital e menos trabalho. O povo brasileiro, mesmo sem escolaridade suficiente já percebe a hipocrisia dos que falam em seu nome.
Pequenas modificações no comportamento humano mostram duas tendências: (1) A passagem do mundo mecânico de Isaac Newton para o mundo do easy touch, o digital, e suas decorrências. Entre elas a eliminação de postos de trabalho em escala planetária, visto que um homem pode fazer cada vez mais. Mesmo na agricultura, um trator atual tem funções e controles que dispensam o trabalho de outros agricultores.
(2) A otimização dos espaços e custos em todas as áreas da atividade humana. Desde o Uber que ocupa assentos vazios nos automóveis, passando pelo Airbnb que ocupa camas vazias, às compras do e-commerce até às passagens das companhias aéreas que não aceitam mais reservas, mas apenas a venda imediata on-line. Os espaços de co-working são outro exemplo.
Ontem, os telejornais comentavam a abertura de um bordel operado por robôs num país da Escandinávia. Engraçada ou trágica a Inteligência artificial?
Todos estes detalhes alteram o mundo do trabalho. O trabalho humano é habilidade que constrói nossa História como também permite desenvolver ao extremo nossa personalidade. Arbeit, liebe und Gott. Trabalho, amor e Deus, dizem os alemães.
Some-se aos argumentos, o fato de que aproximadamente três bilhões de asiáticos, especialmente chineses e indianos, entraram no mercado mundial nos últimos quinze anos. Isto significa aumento da oferta de mão de obra e consequente diminuição dos valores dos salários em escala global.
Na Índia, em Bangalore, na estrada que dá acesso a maior cidade tecnológica deles, está escrito: From handicraft to cybercraft. Do artesanato à cibernética.
A saída do Reino Unido da União Europeia, mesmo tendo preservado a libra esterlina, é um fechamento de fronteiras para proteger seus súditos.
A vitória de Donald Trump significou o mesmo. Com ou sem Twitter presidencial, os norte-americanos querem de volta seus postos de trabalho.
Vivemos tempos de escassez. Será constante e contínua. Há limites no planeta. As jazidas minerais são finitas, a água potável não é bem cuidada, os espaços prediais ou territoriais, nas cidades, estão cada vez mais caros.
Em alguns países, na Espanha, por exemplo, o custo da energia do imóvel (calefação, refrigeração e iluminação) está se aproximando do custo do aluguel. Isto é outro sintoma de escassez.
Há uma disputa entre desmatar para produzir soja e milho e transformar em ração para alimentar aves e suínos e pastagem para o gado ou preservar as florestas para garantir a vida de outras espécies e a própria água.
Os processos educacionais estão em cheque. Exceto nas tradicionais escolas britânicas. Talvez, ainda, as melhores do mundo.
E no meio deste mundo tão complexo, eu escuto hoje, o ex-presidente da República do Brasil perguntar à Juíza: Doutora eu sou dono do sítio ou não? E ela disse: Isso quem tem que responder é o senhor!










quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O Vento Sul




O Vento Sul
Marcos Bayer

O velho vento vagabundo, vindo do quadrante sul, passou pela Ilha de Santa Catarina e por boa parte de Santa Catarina, como previu Cruz e Sousa, autor catarinense pai do poema. Já no primeiro turno das eleições, varreu do mapa alguns nomes conhecidos do eleitorado barriga-verde.
“Velho vento vagabundo
No teu rosnar sonolento
Leva longe este lamento
Além do escárnio do mundo”
Escárnio que boa parte da classe política fez sobre a população. De tão acostumados ao impróprio, pensavam que passariam incólumes mais uma vez despercebidos.
Alianças tão desconexas, a não ser que seja pelo gosto ao poder, como a de Angela Albino do PC do B com Gelson Merisio e Raimundo Colombo do PSD, quer dizer, do DEM, quer dizer do PFL, quer dizer do PDS, quer dizer da ARENA, não frutificaram.
O povo votou com uma fúria cívica impressionante. Os números finais para a escolha do governador são, em valores percentuais, 71 a 29, pró Moisés, candidato de Jair Bolsonaro e do PSL. Até então, a maior diferença havia sido entre Amin e Paulo Afonso, em 1998, quando o placar foi de 58 a 23, pró Esperidião eleito no primeiro turno.
Parte da imprensa reclama das Fake News. É verdade, elas existem! Mas, as piores fake news são da própria imprensa, ou de parte dela, quando acobertam os diferentes roubos do dinheiro público, seja por licitações viciadas, seja por termos aditivos contratuais, seja pelo que for. E noticiam virtudes que não existem em algumas figuras públicas.
Não há duvida que a tentativa de venda de 49% das ações da CASAN em 2011, rapidamente abortada, mesmo com aprovação da Assembleia Legislativa, influenciou no resultado desta eleição. Através do Whatsapp, circulou a informação de que o “cunhado” teria recebido meio milhão de reais para facilitar os trâmites na ALESC.
Também o governador de então foi citado na delação de Fernando Reis da Odebrecht. O que salvou a pele de alguns foi o deslocamento da matéria do STF para o TSE, em razão da desistência da operação. Salvou a pele, mas não garantiu um novo mandato.
Nem mesmo a ajuda da senadora Ana Amélia Lemos (PP/RS), nossa vizinha e candidata derrotada na chapa de Alckmin (PSDB) alterou o resultado.
“És como um louco das praças
Nos seus gritos delirantes
Clamando a pulmões possantes
Todo o Inferno das desgraças”
O povo resolveu dar um basta!
Não sabemos o que será dos próximos governos nacional e estadual. Mas, os eleitos entenderam o recado das urnas.
O ciclone anunciado, com ventos de 100 km/h, que passaria ontem por Santa Catarina, passou. Foi denominado Gelson. Fraco, não fez marola nem para as baleeiras.
“Que lembras os dragões convulsos
Bufantes, aéreos, soltos
Noctambulamente revoltos
Mordendo as caudas e os pulsos.”
                                                                             Cruz e Sousa

As pessoas não suportam mais a corrupção, seja de que lado for. Os impostores, de ambos os lados, ou de todos os lados, não convencem mais. O cidadão quer serviços públicos decentes, quer agilidade, quer resultados. De uns tempos para cá, governar passou a ser sinônimo de negociata. Desde a compra do cafezinho até a obra de maior porte. A sociedade conectada criou seu próprio mecanismo de informação. Com ou sem fake news, a sociedade digital cria suas próprias pautas.
Com os Blogs, Facebook, Whatsapp, Instagram, Twiter, e outros por vir, cada um de nós será seu próprio jornalista e terá seu próprio jornal. Não há como controlar esta nova etapa da comunicação humana. Está mais do que na hora de compreender que o exercício de mandato ou função pública é honraria e não “lavanderia”.
O próximo governador, Moisés, terá que mostrar serviço e as tábuas da salvação. Caso contrário, não haverá uma nova força política em Santa Catarina. E na sucessão em 2022, teremos na linha da disputa, Jorginho Melo com os votos do MDB, Ângela Amin com sua inegável experiência em dois mandatos na prefeitura da Capital, alguém dos novos ainda não revelados e Esperidião Amin, que poderá ser o presidente do Senado Federal, por mérito ou antiguidade. Ambas as situações lhe cabem.



