En rodelitas, senõra...
Aproximava-se o verão e os argentinos começavam a chegar à Ilha
de Santa Catarina. Era a década de oitenta do século XX, o câmbio era favorável
aos vizinhos do Rio da Prata e, por isto, eles inundavam nossa cidade.
Duas argentinas de meia idade, muito bem falantes e curiosas
chegaram de táxi ao Oliveira, o mais tradicional restaurante da Lagoa da
Conceição.
Chamaram pelo garçom, e, imediatamente, foi designado o Ademir,
por sua grande capacidade de compreensão de vários idiomas.
Solicitaram a ele o cardápio, leram, pensaram e após um breve
olhar, perguntou uma delas: señor, por favor, como son las lulas à dore?
Ademir não se fez de rogado. Imediatamente largou os outros
cardápios que estavam sob sua axila, colocando-os sobre a mesa, e utilizando-se
das duas mãos, juntou a ponta do dedo indicador à ponta do polegar, formando aquela
famosa circunferência já conhecida de todos os brasileiros. Com o indicador da
outra mão girava sobre a circunferência recém construída, dizendo:
En rodelitas senõra, en
rodelitas...
(Da
convivencia com o pessoal do Oliveira na Lagoa da Conceição)
Nenhum comentário:
Postar um comentário