segunda-feira, 12 de novembro de 2007

The supermarket

Quando surgiu a palavra, provavelmente nos anos sessenta do século passado, foi para designar o centro de compras, coberto e climatizado, onde diversos produtos de diferentes origens podiam ser comprados pelos consumidores em geral. Para os norte-americanos, seus construtores, foi uma revolução no comportamento social. Sair de casa ou do trabalho dirigindo seus espaçosos e potentes automóveis para exercitar um novo verbo: go shopping.
E foi assim, exatamente assim, que a sociedade norte-americana invadiu o mundo ocidental. Introduzindo o conceito de supermarket. Hoje, até no Oriente este conceito conquista crescentes espaços.
Quem tem dinheiro participa desta nova sociedade de consumo. Quem não tem rouba, mata ou fica de fora. Os meios de comunicação, as mídias power, estimulam o consumo desvairado, criando conceitos como a satisfação ilimitada. Tudo agora tem que ser fashion. Não se sabe exatamente o que é isto. Mas, é importante sê-lo.
Em nome deste supermarket mudou-se a história do planeta. As tecnologias são usadas cada vez mais para incrementar o consumo desnecessário, ao invés de recuperar a sanidade ambiental.
A civilização global não sabe desfrutar aquilo que a natureza nos oferece. Ao contrário, a destrói cada vez mais rápido.
O capitalismo, sistema econômico baseado na sociedade centrada no mercado, expurga muito mais do que absorve.
Os que têm mais do que seus semelhantes isolam-se em fortalezas inexpugnáveis defendendo-se dos bárbaros: aqueles que não têm.
Não há uma intenção governamental de gerar oportunidades de trabalho e renda para os governados. Os governos, ditos modernos, seguem a mesma ética capitalista das empresas, a busca incessante pelos lucros.
Cabe então perguntar: Qual a lógica do mercado?
Diminuir para excluir ou aumentar para incluir?
O homem, perplexo, vê a ruína social e dela participa.
Primeiro criamos a sociedade descartável, agora a comunidade rejeitável.
Os que têm dinheiro e podem consumir não mais se interessam pelos outros, a não ser enquanto eles possam ser consumidores.
Para todo empreendimento faz-se a viabilidade econômica. The master plan.
Não se ouve mais falar em viabilidade humana.
A venda dos direitos de uso de cotas de carbono, o direito de comprar espaços para poder poluir em outros, e os termos de ajustamento de conduta, são dois dos mais recentes absurdos do chamado direito ambiental.
Todo o humanismo é comercializável.
O mercado criou a idéia de que não há limites para a satisfação. Talvez, e não por acaso, Mick Jagger seja um dos ícones da segunda metade do século XX, quando canta: I can get no satisfaction...

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