terça-feira, 23 de outubro de 2018

Hercílio Luz e o Whatsapp







 Hercilio Luz e o Whatsapp
Marcos Bayer

Este artigo é uma homenagem ao Governador Hercílio Luz e a sua neta, Olga Maria. Hercílio construiu a ponte que leva seu nome entre 1922 – 26, sendo que morreu na metade do trabalho. Nem por isto seu projeto foi abandonado e sua equipe concluiu a obra. Em apenas quatro anos, com a tecnologia disponível à época fez o monumento que representa Santa Catarina até hoje. Apesar disto, a ponte está totalmente interditada desde 1991, portanto há 27 anos. Milhões de reais são gastos em suas obras de manutenção e reformas.
Em 1971, num domingo de Março, dia 14, meu pai faleceu em acidente automobilístico na BR 101. No dia seguinte, Colombo Sallles tomava posse no cargo de governador deste Estado. Não sei exatamente porque, comecei a me interessar pela política naquela época. A missão dele era renovar as forças políticas estaduais por determinação do regime militar. Ele, entre outras obras, construiu a primeira ponte de concreto que leva seu nome, ligando a Ilha ao Continente. Neste mesmo ano, tomava posse na Câmara dos Deputados, o Dr. Jaison Barreto, médico oftalmologista formado na Faculdade Nacional do Rio de Janeiro e com especialização na Clínica Barraquer em Barcelona.
Antonio Carlos Konder Reis sucedeu Colombo Salles, em 1975, indicado pelos militares e reinaugurou a fase política em que se alternavam os Ramos do PSD e os Konder Bornhausen da UDN, como fora de 1946 até 1964 com o golpe militar. Aderbal Ramos da Silva foi o primeiro governador depois da ditadura de Getúlio Vargas, foi sucedido por Irineu Bornhausen, depois por Jorge Lacerda que quebrou a hegemonia dos dois grupos políticos. Seu vice Heriberto Hulse concluiu o mandato em razão do acidente aéreo que tirou sua vida e também as de Nereu Ramos e Leoberto Leal. Em 1961 Celso Ramos é eleito governador e funda o BESC.
O Banco do Estado de Santa Catarina era um contra ponto do PSD ao Banco Indústria e Comércio da UDN.
Celso é um grande animador da agropecuária, e pelas mãos de Glauco Olinger e Luiz Carlos Gallotti Bayer fez-se uma revolução na agroindústria catarinense, liderada pela Sadia e Perdigão, no sistema integrado de produção com financiamento subsidiado do BESC. Ivo Silveira, eleito pelo voto direto e secreto, governa o Estado numa composição PSD/UDN. Nascia a ARENA, Aliança Renovadora Nacional, para dar suporte político aos militares.
Konder Reis, construtor de estradas, impecável no trato da coisa pública, foi o primeiro governador a se preocupar com a restauração do patrimônio histórico e arquitetônico. Sua sucessão foi disputada indiretamente, em 1978, por seu primo Jorge Konder Bornhausen e Victor Fontana. Ambos estavam inscritos na ARENA, mas Victor era do PSD, mesmo partido de seu tio Attílio, fundador da Sociedade Anônima Concórdia, a Sadia. Com a participação de Golbery do Couto e Silva, Jorge foi o escolhido.
Em 1975, Esperidião Amin havia sido escolhido prefeito da Capital pelo governador Konder Reis, após consultar o PSD do Doutor Deba.
Em 1978, Antônio Carlos Vieira, o Vieirão, através de sua influência na estrutura da Secretaria de Fazenda, elege dois deputados: Gilson dos Santos (estadual) e Esperidião Amin (federal).
Jaison Barreto, no mesmo ano, é eleito Senador da República pelo voto direto, numa das campanhas mais vibrantes da história catarinense. Jaison era a voz da liberdade, da valentia, da democracia e da fraternidade. Formou, pela postura política, inúmeros jovens. Era o que o MDB tinha de mais autêntico.  Levou como suplentes Dejandir Dalpasquale e a lageana Maria Shirley, a primeira mulher catarinense a ocupar a tribuna do Senado.
Foi nesta eleição que um jornalista de nome relativo à árvore frutífera de clima temperado, em troca de cargo vitalício no Tribunal de Contas, passa a ser o porta voz do poder. Não importa quem esteja no poder.

