domingo, 22 de novembro de 2015

En rodelitas, señora...





En rodelitas, senõra...


Aproximava-se o verão e os argentinos começavam a chegar à Ilha de Santa Catarina. Era a década de oitenta do século XX, o câmbio era favorável aos vizinhos do Rio da Prata e, por isto, eles inundavam nossa cidade.
Duas argentinas de meia idade, muito bem falantes e curiosas chegaram de táxi ao Oliveira, o mais tradicional restaurante da Lagoa da Conceição.
Chamaram pelo garçom, e, imediatamente, foi designado o Ademir, por sua grande capacidade de compreensão de vários idiomas.


Solicitaram a ele o cardápio, leram, pensaram e após um breve olhar, perguntou uma delas: señor, por favor, como son las lulas à dore?

Ademir não se fez de rogado. Imediatamente largou os outros cardápios que estavam sob sua axila, colocando-os sobre a mesa, e utilizando-se das duas mãos, juntou a ponta do dedo indicador à ponta do polegar, formando aquela famosa circunferência já conhecida de todos os brasileiros. Com o indicador da outra mão girava sobre a circunferência recém construída, dizendo:


En rodelitas senõra, en rodelitas...








(Da convivencia com o pessoal do Oliveira na Lagoa da Conceição)

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