segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A escala humana

A escala humana é a medida matemática necessária ao entendimento das formas pelas quais os homens podem e devem ocupar os espaços: a volumetria. Um homem pode medir até dois metros de altura.
Ao longo da história da civilização, as obras monumentais foram e são referências arquitetônicas para a humanidade. A Acrópole em Atenas, o Coliseu em Roma e a Muralha da China entre outros. As cidades-estado, assim como os pequenos burgos eram construções horizontais. Algumas nas planícies, outras nas encostas das montanhas ou à beira dos rios, lagos e mares.
Até o inicio do século 20, vivíamos dentro da escala humana, no que se refere às formas de habitação e consumo de bens duráveis.
Porém, na medida em que a engenharia possibilitou a construção vertical, contribuiu decisivamente para os chamados aglomerados urbanos.
Na Europa, certamente por razões de conservação do patrimônio histórico e arquitetônico, a verticalização das construções não proliferou tanto quanto nas Américas e em algumas regiões da Ásia. É nítida a diferença entre Londres, Paris, Madrid ou Atenas, de um lado, e do outro, Nova York, São Paulo, Buenos Aires (em parte), Singapura, Hong Kong ou Tókio.
O fato é que com ou sem a verticalização nas construções, as cidades cresceram, algumas se tornaram metrópoles, onde a impessoalidade, a violência, o confinamento e o concreto são características marcantes.
A explosão demográfica ocorrida nos últimos cinqüenta anos, com a triplicação da população mundial foi um fator decisivo para a constituição destes núcleos hiper povoados.
Vários arquitetos, sociólogos e planejadores urbanos tentam amenizar a vida nas cidades. A revitalização urbana com animação e motivação das comunidades dos bairros das polis é a palavra de ordem.
De um lado, há um clamor generalizado pela simplicidade de viver e pelo reencontro com a natureza.
Do outro, o mercado, através da mídia, impõe novos conceitos de consumo, postura e lazer. São, por exemplo, os novos prédios verticais com áreas de uso exclusivo de até duzentos metros quadrados, com varandas e churrasqueiras onde não cabem mais do que cinco pessoas. É a chamada casa de campo no oitavo andar.
Quando nos demos conta do chamado progresso urbano ocorrido a partir da segunda metade do século 20, descobrimos que havia habitantes solitários das mega-cidades vivendo em maciços de concreto de até setenta metros de altura, quase todos em regime de confinamento espacial.Percebeu-se que estávamos fora da escala humana e que várias das neuroses, entre elas a solidão, eram decorrentes daí. A humanidade, então, passou a dormir com um desejo inconsciente: “Talvez um dia você encontre meu rosto no meio da multidão”.

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