Jorge Bornhausen destacou-se por duas iniciativas: a lei do pó de giz que gratificava as professoras que desejassem voltar às salas de aula para o ofício do magistério e a construção do Centro Integrado de Cultura - CIC, um marco na história da Capital e que graças ao fotógrafo Gilberto Gerlach, a cidade pode assistir aos filmes que transitavam fora do circuito comercial. Aproveito para agradecer, publicamente, ao então governador a oportunidade de estudar nos EEUU nos anos de 1981 e 1982, autorizando meu afastamento do serviço público.
Jorge Bornhausen, candidato ao Senado, lança Esperidião Amin e Victor Fontana, agora pelo PDS, para o governo em eleições diretas.
Jaison Barreto e Pedro Ivo Campos são os adversários pelo MDB. Perderam nas urnas ou pelas urnas. Até hoje o resultado é controvertido. Há versões distintas.
Amin enfrenta as enchentes de julho de 1983, são 200 mil desabrigados. Isenta do pagamento de ICM os empresários que não demitissem os trabalhadores, participa das operações de resgate e ganha o respeito de pessoas que continuaram a trabalhar. Viu que o desespero maior do ser humano é não ter trabalho e não poder se sustentar. Nas eleições de 1998, quando foi novamente eleito governador, recebeu de Blumenau uma votação retumbante como forma de gratidão. Pavimentou a Serra do Rio do Rastro e instituiu o programa agrícola chamado Troca – Troca, onde o agricultor recebe a semente e paga com o produto cultivado, privilegiando o trabalho ao invés do capital.
Em 1984, com a exaustão do regime militar, o movimento por eleições diretas toma conta do Brasil. Diretas Já. Amin monta o palanque em Florianópolis. Jaison sobe nele com Ulysses Guimarães e outros. Começa a aproximação entre ambos. O movimento empolga jovens, artistas, intelectuais e brasileiros de todos os naipes. Incentivado pelo senador Jaison Barreto, numa palestra no auditório do Tribunal de Contas, resolvi, por questão ética pedir demissão no serviço público e me inscrever no PDT, na Assembleia Legislativa, pelas mãos do governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. No ano seguinte, 1985, Brizola – Jaison – Amin, criam a AST – Aliança Social Trabalhista para disputar a Prefeitura de Florianópolis, na primeira eleição direta depois do fim do regime militar.
A emenda parlamentar Dante de Oliveira não passou, houve então o Colégio Eleitoral que escolheu Tancredo Neves para a presidência do país.
Tancredo adoeceu, não tomou posse em 15 de Março de 1985 e morreu em 21 de Abril. José Sarney, o vice, tomou posse indicado na chapa pela Frente Liberal. A Frente Liberal foi uma dissidência do PDS, liderada por Jorge Bornhausen, Sarney, ACM, Guilherme Palmeira, Marco Maciel e outros nomes do cenário nacional.
Quando a AST definiu seu candidato, Francisco de Assis, deu para perceber que a renovação não era para valer. Muito menos com Maneca Dias de vice.
Do outro lado estavam Edison Andrino pelo MDB, Jorge Lorenzetti pelo PT, Enio Branco pelo PFL, Vilson Rosalino pelo PCB e José Ortiga pelo PTB.
Inconformado, criei junto com a Olga, o PDT-Livre. Eram dois cabos de vassoura, cada um de nós segurava um, esticando uma faixa de pano branco com letras vermelhas: PDT-Livre. Com o passar dos dias a dissidência foi aumentando, apoiamos o Andrino até a vitória. O PFL descarregou seus votos no Edison. Acho que o PT e o PCB também.
Como era bom fazer política por amor à arte.
Andrino achou que tivesse ganhado sozinho. Foi engolido pelo PT. Conseguiu fazer o Terminal Cidade de Florianópolis, criou o Polo do Vestuário por inspiração da Dona Ninita Muniz, empenhou esforços para tombar o prédio dos Correios na Lagoa da Conceição por inspiração da Associação Costa Leste, construiu os abrigos para as embarcações dos pescadores nativos e retirou o lixão (aterro sanitário) que ficava ao lado do cemitério no Itacorubí.
Em 1986, Pedro Ivo ganha as eleições para o governo e faz dois senadores: Wedekin e Dirceu Carneiro. Pedro constrói a segunda ponte de concreto e que levará seu nome quando inaugurada por Casildo Maldaner, seu vice e sucessor. Maldaner em Agosto de 1989, durante 17 dias, deu a volta ao mundo tratando de interesses de SC. Começou por Tokyo, Aomori, Nova Delhi, Berlim Ocidental e Oriental, Praga, Paris, Madrid e Lisboa. Em Novembro daquele ano o Muro caiu. Wedekin foi para o PDT e Dirceu Carneiro para o PSDB.
Em 1988, Andrino perdeu as eleições para Amin eleito, Bulcão Prefeito. O PDS e o PFL estavam juntos novamente.
Chega a eleição de 1990 e o PMDB não tem candidato. Paulo Afonso é indicado pelo Dr. Saulo Vieira, um dos fundadores do partido e seu mais eficiente articulador. Amin se elege senador e Kleinunbing governador. Novamente o PDS e o PFL juntos.
Em 1994, FHC é candidato à presidência e não tem um palanque em Santa Catarina. Jorge Bornhausen que já havia sido Ministro da Educação de José Sarney, Secretário de Governo de Fernando Collor e consolidado sua liderança no Senado Federal, na bancada do PFL resolve disputar o governo estadual. Amin decide disputar também a presidência, na mesma eleição em que estavam Brizola, Lula, Quércia e Enéas.


