Ubuntu, Mandela...
Marcos Bayer
A Humanidade parou para assistir ao funeral de Nelson
Mandela. Claro que a tecnologia de comunicação ajudou na difusão do espetáculo,
mas a essência de Mandela foi maior.
A África deu ao mundo o maior político da era moderna.
Resistente, determinado, inteligente, negro, pobre e preso foi sempre o mestre de seu destino e capitão de sua alma,
inspirado pelo poema Invictus, de William Ernest Henley.
Uniu pessoas de todas as cores pela via política. Lutou,
inclusive com armas, para garantir a paz. Fez da África do Sul uma nação de
tolerância racial e ensinou a dignidade política. Elevou a atividade política
aos picos mais altos da possibilidade humana. Foi um gigante risonho e firme
que dizia: ”Algumas coisas sempre parecem impossíveis até que sejam realizadas”.
Morto, encheu um estádio de esportes com mais de 90 mil
pessoas dançando e celebrando sua vida, sob a chuva da África. Sua obra foi a
libertação e a elevação da dignidade humana. A África do Sul continua com
vários com problemas. Compete aos seus sucessores a resolução. Ele fez a obra
maior.
Teve a humildade de pedir: ”Não me julgue pelo meu sucesso,
me julgue por quantas vezes eu caí e voltei de novo”.
Barack Obama, num discurso magistral, disse: Mandela nos ensinou não apenas o poder da
ação, mas o poder das ideias. A força da razão, dos argumentos. A necessidade
de estudar não apenas aquele com quem você concorda, mas aqueles de quem você
discorda... Finalmente Mandela compreendeu os nós que unem o espírito humano...
Há uma palavra na África do Sul: Ubuntu.
Uma palavra que captura o maior presente de Mandela. Uma unicidade nos homens.
Conquistamos a nós compartilhando com os outros, cuidando dos outros...
Mandela é um exemplo político para estes amadores que rapam a
nação brasileira, pobres corruptos que nada mais possuem a não ser dinheiro,
quase todo roubado. Iletrados com diplomas, ignorantes informados, insensíveis
envergonhados, imbecis desqualificados...
”A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para
mudar o mundo”, ensinava ele.
Mandela carregava em si o espectro humano. E repetia o poeta:
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado-a-lado
Eu agradeço aos deuses que existem
Por minha alma indomável
Ubuntu, Madiba...
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