Não saberia dizer se algum sociólogo ou antropólogo poderia confirmar. Mas, minha sintética tese sobre a passividade e a convivência do brasileiro com a corrupção deve vir dos tempos da colonização. Primeiro, claro, com a doação das capitanias hereditárias. Este argumento já foi bastante explorado, especialmente pelo MDB, no movimento político contra a ditadura.
No entanto, afora os favores que a política sempre concedeu aos aliados circunstanciais, imagino que possa haver um fator psicológico secular. Fator este que é pré-freudiano e pré-psico qualquer coisa.
Imaginem a casa grande e a senzala. O homem branco, bem casado, sempre olhava para uma das negras, solteiras ou casadas, que estavam à disposição da sua vontade, realizando trabalhos domésticos ao longo do dia. Numa determinada hora, criava-se uma situação em que o ato era consumado. Passados nove meses, nascia um mulatinho. Logo se percebia que a pele e os cabelos eram de uma cor que denunciava o casal genitor.
Aí se criava aquele clima de cumplicidade e ou conveniência entre os membros da família, dos vizinhos e do vilarejo. Todos sabiam que aquela criança não podia ser filha de pais brancos ou de pais negros. Havia uma mistura de raças. Mas, para o bem-estar geral e garantia de privilégios, todos consentiam.
Não estou tratando de preconceito racial ou de diferença de classe social. Estou falando desta habilidade brasileira de conviver com o ladrão bem vestido, às vezes portador de mandato popular, outras vezes togado ou autodenominado empresário.
Todo mundo sabe que a criança é filha do homem branco com a mulher negra, mas ninguém fala.
Pode vir daí esta complacência que o brasileiro tem com a corrupção.
Engraçado é que no Brasil colônia não havia imprensa. Agora há...
terça-feira, 17 de maio de 2011
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