Em Santa Catarina, quebrou-se a aliança PDS/PFL. Paulo Afonso correu pelo PMDB, Ângela Amin pelo PPR, Jorge Bornhausen pelo PFL e Nelson Wedekin pelo PDT. No segundo turno PMDB – PFL – PDT se juntaram e venceram Ângela.
O governo Paulo Afonso foi marcado por uma intenção municipalista, pelo affair das Letras do Tesouro e pelos Precatórios. Seu governo quase foi derrubado por um processo de impeachment. Atrasou a folha de pagamento dos salários do funcionalismo em três meses. Seus auxiliares mais próximos não eram do velho MDB.
Em 1996, Ângela Amin se elege prefeita da Capital. Derruba o PT, PFL, PMDB e o PSTU. A cidade nas vésperas da votação estava repleta de bandeiras vermelhas em suas principais esquinas. Mas, a grande parte da população permanecia em silêncio. Era a vitória esperando a hora de se revelar. Na ocasião escrevi um artigo: Ângela Catarina, publicado no jornal O ESTADO. Recebi um telefonema de seu marido convidando para um café que só aconteceu três ou quatros meses depois. Em Março de 1997, me foi proposta uma assessoria pelo senador. Achei estranho, mas não recusei.
Em 1998, Amin e Bornhausen se reaproximam e reeditam a aliança de 1982. FHC é reeleito. Paulo Afonso termina sua carreira política precocemente. Depois disto, mais tarde, chegou a assessorar o vice-presidente Temer.
Amin realizou em seu segundo mandato a iluminação da Serra do Rio do Rastro e da Serra da Dona Francisca. Pelas mãos competentes do Vieirão, reorganizou as contas públicas, inclusive junto ao BIRD/BID onde o Estado estava sem crédito pela inadimplência do governo anterior. Não se podia nem construir rodovias, pois este dinheiro faz parte de um programa específico e que todos os governadores usam como se fosse um mérito pessoal. O programa micro bacias é desenhado para os países subdesenvolvidos dentro da lógica de que a rodovia escoa produção, integra as comunidades e promove o desenvolvimento. Exatamente como foi feito no Império Romano em toda a Europa. Amin executou uma política externa, incisiva e múltipla, ampliando as exportações de carne suína e aves para a Rússia e Golfo Arábico. Abrigou em Santa Catarina investimentos como a Usinor da França, a Marcegaglia da Itália e a Cebrace Vidros Planos, uma joint venture entre a França e o Japão. Foi o momento mais fecundo do Estado na área externa. Foi um governo tranquilo, com Celestino Secco administrando possíveis crises de praxe.
No ano 2000 Ângela Amin se reelegeu prefeita. Foi o apogeu político dos Amin. A capital e o Estado estavam sob a mesma orientação partidária.
Em 2002 Amin não se reelege por menos de meio por cento. Começa a era Luiz Henrique da Silveira. Não se sabe ainda quais as realizações de LHS. Mas, o metro de superfície na capital, a reforma e a entrega da Ponte Hercílio Luz, as SDRs – Secretarias de Desenvolvimento Regionais, denominadas de “Cabides de Emprego” por Raimundo Colombo, parecem ter sido as mais célebres. Na ânsia de ser recebido por algum Rei, querendo superar seu antecessor, tentou encontro com Juan Carlos da Espanha, mas não vingou. Tentou então, o Presidente do Governo, mas também não deu certo. Acabou jantando como o Roberto Carlos, jogador brasileiro que jogava à época no Real Madrid. Para um país que aprecia o futebol, até que não foi tão mal assim.
Mas, o fato mais marcante foi a prisão pela Polícia Federal de Aldo Hey Neto, em Outubro de 2006, entre as eleições de primeiro e segundo turno. Aldinho como era chamado, consultor tributário encarregado de soluções contábeis foi algemado dentro do Centro Administrativo e em seu apto foram encontradas diferentes moedas, entre elas dólares e euros.
LHS concebeu o que ele chamava de La Grande Concertación, cujo tripé político era a aliança PMDB – DEM – PSDB.
Este projeto o fez duas vezes governador e uma vez senador. Levou Raimundo Colombo ao Senado e duas vezes ao governo. Colombo também prometeu entregar a Ponte Hercílio Luz pronta e acabada. Fez de Paulo Bauer senador.
O resultado de La Grande Concertación nós vimos em 2018. A primeira parte foi no primeiro turno. A segunda parte virá no próximo domingo.
No tempo do Hercílio Luz a palavra dada valia e a eleição era vencida no discurso político. Com o passar do tempo, a palavra do político foi valendo cada vez menos. Até que chegamos às campanhas eleitorais pelo whatsapp, onde podemos verificar o que foi dito e contra dito. O que foi feito e contra feito.




segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sístole e Diástole

Marcos Bayer

 Assim como Fernando Collor e seu pequeno PRN - PARTIDO DA RECONSTRUÇÃO NACIONAL, agora, Jair Bolsonaro e seu pequeno PSL - PARTIDO SOCIAL LIBERAL, vencerá a eleição presidencial. Ambas vitórias, em 1989 e 2018, demonstram uma grande repulsa do eleitorado com as mesmas práticas, a corrupção e a inércia de sempre.
  
    Collor venceu contra os marajás do serviço público. Bolsonaro vencerá contra a insegurança. A corrupção deve continuar porque é inerente ao comportamento humano. Será maior ou menor a depender da composição do poder.  

   Assim como Collor abriu a economia, Bolsonaro terá que tratar da previdência, dos tributos, dos juros e da reforma partidária. Quanto mais tempo passa, mais as pautas se acumulam. 

   Os grandes derrotados são PSDB e PT. Os outros não existem mais.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Principia Mathematica

Marcos Bayer

O título é uma homenagem a Isaac Newton pelos seus estudos de física e mecânica, além de tantas outras hipóteses que lhe passaram pela cabeça.
 
   A mecânica é inerente ao homem e aos animais. O movimento das estruturas ósseas, desde o cavalgar dos cavalos - nosso primeiro automóvel terrestre - até o movimento das asas que lançam os pássaros no espaço. Sem esquecer a mecânica do nadar dos peixes, aos trejeitos das baleias.
 
   Até aprendermos a forjar o ferro, a ossatura e a madeira moviam o mundo.
   Com a mecânica industrial, recente na História humana, entramos numa fase onde a tração tem mais potência.
   Os passos do cavalo se transformam em HP (Horse Power) dos motores movidos a vapor ou a petróleo.
 
   Este grande mundo mecânico industrial nascido no século 19 está sob intensa transformação no século 21.
   Em vários processos a força mecânica é transformada em leveza digital. TOUCH SCREEN. O leve toque na tela, como faço agora, neste momento.
   O mundo digital é mais silencioso, mais frio, mais solitário e mais próximo - distante.
 
   Não tenho capacidade, nenhuma, de prever o futuro.
Mas, minha intuição diz que o mundo virtual será um refúgio psico - emocional para o mundo real. 
   E o confronto interno em cada ser humano será encontrar o equilíbrio entre os movimentos mecânicos e o toque suave da ponta dos dedos. Como na Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera.